sexta-feira, 26 de julho de 2019

Evitando o roubo de sua bicicleta, sempre

Hoje soube de mais dois roubos de bicicletas, uma bicicleta completa e as duas rodas 27¹/² de outra, as duas estacionadas em bicicletários de bons e bem vigiados condomínios. Nenhuma novidade. Bicicleta é o petisco predileto da vez para oportunistas, ladrões e bandidos e a situação está cada dia pior principalmente porque poucos são os que se dão ao trabalho de fazer B.O.. Os dois edifícios onde ocorreram os roubos estão um em Pinheiros outro nos Jardins. Será que quem roubou mora lá? Eu não estranharia. A bicicleta roubada é destas de supermercado, pouco vale além do emocional. O outro roubo foi de um par de rodas 27¹/², bem..., ou o cara tem uma 27¹/², que são quase raras, ou não vai servir para nada. Casos como estes acontecem aos montes, melhor, às montanhas, às cordilheiras. Deixou na garagem ou no bicicletário ajoelha e reza. Aliás, aproveita porque hoje é dia de São Cristóvão.
A seguir: bicicletas roubadas nas ruas ou parques. Não vou contar histórias que sei porque não vai ter fim. Mas ainda neste blog, não percam, os assaltos! Também não vou contar histórias, algumas bem desagradáveis. São tantos, tão comuns..., aqui em Pinheiros, próximo ao largo da Batata, e n11a USP é uma festa. A diferença que temos para o que acontece no mundo todo é que lá fora é impensável assalto a mão armada, o que é comum, cotidiano, trivial por aqui, de resto é a mesma coisa em todos lugares: rouba-se montanhas de bicicleta.

Então vamos ao que interessa: como evitar roubos e assaltos. 
Começo por ordem alfabética, assaltos, que dá na mesma que começar pelos mais fáceis de serem evitados. "Evitar assalto? Como? Tá louco?!" Simples: evitando os locais de grande movimento, como as principais ciclovias e parques. Como me ensinou um investigador: "Bandido (assaltante) vai onde tem mercadoria farta. Ele não fica sentado na sarjeta de uma rua vazia esperando um ciclista passar para assaltar. Bandido escolhe, para escolher precisa de quantidade". Para quem não sabe São Paulo é bem grande e tem muito lugar para pedalar além de parques e ciclovias. Também para quem não sabe os locais com maiores índices de acidentes envolvendo ciclistas estão justamente em parques e ciclovias. É possível pedalar com muita mais segurança dentro dos bairros, alguns pouco conhecidos, lindos, agradáveis. Óbvio que pode acontecer um crime de oportunidade, mas a probabilidade é muitíssimo mais baixa que nos locais lotados de ciclistas. Repetindo: simples, quer segurança? Fica longe de onde tem muito ciclista.

Roubo, como evitar:
Regra básica é prender a bicicleta com uma corrente, cadeado ou trava que não se pareça com barbante. "Não se preocupe, eu só vou entrar na padaria um segundo", frase típica, e quando volta a bicicleta sumiu. Não adianta avisar o pessoal, eles continuam usando trava barbante. A trava tem que ser condizente ao perigo do local, no mínimo. Dependendo do local ladrão abre até alguns U-lock de baixa qualidade. É um saco carregar um quilo a mais que pesa uma boa trava, mas se você quer voltar pedalando para casa não tem outro jeito. O ideal é prender a bicicleta com um U-lock mais um cabo que trave as duas rodas.
Prender a bicicleta e as duas rodas deve ser regra também para quem guarda a bicicleta no estacionamento ou bicicletário de condomínios. Se a bicicleta for cara então... E não se engane, gente fina também leva tua bicicleta na surdina. 
Ladrão não gosta da sensação que tem gente olhando para ele. Esconder a bicicleta não funciona; aliás funciona para o ladrão que tem mais tempo para "trabalhar". Nos condomínios, onde geralmente as bicicletas ficam num fundão ou buraco, é bom ter câmaras e plaquinhas "Sorria, você está sendo filmado", e que esteja sendo filmado mesmo. É triste, mas é praticamente impossível as administrações entenderem que a bicicleta tem que ficar em local visível, que dificulte roubos. Não só condomínios.

Nhaca! Aconteceu? Resta ou B.O. ou responsabilizar o condomínio, ou as duas coisas juntas, que é o melhor. Deixar passar batido é uma sacanagem. Polícia só funciona com dados, portanto B.O.. E caso necessário, Juizado de Pequenas Causas. Não deixe barato. 

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Freio a disco em bicicleta de estrada?

