sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Atacado por cachorros

O Ciclonauta foi atacado por dois bitbulls e saiu bem ferido na perna, acabou no hospital e ficou um bom tempo de molho. Estive com ele e um bom tempo depois ainda estava com a canela enfaixada. 

Cruzando no pedal o Vale do Anhangabaú vi um cachorro grande e brincalhão que estava mordendo todas pernas de ciclista que passassem por ele por pura brincadeira. Ele não saía em disparada latindo, mas atacava os ciclistas aos pulos de alegria. Não tascava os dentes, só segurava a calça, a canela ou o tênis com delicadeza. Um outro cachorro acompanhava a brincadeira perturbando o atacante. Não escapei de umas dentadinhas, suaves, que me arranharam a perna superficialmente. Passou um outro ciclista no sentido contrário que não parou de pedalar e o figura, o cachorro, achou que a perna em movimento dele era muito mais divertida que a minha sem movimento e me largou. 
Incrível como eles, cachorros, tem controle total sobre as mordidas, indo de um encostar os dentes até o arrancar pedaços. Quem conhece os bichos sabe como eles vão reagir. 

Entrar em pânico só piora qualquer situação. Simplesmente pare de girar os pedais, dica que me foi dada por uma amiga veterinária. Funciona. Parou de movimentar a perna o cachorro normalmente perde o interesse. Não funcionou, o negócio é pular da bicicleta para o lado contrário de onde vem o cachorro e usá-la como anteparo. Melhor com pneu furado a dentadas que perna furada ou rasgada com pontos. Se tiver frieza, não reaja, deixe o cachorro se cansar, se for o caso saia de fininho. Tomou dentada, não puxe a mordida. Puxou, rasgou. Mesmo mordido, fique imóvel, que uma hora ele vai largar, ou vai aparecer alguém para ajudar. 
Duro é quando vem uma matilha para cima. Normalmente tem o cachorro alfa, que identificado pode servir para desarmar ou afastar o resto. 

Dependendo da situação o ataque pode ser divertido. 
Na Bicycling americana li um divertido artigo sobre treinar sprint fugindo de ataque de cachorro. Não é coisa para amadores. Cachorros aceleram mais rápido que a maioria dos ciclistas profissionais, o que dizer dos amadores. Dá para escapar quando se tem uma boa vantagem, do contrário é dentada.
Neste artigo da Bicycling o autor conta que sempre passa pelo mesmo caminho e que sempre foge do mesmo cachorro. Não sei como foi com ele, mas sei que tem cachorro que entende que virou brincadeira. Muitos cachorros são muito inteligentes que a gente pode imaginar.

Tem perseguidor pior que cachorro? Opa! Não enfureça uma vaca, ou outro bicho grande. Ser perseguido por uma vaca parece piada, mas quem experimentou definitivamente não quer repetir.


terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Pontas soltas: perigosas e causa de acidentes graves

Fui ultrapassado por um ciclista com o cadarço do tênis direito desamarrado e imediatamente senti um arrepio de terror. Um dos piores acidentes que um ciclista pode sofrer é o cadarço enroscar no pedivela ou engastalhar entre a corrente e a coroa. Não dá nem tempo para entender o que está acontecendo, em uma fração de segundo você está no chão arrebentado. Em casos mais extremos pé e perna saem lesionados. Mesmo que nada aconteça, o que será muita sorte, o ciclista só vai entender o que aconteceu por que o tênis estará preso à bicicleta. Já passei por esta, tive muita sorte, conheço vários que também passaram, até alguns ciclistas profissionais, e ninguém achou engraçado, muito pelo contrário.

Tênis desamarrado causa acidentes de todo tipo com quem quer que seja. Pedestres são sua maior vítima.  Basta apontar para baixo, para o tênis da pessoa, que o cadarço é amarrado imediatamente. É quase uma regra entre corredores a pé cuidar do cadarço dos outros, um comportamento menos comum entre ciclistas, talvez porque a regra, melhor dizendo, a moda, é usar sapatilhas, que não tem cadarço por razões óbvias.

O correto é amarrar o cadarço, apertar o nó, girar o cadarço e prendê-lo por baixo do próprio cadarço trançado no tênis. Desta forma é muito difícil fique com perigosas pontas balançando ou que desamarre. 

Qualquer ponta solta é um perigo. Um amigo tomou um tombo horroroso pedalando e se machucou todo. Contando em detalhes o acidente levantei a hipótese que a manga do corta-vento tenha enroscado no guidão, o que ele acha que não, mas pela forma como caiu acredito que foi a causa do acidente. Cheguei a conclusão porque sofri um acidente pela mesma causa, lembro de cada fração de tempo do que aconteceu. Percebi imediatamente que minha manga tinha prendido na manopla, e a partir daí tive a certeza que ia parar no chão. A bicicleta entortou para a direita sem que pudesse reagir e meu ombro bateu com força no asfalto. Todo ralado e dolorido aprendi a lição. Por sorte e por calma, consegui me livrar de outros tombos, mas quando a manga ou outra ponta enrosca, o arrepio apavorante toma conta de mim. 
Enrole a manga até ela ficar longe do guidão antes de sair pedalando. O ideal é ter o hábito de recolher toda e qualquer ponta solta antes de começar a pedalar.  

Roupa larga ou casaco amarrado na cintura também podem enroscar na bicicleta, em geral no selim, roda ou pedivela. Repito, qualquer sobra ou ponta solta definitivamente não combina com um pedalar seguro. 
O que não pode, mas não pode mesmo, é pedalar com o que quer que seja meio solto ou balançando no guidão ou próximo da roda da frente. Qualquer problema na roda da frente ou na direção tem tudo para acabar num dos tombos mais brutais que um ciclista pode sofrer. Não experimente!