sábado, 30 de março de 2013

mascarado

Pedalar usando máscara contra a poluição é bom?
Não, não é recomendável pedalar de máscara.
A máscara retém a poluição, mas também as bactérias que deveriam ser expelidas pelo próprio organismo do ciclista. Ou seja: máscaras acabam sendo "a" fonte contaminadora.
Ciclistas pedalam com a cabeça bem mais alta que motoristas, o que os faz respirar um ar bem menos poluído. Partículas são mais pesadas que o ar, portanto quanto mais próximo do chão mais particulado é o ar. Tragédia mesmo é o ar que respiram bebes, cães e gatos.
Se você está num ambiente tão contaminado é porque está pedalando em situação extrema, provavelmente entre os carros e veículos pesados, como ônibus, caminhões e vans movidos a diesel, o que definitivamente não é recomendável. Nesta situação, muito mais perigoso que os gazes é o trânsito.
Aos que pedalam usando máscara vai a recomendação para que esta seja trocada com muita frequência, diária ou até em cada viagem. O uso prolongado e contínuo acaba criando um ambiente contaminado na própria máscara que é muito pior que respirar o ar contaminado. No caso de máscaras com filtro é recomendável a troca do filtro e limpeza de toda a máscara diariamente, ou até com mais frequência em casos extremos.
A verdade é a seguinte: se o local é muito poluído não é bom para pedalar.
Não use máscara. Lute por uma vida mais saudável.
 

terça-feira, 26 de março de 2013

Mercado sem avanço

Infelizmente ninguém consegue entender qual são os critérios dos importadores de peças no Brasil. Você vai atrás de peças e é muito comum não encontrar. Ótimo exemplo está na dificuldade em conseguir um avanço de guidão na medida correta, principalmente quando esta é mais angulada e curta. É difícil de acreditar que os importadores ainda não tenham se dado conta que o número de usuários da bicicleta como modo de transporte cresceu muito e que estes normalmente preferem pedalar numa posição mais em pé. É dificílimo encontrar um avanço mais em angulado para as novas bicicletas 29, que estão vendendo muito bem. Boa parte delas vem com guidão ‘over’, o que dificulta mais ainda.

Nossas mulheres tem grande dificuldade de ajustar as bicicletas para a posição correta por que a maioria das bicicletas vendidas no mercado são próprias para mercado europeu ou americano, portanto para um padrão de mulher bem mais alto que a das brasileiras. Quer um avanço mais curto que resolveria parte do problema? Talvez tenha mais sorte na loteria. Tem a opção do avanço com ajuste de ângulo, mas estes, em muitos casos, também não chegam na posição correta. Quando você encurta a distância para o selim o guidão sobe, fica mais alto. Além de não resolver bem, para estes avanços não se recomenda uma condução mais agressiva ou esportiva.  

A saída para a falta de opção de avanço tem sido colocar um guidão mais alto, mas infelizmente as curvas mais altas vêm nos guidões mais largos, o que para quem tem ombros mais estreitos, continua sendo incomodo. Os fisioterapeutas agradecem – sempre.

Mercado de reposição desonesto

Quem tem bicicletas mais antigas não encontra reposição. As maravilhosas bicicletas do início da década de 90, a era de ouro, tem que ser completamente deformadas para continuar funcionando. É muito difícil encontrar reparos para os freios, relação de 6 ou mesmo 7 marchas e até mesmo uma caixa de direção standard de qualidade. Triste.

Mesmo bicicletas novas têm problemas na reposição. Vai encontrar um pneu 700 X 35. Pior ainda o 700 X 40. E as câmaras...

Infelizmente o mercado de bicicletas trabalha ao sabor da vontade dos importadores, sem respeitar as leis do Consumidor e principalmente a que obriga o setor a ter peças de reposição. Confesso que não sei como está escrita esta lei, mas deve ser relativa a veículos. De qualquer forma eles tem que respeitar a Lei do Consumidor.

Infelizmente (final) os consumidores do setor da bicicleta ainda não se deram conta que tem uma força incrível nas mãos. Infelizmente não fazem nada e aceitam esta situação. Não é de agora. Parece que estão querendo que a gente entre no baile do ‘quebrou, compra uma nova’. Minimamente desonesto.

“Bicicleta é legal...”  ....muito legal, legal mesmo, até o momento que você se sente com a mão no bolso.

segunda-feira, 18 de março de 2013

ciclista obesa, bicicleta e rodas

Uma leitora escreveu que já pedalou, mas infelizmente parou, e por diversas razões hoje está com 140 kg. Quer voltar a pedalar, pelo prazer e para emagrecer, mas não sabe como escolher uma bicicleta própria. Acredita que nenhuma bicicleta irá aguentar.

Depois de ter a altura dela saímos atrás de um modelo que atenda ao uso que se fará da bicicleta. A leitora queria comprar uma bicicleta nacional, o que não recomendamos para este peso. Bicicletas fabricadas no Brasil não passam por testes de resistência que atendem ao mercado internacional, principalmente o mercado americano, onde a população obesa é bem grande, nos dois sentidos.