Durante a transmissão do Tour de France Ari Aguiar e Celso Anderson comentaram sobre o tipo de freio que os ciclistas estão usando, uns o tradicional freio ferradura, outros freio a disco. E no meio dos comentários disseram que freio a disco é quase um quilo mais pesado do que o velho e eficiente freio ferradura. O pessoal de ponta, os que estão ali para ganhar sprints, subidas de montanha, e até mesmo a corrida usam freio tradicionais. Precisa dizer mais? Ops! Mais, que os ciclistas que usam freio a disco provavelmente o fazem por contrato com os fabricantes. Ari e Celso sabem o que estão dizendo. 

A cada dia mais e mais ciclistas comuns estão comprando bicicletas de estrada com freio a disco. Por que? É chique? Status? Talvez ou provavelmente, sabe-se lá, mas com certeza tem falta de informação de qualidade. O mercado precisa vender, as revistas especializadas precisam de propaganda para sobreviver e de novidade para manter o leitor fiel; as bicicletarias, bem, bicicletarias vivem de comércio e manutenção, portanto jogam o jogo. E vivemos numa sociedade viciada em novidade... e que acredita em qualquer coisa, principalmente no eu: eu tenho, eu sou, eu posso, eu sou feliz, eu estou... 
Freio a disco numa bicicleta de estrada? Aumenta o arrasto aerodinâmico, isto não tenho dúvida. Provavelmente tem o mesmo poder de frenagem que o de um freio tradicional pelo simples fato que com um pneu tão estreito, com tão pouco contato, com tão pouca aderência, não adianta frear mais. Aliás, bom ciclista usa pouquíssimo os freios, principalmente pedalando uma bicicleta de estrada. 

Freio a disco é mais preciso que um freio tradicional? Depende. Pode ou não ser, depende de uma série de fatores, da qualidade ao ajuste, do uso à manutenção, do ambiente onde se pedala ao modal de ciclismo, e do ciclista. A situação que temos hoje é que para ser bom tem que ser freio a disco, o que definitivamente não é verdade, principalmente quando se trata de bicicletas de estrada. Mas vende, e este é o ponto. 

O poder de frenagem depende de vários fatores. Vamos ao básico do básico, por ordem: pneu, aro, montagem da roda, peso da roda, projeto do freio, sapatas ou pastilhas, cabo ou hidráulico, manete, e posicionamento do manete. Cada um destes elementos influencia na qualidade e poder de frenagem. Misturou o que não pode ser misturado, mesmo que seja top de qualidade, e o sistema de freio pode não funcionar direito. Já pedalei com V brake que estancava a bicicleta como se tivessem colocado um cabo de vassoura no meio dos raios, assim como pedalei com freio a disco que simplesmente não para a bicicleta. 

Eu preferia ter freios direct pull, os famosos "V brake", na minha MTB 29. Aliás, se pudesse escolher preferia mesmo ter cantilevers de ciclocross, que permitem uma quase infinidade de ajustes, de uma frenagem borrachenta ideal para terrenos escorregadios, até uma frenagem brusca e tão forte quanto a de um freio a disco. O problema de cantilever, como já disse, é saber ajustar, que é bem trabalhoso, cheio de detalhes, demorado, chato, para poucos, bem poucos. Mas o mercado diz que MTB 29 ou vem com freio a disco ou vem com freio a disco, e parece que estamos no caminho da extinção do freio a disco acionado por cabo. Não sei em quanto tempo todos serão hidráulicos. Não para ser do contra, mas por diversas razões, em particular poder tirar a roda sem ficar preocupado que por acidente eu acione o freio, cole as pastilhas e tenha que sangrar o sistema para voltar ao normal, que para mim é um absurdo, e para ter uma manutenção muito mais simples. 

Voltando às bicicletas de estrada e para encerrar o texto peço que olhem o vídeo da GCN Tech Show que mostra o que bicicleta cada equipe do Tour de France está usando.  

