segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Recall para 4600 bicicletas públicas da JCDecaux

JCDecaux faz um recall de 4600 bicicletas públicas na França. Será que se houvesse um problema técnico com nossas bicicletas públicas a reação da empresa responsável pela operação seria a mesma? A manutenção de nossas bicicletas públicas é de baixa qualidade e com critérios que discordo, principalmente no que tange a regulagem do sistema de freios. A manutenção das bicicletas comunitárias francesas não é lá nenhuma maravilha, mas deve haver um corpo técnico por trás que percebeu o problema e fez o recall. Será que se houvesse um problema mais grave com qualquer bicicleta comunitária brasileira a equipe de manutenção terá capacidade de perceber? Talvez sim, mas talvez basta para tranquilizar? Vou mais longe: brasileiro continua comprando e usando bicicletas de baixíssima qualidade. Provavelmente não existem números sobre acidentes causados por falha mecânica destas bicicletas. Será que estes ciclistas acostumados com um produto de má qualidade tem condição de alertar um servidor de bicicletas comunitárias que há um problema mecânico na bicicleta que usou. Pelo que vejo afirmo que o público não tem.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

clipe e caia

Hoje vi, mais uma vez, um ciclista comprar um chão porque estava clipado. Pedalando uma bela Specialized híbrida ele não foi capaz de soltar o clipe depois que o senhor que ia a frente parou. O ciclista, um senhor lá pelos 60 anos, caiu de lado feito um coqueiro podre, clipado, e ficou resmungando no chão com os dois pés travados nos pedais. Para ele a responsabilidade foi do senhor que freou a sua frente. Pelo CTB, Código de Trânsito Brasileiro, que define a bicicleta como veículo, portanto sujeito as mesmas leis de qualquer outro veículo, ele, o ciclista que foi ao chão, estava errado porque é responsabilidade de quem vem de trás guardar distância segura do veículo da frente.
A questão é que muitas bicicletarias ainda procuram fazer a venda de bicicleta urbana casada com um bike fit, pedais de clipe e sapatilhas no negócio. Não sei quando isto melhora o lucro da venda, mas deve ser significativo. A alegação que o pedalar fica mais seguro é válido para algumas situações bem específicas, a maioria competição, nunca as de um ciclista amador de fim de semana, como foi o caso.
Para se obter o resultado apontado pelo vendedor da bicicleta é necessário que o ciclista use um pedal clipado ou os pés vão mudar a posição nos pedais constante e naturalmente, o que anula ou diminui muito os resultados do bike fit.
A quase totalidade dos ditos especialistas em bike fit, o que quer que isto signifique, não tem capacidade, alguns a honestidade, sequer para perceber que há uma discreta diferença entre um ciclista esportivo e um amador. Para o bem do negócio todos ciclistas devem ser tratados como futuros profissionais; o que é risível, para não dizer mais. A ciência do bike fit é praticamente toda baseada em ciclismo de competição.
Pergunte ao vendedor: este pessoal que faz bike fit é formado em cinesiologia e gerontologia? Ou tem algum diploma de faculdade para tanto? Ou só recebeu um breve curso no representante da marca da bicicleta sobre o assunto e dali vão direto para a bicicletaria?
Estou cansado de ver gente que teve problemas por causa de bike fit, principalmente quem não é mais criança ou jovem. O corpo muda muito depois dos 40 e mais ainda lá pelos 60.
Se pedal clipado fosse realmente seguro seria obrigatório em todos países civilizados do mundo. Parafraseando os holandeses: "Nós pedalamos, eles clipam".
Bicicleta, equipamentos e acessórios que dão status é uma coisa; mas chic mesmo é não cair por burrice. Um tombo clipado pode custar muito mais caro que você possa imaginar. Já vi esta história se repetir inúmeras vezes. Infelizmente as pessoas só aprendem quando dói no bolso. Triste!