segunda-feira, 1 de julho de 2013

Manifesto para Viabilização de Bicicleta Municipal

Neste momento de tantas manifestações vale contar de novo uma velha história.
Manifestos para Viabilização de Bicicletas vêm sendo entregues a candidatos a Prefeito do Município de São Paulo desde a década de 90. O texto abaixo é a versão entregue para a eleição de 2004, já com tinta do incrível Sérgio Luís Bianco, bom amigo de todos, sonhador e lutador por uma cidade mais justa para todos modais de transporte.
O mesmo documento era de conhecimento de muitos dos integrantes que fizeram o Plano Diretor do Município de São Paulo na administração Marta Suplicy. Sérgio, um dos que assinou o Projeto de Governo de Marta Suplicy (dentre outros candidatos petistas) quando de sua eleição, entregou pessoalmente o documento e mais algumas propostas que foram simplesmente engavetadas. Se saiu algo sobre bicicletas no documento final deste Plano Diretor foi por conta de Fernando Vecchia, que a poucos dias do fechamento dos trabalhos chamou atenção de maneira mais forte para o esquecimento. Durante os trabalhos por mais que Sérgio tentasse não foi ouvido. Tive a péssima experiência de ter participado com Sérgio em algumas reuniões de órgãos da Prefeitura e afirmo que o tratamento dado a Sérgio, ou às demandas da bicicleta, como queiram, foi, por assim dizer, desagradável, desprezível, dispensável. Logo em seguida Sérgio entraria em depressão, seguida de derrame e morte. O Brasil e a bicicleta perdeu uma figura maravilhosa.
Janaina Ab Saber, Sérgio Bianco, Ana Maria Hoffman, Meli Malatesta fazendo vistoria técnica em Engenheiro Marsilac



Manifesto para a Viabilização do Uso de Bicicletas e outros Modos de Transporte Não Motorizados para o Município


POR UMA POLÍTICA MUNICIPAL PARA NÃO MOTORIZADOS




Sobre o número de ciclistas e bicicletas nas cidades brasileiras


A bicicleta deixou de ser só um meio de lazer, esporte ou brinquedo e se tornou definitivamente uma opção de transporte.


Nestes últimos anos o número de ciclistas circulando pelo Município não pára de crescer, seja por questões de praticidade, economia ou por causa das deficiências do transporte público. Cresce seu uso, independente da faixa etária, sexo, condição social, econômica e da ausência do Poder Público no implemento de melhorias e ordenamento garantido em Lei.


Há uma imensa demanda reprimida de usuários da bicicleta, o que pode ser comprovado nos fins de semana, quando a frota de bicicletas na rua aumenta sensivelmente. Somente um terço das bicicletas existentes no país saem às ruas.

 

Sobre o traçado urbano e a topografia, e o uso da bicicleta:

 

O trânsito denso e pesado na cidade está concentrado em avenidas e vias expressas específicas o cria ilhas de tranqüilidade no interior do bairro, o que pode ser usado como excelente opção de caminhos alternativos voltado para ciclistas e outros não motorizados.

 

A desculpa da topografia acidentada já não constitui problema porque a maioria das bicicletas é dotada de marchas, o que permite vencer com certa facilidade até aclives acentuados. Isto faz com que o padrão técnico de declividade para uso de bicicletas existentes hoje seja outro.

 

A bicicleta é veículo ideal para pequenas e médias distâncias, muito eficiente até 4km. Tem uma média de velocidade urbana entre 12 e 18km/h, dependendo do número de semáforos. Sua aceleração e manutenção de velocidade tornam incompatível o convívio do ciclista com trânsito de vias expressas. Portanto é dentro dos bairros e suas ruas tranqüilas onde há a situação mais apropriada para estabelecer o uso da bicicleta.

 

Pensada com inteligência a bicicleta traz notáveis benefícios para o seu usuário, para a comunidade local e para a economia da cidade como um todo. Bicicleta abre as portas para um desenvolvimento urbano mais justo para todos os outros não-motorizados.

O uso da bicicleta transforma e educa para a vida.

 

A vida do ciclista e dos não-motorizados hoje

 

Não resta dúvidas que o uso da bicicleta está e continuará crescendo, independente da presença ou vontade dos Governos, o que positivamente não é uma situação ideal.  A conseqüência disto está nas poucas estatísticas que mostram o aumento de problemas.

O descuido beira o inaceitável.

Não é de interesse dos ciclistas e menos ainda de toda sociedade que, por descaso do poder público, haja mais um veículo gerando conflitos em vias que já estão no seu limite.

Esta situação pode apagar a imagem simpática que a bicicleta ainda tem, o que só faria piorar a situação.

 

Pela ordem e o progresso respeitando todos direitos.


 

Urge respeitar direitos e cumprir a Lei, fazer presente o poder público em suas obrigações com relação aos ciclistas e todos demais não-motorizados.

É conveniente abrir canais de comunicação e obter colaboração de ciclistas e outros não-motorizados experientes para a solução dos problemas.

 

Quem não usa veículos motorizados se encontra abandonado. É necessário rever a política de transporte para que esta inclua e integre todos os modais de transporte.

 

Infelizmente, parece ser necessário lembrar que todo cidadão tem direito à mobilidade, ao compartilhamento do espaço destinado ao trânsito, à saúde pública, à redução de acidentes, à preservação do meio ambiente, enfim, ao respeito e a dignidade.

É absolutamente impossível continuar negando a existência da bicicleta, do ciclista, do cadeirante, do deficiente, do pedestre e de todos outros não-motorizados.

 

 

Por uma política de trânsito democrática.

 

Pela criação de uma política de mobilidades amplamente inclusiva.

 

 




 Pontos básicos de reivindicação:

 

Para todos:

1.    pedestres!: lembrar sempre que nós todos somos pedestres!

2.    iniciar política voltada para todas as mobilidades.

3.    respeitar os direitos de menores, idosos e não motorizados

4.    inclusão em curto prazo de deficientes (15% da população)

 

Para o estímulo ao uso da bicicleta:

  1. Levantamento geral da situação atual:
  2. Mapeamento feito sob o ponto de vista do ciclista
  3. Campanha Educativa
  4. Educação para o Trânsito voltada para Crianças e Adolescentes
  5. Bicicletários, pára-ciclos e estacionamentos
  6. Criação de órgão responsável pelas bicicletas e não-motorizados para o Município e área Metropolitana
  7. Dar treinamento específico para policiais e técnicos
  8. Criação de Polícia-ciclística
  9. Formação de orientadores / professores de segurança ciclistas
  10. Banco de dados específico
  11. Contato com entidades representativas de motorizados
  12. Rever Leis e tomar providências necessárias
  13. Levar em conta todas alternativas - não restringir-se a ciclovias
  14. Planejamento e execução de projeto melhorias: Ciclorede
  15. Colocar na rua orientadores / professores de segurança no trânsito voltados para o ciclista comum, que trabalhem pedalando e vivenciando os problemas da bicicleta > educação + pesquisa = banco de dados = segurança = menor custo
  16. Cadastramento e controle imediato das bicicletas profissionais – bicicletas de carga / entrega, definindo responsabilidades.
  17. Criar facilidades em estradas que cortam o Município.
  18. Criar áreas de treinamento esportivo
  19. Definir responsabilidade legal sobre a criança ciclista e uso de calçada
  20. Definir regras de uso em parques e espaços públicos

 




 

 

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