terça-feira, 16 de julho de 2019

21 marchas são 15 de verdade

Quando o Ritchey disse que o futuro da bicicleta estava em ter só 12 marchas, isto lá pelo início dos anos 90, todo mundo pensou que ele tinha pirado. Não tinha. É possível que Ritchey tenha visto uma tabela de relação de marchas onde está calculado e escrito que num câmbio de 21 marchas, 3 na frente e 7 atrás, só se tem de fato 15 marchas. A razão é simples; dependendo de em que coroa e em que relação da catraca está engatado algumas marchas se repetem. 
Num câmbio tradicional de 46/36/26 com catraca 7 marchas 11 - 26 é fácil sentir esta repetição. Basta subir da coroa 36 para a 46 e amolecer duas marchas no câmbio traseiro e você continuará com a mesma cadência, ou giro de pedal, ou marcha, como queira. Da coroa 46 para a 36 basta endurecer duas marchas atrás e acontece a mesma coisa. O mesmo acontece na passagem da 36 para a 26 e vice versa. Ou seja, de fato 15 marchas. 
É o mesmo para qualquer bicicleta que tenha os dois câmbios, o dianteiro e o traseiro. Em algumas bicicletas que vem com pedivela duas coroas é necessário mudar três marchas atrás para continuar na mesma cadência, ou giro de pedal.
Manter a cadência é fundamental para o ciclista. Deve-se evitar qualquer variação brusca de cadência, tanto pela perda do embalo da bicicleta quanto pelo tranco que se dá na musculatura. Musculatura gosta de suavidade. Pouquíssimos ciclistas sabem tirar o melhor proveito da relação de marchas. É possível acionar os dois câmbios, dianteiro e traseiro, ao mesmo tempo, mas demanda o tempo correto entre o acionar os passadores e reduzir a força nos pedais ou engastalha tudo. Quem entende a relação que tem e faz isto ganha muito rendimento porque sempre a mantém uma cadência constante, ou seja, não dá tranco na musculatura.
Bicicletas mais sofisticadas abdicaram do câmbio dianteiro para ficar mais leves e para dar ao ciclista um melhor escalonamento de marchas, o que ajuda demais no desempenho. Parece ser uma tendência. Cambio dianteiro nunca foi paixão dos ciclistas, mesmo dos profissionais. Mais, para o ciclista comum não ter que pensar em dois câmbios facilita a pilotagem, o que faz com que ter 11 ou 12 marchas em vez de 15 acabe sendo uma grande vantagem. Ritchey tinha toda razão.

Nas minhas minhas bicicletas de rua ainda tenho 21 marchas, 3 mais 7, e confesso que amo, mas fico impressionado com o péssimo uso que fazem deste básico e tradicional sistema de marchas. 
Na minha MTB 29 tenho um 2 por 10 e pretendo ficar nele. A razão é simples: preciso de muita desmultiplicação o que consegui trocando a coroa menor de 24 por uma de 22, o que parece pouco, mas não é. Fez uma grande diferença, bem maior que se houvesse colocado uma relação com dois dentes a mais na traseira. Basta fazer os cálculos de relação para ver - https://www.whycycle.co.uk/buying-a-bike/bike-jargon-buster/bike-gears-explained/
Vários amigos, alguns ciclistas de alto nível, já tentaram me convencer a tirar o câmbio dianteiro, mas sou tradicionalista, cabeça dura e pão duro. Prefiro pedalar o que tenho a mão.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

caixa de câmbio para MTB


Caixa de câmbio para mouintain bike. Maravilha. Voltamos aos primórdios da bicicleta, aos anos finais do século XIX, quando foram criadas e patenteadas as primeiras caixas de câmbio para bicicletas. O mesmo projeto de caixa de câmbio que depois, bem depois, estariam em motos e carros, basicamente o mesmo conceito usado até hoje. Foram apresentadas ao público antes de 1900 e a mais interessante estava montada embaixo do movimento central, exatamente como a desde vídeo ou de tantas outras encontradas no mercado. Eram muito mais simples, básicas, com poucas marchas, umas três. Bem mais tarde, ai já como caixa de câmbio de automóveis, foi desenvolvido o desenho dos dentes das engrenagens e colocado anéis de sincronização para facilitar a troca de marchas. Antes desta evolução era preciso trocar as marchas no tempo, ou elas não entravam (não se conseguia trocar de marcha).
O conceito original acabou gerando o cubo de três marchas internas Huret Torpedo, o primeiro a ser usado e vencer no Tour de France, sucesso de vendas até hoje.
O inglês de todos os vídeos que vi sobre estas novas caixas de câmbio para MTB falam mais ou menos a mesma coisa: mais pesado que um câmbio normal, mas como está posicionado no centro e "em baixo" da bicicleta melhora a estabilidade. Roda traseira fica mais leve, o que melhora muito o funcionamento da suspensão. Ideal para terreno muito acidentado. A possibilidade de relação de marchas é enorme, muito maior que as possibilidades oferecidas hoje. Há uma diferença na troca de marchas, que não agradou os que testaram, mas tenho a sensação que é mais uma questão de costume. Os problemas com evolução devem diminuir ou sumir.
Esta é uma inovação que tem jeito que veio para ficar. Se conseguirem reduzir peso, o que provavelmente acontecerá, a caixa de câmbio parece ter muitas vantagens sobre o câmbio tradicional. Uma coisa para mim é certa: deve chegar às bicicletas elétricas e vai fazer muita diferença.