segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Pequeno exemplo de qualidade - Swatch



Meu Swatch caiu no chão e soltou o ponteiro de segundos. Coisa raríssima em qualquer relógio e principalmente nos relógios desta marca, feita ´para o dia a dia de muitos desaforos. Fui a uma loja da Swatch, falei sobre o problema e eles disseram que como o relógio era praticamente novo, portanto na garantia, e que seria trocado por um novo bastando apresentar a nota fiscal. É óbvio que joguei fora a nota fiscal e garantia exatamente deste Swatch. A dos outros, mesmo com garantia vencida, estavam em casa. Voltei à loja, avisei que tinha perdido a garantia, mesmo assim pedi que o relógio com defeito fosse enviado para a fábrica. A atendente recebeu o relógio e anotou na nota de serviço “em garantia, porém perdida”. Avisei que estava consciente que sem a nota de compra não tinha qualquer direito. Estava querendo que o controle de qualidade da Swatch entendesse as razões do defeito. Menos defeito, menos descarte, menos danos ambientais...
Passado um tempo recebi uma mensagem pelo Whatsapp pedindo que fosse à loja para receber um relógio novo.
Qual a moral desta história: Qualidade. Ponto! Precisa mais?
Swatch: produzem relógios divertidos, simples, funcionais, quase individualizados e que funcionam por muitos anos, décadas, perfeitamente, e tem um preço honesto.
No meu caso, provavelmente como em casos semelhantes, a Swatch fez o que o bom senso recomenda: assumiu o problema e agradou o cliente. É assim que deveria ser com tudo. Só através da qualidade, e o que aconteceu foi um ótimo exemplo de qualidade, é que vamos fazer tudo melhor, viver melhor. Qualidade, ponto!

Infelizmente esta não é a regra. Bom exemplo oposto a esta situação que passei com o Swatch vem, no geral, do mercado de bicicletas no Brasil. Quantas bicicletas são vendidas? Quantas dão defeito? Quantas apresentam defeitos ridículos? Quem assume os defeitos, principalmente nas bicicletas mais baratas? Normalmente o comprador. Deprimente. O mercado comprador aceita má qualidade, simples e deprimente.
Ninguém duvida que bicicleta é um veículo, portanto não pode apresentar qualquer defeito ou problemas de funcionalidade. Tem que funcionar perfeitamente por uma simples razão: segurança do ciclista. Ninguém parece preocupado.
Infelizmente é dificílimo, quando possível, o diálogo com os fabricantes de bicicletas no Brasil. Não culpo só eles. A maioria dos compradores e usuários das bicicletas se recusa a pensar com qualidade. Fazendo isto sacaneiam com a bicicleta, com os ciclistas, com a cidade, com o planeta..., sacaneiam os próprios sonhos e desejos.

Repito o que falei e escrevi milhão de vezes: uma bicicleta com um mínimo de qualidade tem que durar no mínimo uma década de uso intenso. É lógico que se tem que fazer manutenção, trocar corrente, sapata de freio, pneus, lubrificar, coisas básicas, mas defeito, mal funcionamento, isto não pode acontecer, e não acontece numa bicicleta que tenha qualidade. E numa bicicleta honesta, de qualidade, não acontece, ponto!
A única saída que temos para este planeta é o povo entender que ou temos qualidade em tudo ou temos qualidade em tudo. Vale principalmente no Brasil, país sem menor pendor para a qualidade. Qualquer outro caminho é suicídio coletivo. Não é difícil entender o porque, mas se fosse necessário enumerar razões este artigo nunca acabaria. Acredito que até os problemas políticos, ideológicos, religiosos, e outras esquizofrenias mais que estão incendiando o planeta, praticamente desapareceriam com a aplicação de qualidade. Qualidade, simples.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Em quem não voto: Haddad