E ai veio uma surpresa: um dos importadores nos informou que o peso limite recomendável da marca é 100 kg, mesmo esta sendo distribuída no mercado internacional. Vejo a informação da seguinte forma: o responsável pela marca foi e continua sendo um dos melhores ciclistas do país e sua resposta não está direcionada para um uso urbano e tranquilo, mas para competições, o que é um erro comum. De qualquer forma saímos para buscar outros caminhos e encontrar a bicicleta ideal.

O que aguenta?

A partir do ponto que quadro e garfo tenham padrão internacional o ponto crítico passa a estar nas rodas, que se de boa qualidade e bem montadas não costumam apresentar problema. Não precisa sequer um conjunto de cubos, aro e raios especial, mas precisa necessariamente ser muito bem montado e tensionado; o que deveria ser regra para toda e qualquer roda, mas não é. Quanto mais uniformemente estiver distribuída a tensão entre os raios, mais firme e forte será a roda. Os raios, sendo de qualidade, não precisam ser ‘duplos’; aliás, não é sequer recomendável por que aumentam muito o peso da roda, portanto pesam no pedalar.

Uma bicicleta de qualidade, bem montada, aguenta sem problemas até com pesos mais pesados que os 140 kg de nossa ciclista. É óbvio que não se recomenda ficar descendo de guia sentado no selim, o que é a principal causa de quebra de raios até para ciclistas leves.

O site da Escola de Bicicleta tem uma página especialmente dedicada aos ciclistas acima do peso: http://www.escoladebicicleta.com.br/acimadopeso.html  

sexta-feira, 15 de março de 2013

Fazer justiça

Ozires Silva, (ex) Presidente da Embraer, deu uma entrevista no Jornal da Cultura onde falava sobre os progressos da segurança na aviação civil, que é o modo de transporte mais seguro que existe. O ponto principal é que nos acidentes de aviação não se procura um culpado, mas a compreensão de absolutamente todos os fatos diretos e indiretos que causaram o acidente, sem buscar culpados. Quando se busca um culpado e depois se vai para os fatos há uma distorção da verdade, e com isto não seja às causas reais do ocorrido. Segurança é a busca contínua da qualidade, de evitar repetir erros cometidos. Culpado é outra história. O que nos interessa: achar culpados ou evitar acidentes?

Infelizmente temos, brasileiros, a deprimente mania de primeiro apontar culpados, deixando para segundo plano a lógica dos fatos e a busca da verdade. Feito isto lavamos a mão.

No deprimente caso do ciclista que teve o braço amputado na Paulista as circunstâncias do acidente vão além do que a imprensa divulgou. A história é mais complicada do que parece. A favor do ciclista está o fato de ele ter ido para a contramão da avenida por que esta já estava conificada para a Ciclo Faixa de Lazer de Domingo, portanto segregada para a circulação de ciclistas. Mesmo assim, perante a lei ele estava na contramão. Ou talvez não. Vai depender do entendimento de detalhes legais. O julgamento deste detalhe vai ser uma complicação.

O fato mais importante é a total falta de... ética(?), moral(?), caráter do motorista, que por ter bebido deve ser responsabilizado pelo acidente e por ser estudante de ciência médica não ter prestado socorro. Se analisar a ação e comportamento motorista, situação social tão comum nos dias atuais, se vê um espelho do Brasil de hoje, sem ética, moral, caráter, irresponsabilidade, individualista, consumista, mal informado, tendencioso. O que aconteceu na Paulista provavelmente se repete Brasil afora sem a mesma divulgação. Vide os brutais números de mortes no trânsito e mortes violentas.

A meu ver é muito interessante que a UCB tenha um papel de orientação em casos jurídicos. Precisaríamos de um advogado ou bacharel para ajudar. Tenho receio em ver leigo falando sobre justiça. Tenho receio em ver julgamentos sem conhecimento neutro dos fatos reais. Mas acredito que a UCB deva fazer este exercício e se posicionar, se possível ajudar.

Para quem não sabe, segundo documento de órgão da ONU o Brasil é um dos campeões mundiais de linchamento. Físico, moral e legal. Quem se lembra, por exemplo, da história horrorosa da Escola de Base? O que foi feito da vida dos então imediatamente acusados?

Adoro a ideia da UCB realizar assessoria ou orientação jurídica, mas com critérios bastante claros, e acima de tudo justos. Quando digo justos, falo em justiça de verdade, sem tendências.

Só com Justiça se dará a segurança de fato para ciclistas, e principalmente pedestres, deficientes (17% da população), motociclistas, motoristas....

OU TODOS TEM JUSTIÇA, OU NINGUÉM TEM A VERDADEIRA JUSTIÇA

OU TODOS TEM SEGURANÇA, OU NINGUÉM TEM SEGURANÇA DE FATO

Arturo Alcorta
Presidente da UCB