quarta-feira, 28 de maio de 2014

parafusos e porcas de bicicleta anos 70 ou 80

Estou restaurando uma bicicleta brasileira da década de 70 e um dos parafusos está espanado. Fui comprar um novo e não consegui encontrar um igual. Porque?
VB.
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VB, bom dia. 
Hoje em dia é obrigatório o uso de padrão métrico. Naquela época valia métrico e polegadas e os fabricantes podiam escolher o que bem entendessem, desde que respeitando o projeto. O parafuso que você está procurando provavelmente é polegada, mas pode ser algo semelhante, o que com certa frequência acontecia. A qualidade dos parafusos era ruim, algumas vezes péssima. O grau de precisão era baixo e material empregado fraco, para dizer o mínimo. É muito fácil espanar ou mesmo partir um parafuso destes. Não é difícil que o parafuso não dê o aperto correto e tenha que ser constantemente reapertado. Eu tive que aprender a apertar delicadamente nesta época, o que me vale até hoje.
Para se ter ideia da bagunça, conto uma de minhas histórias de vida. Data: aproximadamente 1982. Na rua Horácio Lafer, quase esquina com a rua Clodomiro Amazonas, tinha uma grande casa de parafusos e ferragens. Um dia estou no balcão esperando os parafusos que havia pedido e entra um dos diretores da Caloi, quem eu conhecia bem, e pede um determinado parafuso. Achei estranho por que ele fez que não me viu. O atendente disse que aquele parafuso ele não tinha. "E o que você tem parecido?" "Só em rosca grossa em polegada", respondeu o atendente. Até ai tudo bem. Para meu espanto o diretor pediu todo estoque de parafusos da loja, mesmo sendo uma medida completamente diferente da desejada. Descobri depois que por um problema de entrega do fornecedor de parafusos a fábrica teve comprar o que estava disponível no mercado, o que até pode acontecer, em princípio não tem nada de anormal. Vira problema quando há mudança da especificação de projeto, principalmente quando o parafuso tem uma função importante para a segurança da bicicleta. O trabalho mecânico de milímetro e polegada quando há carga e vibrações é completamente diferente, quase antagônico. Mas assim que eram fabricadas quase todas as bicicletas das décadas de 70 e 80, a pior fase de qualidade da bicicleta.

Para terminar; quando se trabalha numa bicicleta destas é bom usar uma chave inglesa de boa qualidade por que as porcas nunca vão casar perfeitamente com as chaves fixas. Tipo assim: a 14 mm vai casar bem num lado da porca e vai sobrar noutro. O parafuso 3/4 não é bem 3/4, mas algo próximo ao 5/8... E assim vai. Com a chave inglesa dá para ajustar até encostar 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

aro torto no estacionamento

Deixei minha bicicleta e de meu filho encostadas na parede do estacionamento. Quando voltamos o meu aro dianteiro e o aro traseiro da bicicleta de meu filho estavam tortos. Nosso domingo acabou. Tive que voltar carregando no ombro as duas bicicletas. Tinha alguma forma de desentorta-las? W.

W.: É possível melhorar a situação e continuar pedalando. Tire a roda torta. Encha o pneu de forma que fique bem duro, mas dentro da calibragem permitida. Encontre o ponto central da deformação da roda e marque-o. Ache um poste, de preferência dos de concreto, que tem diâmetro grande. Se encontrar uma caixa de papelão use-a para não arranhar aro, raios e eixo. Encoste o pneu no poste no ponto de maior deformação do aro. Empurre o aro/pneu pelas pontas contra o poste e vá aumentado a força até o aro voltar à posição. Coloque pressão aos poucos por que a resistência varia de aro para aro. Aros mais simples são muito moles e se você for com raiva ele vai dobrar pro outro lado. Aros de dupla parede são bem mais resistentes e difíceis de voltar à posição original. 