Em quem tenho certeza que não voto: Haddad. Por que? Já não votaria porque tenho várias críticas sobre o que foi feito pela bicicleta. A quantidade de erros, mau feito, descaminhos, problemas muito acima do aceitável é de um descaso sem tamanho, beirando o absurdo. Acho inadmissível o "faz e (se estiver errado) depois corrige" tão repetido por alguns amigos e vários cicloativistas. Corrige com o dinheiro de quem? Se for dinheiro público sou absolutamente contra. Dinheiro público é sagrado e deve ser tratado como tal. Qualquer centavo fará falta para todos, principalmente os mais necessitados.
Outro ponto nesta história das ciclovias do Haddad é que foi gasto uma grana preta nos bairros dos "coxinhas" e praticamente esquecido o pessoal da periferia, principalmente em áreas onde sempre houve uma quantidade grande de ciclistas operários, invisíveis aos olhos dos coxinhas, incluindo ai colarinho branco funcionário público. Estes operários trafegam antes do sol nascer...
Diminuição de velocidade está absolutamente correto, mas coloca debaixo do tapete os semáforos que quebram com muita frequência, as faixas de pedestre inexistentes ou colocadas onde não devem, a falta de calçadas, a falta de investimento nos órgãos de trânsito...
Domingo foi publicado em matéria de capa do O Estado de São Paulo que mais de 30 áreas de manancial paulistano foram invadidas neste último ano. Como assim? Em vez de proteger as águas da população paulistana e da região metropolitana de São Paulo Haddad e sua tropa fecha os olhos e repete a mesma maluquice do passado? Quem me ensinou o que é a Tatolândia foi Sérgio Luís Bianco, PeTista de carteira no bolso - literalmente. Vamos dizer que não tivesse saído a notícia, que eu soubesse sobre este crime contra os paulistanos (e porque não dizer contra o planeta), acho deprimente que Haddad não tenha mexido uma palha para continuar o projeto Córrego Limpo da SABESP em conjunto com a Prefeitura.
De fato Haddad é do PT: muitas ideias e conceitos bons, mas feitos de maneira atabalhoada com uma execução de baixíssima qualidade. Ou seja, muito dinheiro - público - jogado no lixo.
Desculpem, mas de boa intensão o inferno está cheio, e o Brasil também.
Para terminar: não resta dúvida (basta caminhar uns passos) que nossa cidade nunca esteve tão imunda, pixada, arrebentada. Se o custo de fazer ciclovias é este estou fora. O sonho que a bicicleta empresta a sociedade é uma cidade melhor, não este legado que os paulistanos estão recebendo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Relatório ABRACICLO sobre o mercado de bicicletas

A Vez das Bicicletas: Segmento Ganha Força e Maior Representatividade
na Abraciclo

Representante oficial da indústria brasileira de veículos de Duas Rodas, Abraciclo congrega as quatro principais empresas de bicicletas do país, que possuem 11 marcas consagradas do mercado, as quais, juntas, investiram cerca de R$ 200 milhões no PIM
Há 40 anos inserido no Polo Industrial de Manaus (PIM), o Setor de Duas Rodas consolidou-se como o segundo mais importante da Zona Franca, sendo responsável por um faturamento de R$ 10,3 bilhões, em 2015. Os associados da Abraciclo respondem por 98% do total da produção brasileira de motocicletas e 40% de bicicletas.
 “Protagonista dos quase 50 anos da Zona Franca de Manaus (ZFM), o polo de Duas Rodas teve papel fundamental na consolidação do modelo de desenvolvimento econômico. O setor evoluiu e ajudou a escrever a história industrial do Amazonas e do país, tendo destaque na geração de empregos e tornando-se fator determinante para o crescimento profissional de milhares de trabalhadores”, afirma o vice-presidente do segmento de bicicletas da ABRACICLO, Eduardo Musa.
No âmbito nacional, o segmento de bicicletas produz 3,5 milhões de unidades anuais (excluindo brinquedos), sendo o quarto maior produtor, atrás da China, Índia e Taiwan. O PIM se posiciona como o maior polo de fabricação fora da Ásia.
Responsáveis por 100% da produção de bicicletas em Manaus, os associados da Abraciclo - Caloi, Houston, Ox Bike e Sense – possuem 70% de participação no valor de mercado, decorrente do mix de produtos de alto valor agregado – seguindo a mudança do perfil do consumidor.
Juntas, as quatro empresas, que possuem 11 marcas consagradas no mercado (Audax, Caloi, Cannondale, GT, Houston, Mongoose, Oggi, Ox, Schwinn, Sense e Sense Eletric Bike), investiram nos últimos três anos cerca de R$ 200 milhões em instalações, equipamentos e capacitação de profissionais no PIM, com o intuito de formar uma cadeia produtiva consistente, inovadora e atrativa. Com mais de mil empregos diretos nas fábricas, elas possuem uma capacidade instalada de 2 milhões de unidades/ano.
“Com novas marcas, o segmento de bicicletas da entidade ganha mais representatividade. Queremos expandir a cultura da bicicleta por todo país, com produtos de padrão internacional”, comenta Musa.

