quarta-feira, 17 de abril de 2013

posição da Escola de Bicicleta sobre bicicletas elétricas


Nome: H
Cidade: Curitiba
Mensagem: Qual posicionamento da Escola da Bicicleta quanto às bicicletas elétricas?
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H
bom dia

A Escola de Bicicleta tem como objetivo final a transformação da vida nas cidades, focado na melhor qualidade possível para todos e não só os usuários da bicicleta. Por razões que a história provou serem verdadeiras e eficientes, a bicicleta é nossa ferramenta de transformação.

A questão da bicicleta é muito ampla. Aqui no Brasil, além de ampla, ainda é muito desordenada. Neste contexto, a Escola de Bicicleta continua centrando seus esforços na busca de qualidade para tudo que diz respeito às bicicletas normais, não motorizadas. Para nós é crucial corrigir os problemas que temos no setor nacional de bicicletas básicas convencionais, que são muitos e alguns gravíssimos, sem o que qualquer outra variação de bicicleta, como as elétricas, provavelmente não terá a qualidade mínima desejada.

Ademais, bicicletas elétricas usam uma tecnologia, motores elétricos e baterias, da qual praticamente nada conhecemos. É diretriz da Escola de Bicicleta falar dos assuntos com propriedade, com saber, baseado em inteligência. Nos seria relativamente fácil incluir textos específicos sobre o assunto por que temos contato com especialistas, mas ai fugiríamos do nosso foco, que é a bicicleta convencional.

Mas, como integrante da Escola de Bicicleta, posso fazer algumas considerações:

  • dependendo do tipo de bicicleta elétrica que for legalizada aqui no Brasil elas provavelmente poderão ajudar na transformação das cidades. Se o Brasil se voltar às “pedaletes”, bicicletas que tem motor elétrico só para assistência do ciclista, e que estas tenham motor e baterias de alta tecnologia, duráveis e pouco poluentes, os resultados podem ser bons. Se nossa opção for por modelos obsoletos, grandes, tipo motocicleta disfarçada, poluentes, eu sou contra. Mesmo sem especialização no assunto, é fácil ver que tem muita porcaria sendo comercializada aqui. Já testei algumas. Fiquei muito mal impressionado com a baixa qualidade do rodar de uma delas, de traseira muito longa feita para acomodar uma grande bateria entre a roda e o tubo de selim. 
  • Lembro que até bicicletas normais, principalmente as de baixa qualidade, baratinhas, além de perigosas, quebram com frequência, portanto são muito poluentes. Uma bateria de baixa qualidade causa um grande dano ambiental.
  • bicicletas elétricas melhoram muito a mobilidade, mas não trazem vários benefícios para o ciclista que uma bicicleta convencional traz.
  • as elétricas não podem ser a ponta de lança para o uso indiscriminado de ciclovias por pequenas scooters, algumas elétricas. Caso isto aconteça todo sistema cicloviário vira uma bagunça, um perigo para os ciclistas. Falo isto por que vivenciei pessoalmente a situação em Paris, Nova Iorque, principalmente Amsterdã e Holanda.

A Escola de Bicicleta não acredita em soluções mágicas. Muitos estão vendo a bicicleta elétrica desta forma. Nós preferimos a cautela.

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br

 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

exemplo de qualidade


A bicicleta da foto é uma Mormaii full que custa mais de R$ 600,00 e foi comprada num site de internet. Fiquei impressionado com o grau de desalinhamento da traseira, mesmo sabendo que é fato um tanto comum entre estas full baratinhas (?). O eixo da balança traseira foi soldado torto, muito torto, e a bicicleta passou no controle de qualidade, se é que o fabricante tem controle de qualidade. Tenho boa razão para acreditar que todas estas bicicletas apresentam o mesmo problema. A bicicleta da foto é zero km; basta olhar a condição dos pedais.
Quando saímos para pedalar olhei por trás uma outra full, uma Track & Bike preta 18 marchas, também nova e do mesmo dono da Mormaii, que se retorcia toda a cada pedalada. Parecia mais bem construída, mas foi só doce ilusão. Lá pelo oitavo quilómetro do passeio perdeu o pedivela esquerdo. Coloquei-o de volta, apertei o parafuso do eixo e descobri que a caixa de rolamentos do movimento central soltou, desalinhou e muito provavelmente estragou a rosca. Olhando com mais cuidado deu para perceber que a traseira também é desalinhada. Valor: R$ 579,00; em oferta por R$ 449,00. Ops? O desconto é tão grande porque?
A terceira nota negativa do passeio, realizado em Bauru, foi uma Sammy rígida, zero km, saída da caixa minutos antes, que tinha o garfo torto para a esquerda. Portanto a bicicleta simplesmente não andava em linha reta...
Haviam mais duas baratinhas, estas com problemas menos graves. Pelo menos rodavam soltas e em linha reta.
De cinco baratinhas, 3 com graves defeitos? Deprimente.



domingo, 7 de abril de 2013

bicicletaria recusa o serviço

nome: T
UF: SP

Comprei uma bicicleta em oferta no supermercado e na bicicletaria o dono disser que não faz montagem destas bicicletas porque não quer se responsabilizar pelos defeitos que ela vai ter. A bicicletaria pode recusar fazer um serviço?

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T
boa tarde

Acredito que a bicicletaria tenha o direito de recusar um serviço. E entendo a precaução das bicicletarias que se recusam a trabalhar com bicicletas básicas baratinhas, aquelas de 1,99 que são vendidas em supermercados e magazines ou dadas como brinde.

A pergunta me faz lembrar de uma história, com o Ricardo, então dono de uma boa bicicletaria, que num determinado momento começou a recusar receber estas bicicletas. Um dia chegou um senhor com uma Conthey na caixa e pediu para montar a bicicleta. A negativa do Ricardo foi seca, incisiva. O senhor perguntou por que da recusa do serviço e Ricardo tentou explicar dizendo que nunca ficavam boas e que depois quebravam e os proprietários voltavam dizendo que a responsabilidade da quebra era de quem montou.
- E daí, faço o que com ela?, perguntou o proprietário.
- Devolve. Pega seu dinheiro de volta... , respondeu Ricardo
- O que você quer é vender bicicleta cara. Bicicleta é tudo igual...
 Ricardo, com o máximo de deboche que lhe cabia na boca, encerou o bate boca: “Te ‘Conthey’? Você se fodeu! Comprou esta merda. Eu não monto por que sobra para mim”. Uns dias depois o mesmo senhor voltou à bicicletaria e confessou que no primeiro passeio a bicicleta quebrou e...

Quando uma bicicletaria assume um serviço passa a ser responsável pelo produto final perante quem pediu o serviço e perante a lei. No caso destas bicicletas de baixa qualidade acaba refém dos defeitos congênitos da própria bicicleta. Montagem, regulagem e ajustes quando a qualidade é baixa demora muito mais tempo, em alguns casos muito, mas muito mais tempo mesmo. Não compensa para a bicicletaria.

Normalmente bicicletarias que vendem produto de baixa qualidade o fazem por que o público aceita ficar refém dos defeitos e de queimar dinheiro. Há ainda a questão do Infelizmente o número orgulho próprio que se recusa a ver que aquela bicicleta baratinha é uma enganação.

Provavelmente esta não é a resposta que você queria, mas sei que vai entender.