Bicicletas mais caras, principalmente as com freio a disco, tem aros de parede dupla, muito duros, resistentes. Se a deformação foi maior que 2 cm recomendo a troca do aro por um novo. Mesmo que se consiga centrar o aro as tensões dos raios nunca mais ficarão bem distribuídos, o que fará com que a roda seja propensa a sempre quebrar raios.

E lembre-se de não parar as bicicletas numa parede onde estacionam carros de ré. Felizmente você não perdeu os dois quadros ou garfos.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

peças em alumínio fundido

É muito bom que o pessoal esteja tirando a poeira de velhas bicicletas abandonadas, mas um detalhe em particular me preocupa, que são os avanços ou suportes de guidão feitos em alumínio fundido, principalmente os que foram fabricados aqui no Brasil. Muitas destas peças quebram sem aviso. Parecem resistentes, mas não são. O percentual de quebra sempre foi muito alto; portanto o perigo é grande. 
É muito comum a fabricação de peças em alumínio fundido para bicicletas, mas há uma diferença enorme na qualidade do material usado e na forma de fundi-lo para estas peças que me refiro aqui. 
Como sempre repito, infelizmente o que é vendido no Brasil, principalmente no mercado de bicicletas, nem sempre respeita as normas do mercado internacional, onde qualquer defeito é considerado uma falha grave para a segurança do ciclista, portanto inadmissível.  Infelizmente o brasileiro aceita como normal falhas mecânicas e até mesmo acidentes causados por estas. 
Então, muito cuidado com qualquer peça de bicicletas brasileiras fabricadas ou montadas nas décadas de 70, 80 e 90, em especial avanço ou suporte de guidão. Se não souber identificar passe numa bicicletaria e pergunte. Se a resposta for um nariz torcido troque imediatamente a peça. 

bagageiro dianteiro ou traseiro

Estive com Antonio Olinto, que deu a volta ao mundo pedalando, e ele contou que não usa mais o bagageiro dianteiro. Faz suas viagens só com o traseiro. Estávamos no meio de um evento e não deu para esticar a conversa, já que quem o vê para para cumprimentar ou conversar. Antonio Olinto é uma fonte de conhecimento e simpatia, aberto a todos, e para saber o porque desta opção só se for trancado dentro de casa; ou talvez no site dele e da Rafaela, http://www.olinto.com.br/, a sua também simpaticíssima companheira.
Equilíbrio da bicicleta:
A regra básica diz que o equilíbrio ideal da bicicleta se faz com 45% do peso na roda dianteira e 55% na traseira. Dependendo da finalidade e uso da bicicleta e de sua geometria estes números podem variar um pouco. 
Uma bicicleta com uma frente muito leve costuma sair muito de frente. Muito peso sobre a roda dianteira gera perda de tração na traseira.
Quando a bicicleta recebe carga, pesos extras ao do conjunto quadro\ciclista, a coisa muda, principalmente quando se fala em cicloturismo. Numa viagem longa é necessário preservar quadro, garfo e peças. Distribuir bem os pesos não é das tarefas mais fáceis por que geralmente é mais fácil acomodar os volumes na traseira da bicicleta. A frente tem o sistema de direção, guidão, garfo e caixa de direção, que é o conjunto mais delicado, que requer mais cuidados numa bicicleta. Quebrou qualquer coisa na frente da bicicleta o tombo costuma ser feio, quando não horrível.
Garfos especiais com suportes e bagageiros dianteiros de qualidade e bem desenhados são muito difíceis de conseguir. Instalar um bagageiro dianteiro qualquer num garfo convencional funciona bem para carregar pequenas compras, pouco peso, e em distâncias curtas percorridas num pavimento de boa qualidade; mas não para longas distâncias, volumes pesados e qualquer terreno. Se bem que Antônio Olinto deu a volta ao mundo numa bicicleta praticamente básica... Enfim, dá para fazer, mas não é o ideal.