Dados Acumulados
Segundo dados divulgados pela entidade, em julho, foram fabricadas 60.165 bicicletas, o que corresponde a uma queda de 20,1% em relação ao mesmo mês de 2015 e um recuo de 6,5% em comparação a junho. No acumulado no ano, houve retração de 15,8%, passando de 445.730 unidades para 375.298.
“Assim como todos os setores, o segmento de bicicletas também é afetado pela crise política e econômica. Projetamos uma queda de cerca de 30% na produção nacional, fechando 2016 em torno de 2,5 milhões de unidades. Os associados da entidade devem ser responsáveis por 1,3 milhão de bicicletas. Desta forma, pela primeira vez, os associados da Abraciclo representarão 52% da fabricação nacional. Apesar do recuo no desempenho, nos sentimos vitoriosos por alcançar tal resultado. Estamos no caminho certo”, finaliza Musa.

Sobre a ABRACICLO e o Setor de Duas Rodas
Com 40 anos de história em comemoração em 2016 e contando com 13 associadas, a ABRACICLO – Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares representa, no país, os interesses dos fabricantes de transporte em Duas Rodas, além de investir fortemente em ações que tenham por objetivo a busca pela paz no trânsito e pilotagem defensiva.
Representativa, a fabricação nacional de motocicletas – majoritariamente concentrada no Polo Industrial de Manaus (PIM) – está entre as seis maiores do mundo. Já no segmento de bicicletas, o Brasil se encontra na quarta posição entre os principais produtores mundiais. No total, as fabricantes geram aproximadamente 16 mil empregos diretos no PIM.

BICICLETAS*
MOTOCICLETAS*
Frota nacional: mais de 70 milhões
Frota nacional: mais de 24 milhões
Produção anual: 3,5 milhões
de unidades
Produção anual: mais de 1 milhão de unidades
4º maior produtor mundial
6º maior produtor mundial
*Dados 2015
Para conhecer mais sobre os trabalhos da ABRACICLO, acesse o site www.abraciclo.com.br.

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Agosto, 2016

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Erros da ciclista holandesa Annemiek van Vleuten na Rio 2016

O brutal tombo da ciclista holandesa Annemiek na Rio 2016 é uma aula do que não se deve fazer numa situação de emergência. Boa parte dos tombos de ciclistas acontecem por erro de frenagem e o vídeo deste tombo é ótimo para esclarecer alguns conceitos básicos.
1 - O primeiro de Annemiek erro foi fazer uma trajetória de aproximação da curva sem estabelecer uma correta tangencia. Ela se aproxima pelo lado de dentro da curva o que diminui muito o ângulo de visão, impossibilita ver como é a própria curva e o que vem depois da curva. Vindo por dentro é necessário fazer uma curva mais fechada, portanto é necessário inclinar mais a bicicleta, o que por sua vez aumenta a possibilidade de perda de aderência. O correto em qualquer aproximação, principalmente em curvas fechadas, é vir pelo lado externo da curva, que permitirá um raio de curva mais aberto, um movimento mais suave e menos inclinado para a bicicleta e ciclista, o que por sua vez mais tempo e espaço para o ciclista corrigir um possível escorregão ou erro de trajetória. Com a bicicleta menos inclinada a possibilidade de que a roda dianteira ou traseira escape, perca aderência, como foi o caso de Annemiek, também é menor.
2 - O segundo erro, grosseiro, foi ter entrado em pânico e cravado a mão no freio dianteiro, travando a roda dianteira, o que catapultou a ciclista. Em qualquer situação onde a bicicleta perde a aderência e começa a patinar em direção a um obstáculo, o melhor é deixar a bicicleta continuar a trajetória na esperança que retome a aderência. Escapar ileso será uma questão de sorte, mas tentar uma reação brusca é ir para o chão, uma barbeiragem das grossas. Não tenha dúvida que é muito melhor para o ciclista ficar sobre a bicicleta mesmo em uma situação de colisão. A razão é simples: a roda dianteira será a primeira a colidir e também a primeira a sofrer deformação, o que absorverá parte da energia / velocidade e diminuirá o impacto sobre o ciclista.
Em automobilismo e motociclismo a recomendação dos melhores pilotos é entrar um pouco mais lento para sair mais aberto e acelerado. Ou seja, atrasa um pouquinho a tangencia para poder sair pedalando mais forte sem tocar os pedais no chão.
Não acredito que a bicicleta tenha tido uma falha mecânica. Não há qualquer sinal de defeito no asfalto.
Pelo voo que Annemiek deu acredito que ela tenha tentado pular fora da bicicleta. Nunca é uma boa ideia. Não dá certo pular em movimento de um skate e pela mesma lei de física não dá certo numa bicicleta. Tem que ficar na bicicleta, corpo mole e com o peso do corpo todo apoiado sobre os pés. Repito: não pula fora, bate com a bicicleta para ela (coitada) absorver energia.
Sei que não é fácil, mas relaxa e deixa a bicicleta se ajeitar. Brinca um pouco de escorrega na arreia que é um santo remédio.
E todas as noites antes de dormir ajoelhe ao lado da cama, junte as mãos, abaixe a cabeça e reze: "Ciclismo é a arte da suavidade. Ciclismo é a arte da suavidade. Ciclismo é a arte da suavidade. Ciclismo é a arte da suavidade..."


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Biciclo com sistema de multiplicação pedais / roda dianteira

Interessante ver como eles fecham o pneu maciço, o que eu nunca tinha visto antes. Eles fecham o pneu na emenda do aro de madeira, o que eu não teria feito, mas imagino que eles saibam o que estão fazendo.
Sistemas diversos de multiplicação, como o visto neste biciclo tiveram várias versões. Duas razões: aumentar a velocidade e abaixar o centro de gravida para dar mais segurança ao ciclista. Estes biciclos eram muito instáveis e os acidentes eram frequentes, principalmente quando o ciclista pegava algum obstáculo e era arremessado para frente.
No catálogo que se vê na mão do apresentador as primeiras páginas são para as bicicletas de segurança, exatamente como as que temos hoje, duas rodas iguais com o ciclista sentado quase sobre a roda traseira. Com elas os biciclos acabaram desaparecendo.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Dentro de uma pequena fábrica de bicicleta

Outro dia fui visitar uma pequena fábrica de bicicletas junto com Daniel. Ele chegou entusiasmado e saiu um tanto desapontado, para dizer o mínimo. Posso bem imaginar o que ele sonhava ser a fábrica, algo bem parecido com o que se vê neste vídeo. Infelizmente por uma série de razões os pequenos fabricantes brasileiros de bicicletas (assim como a maioria das fabriquetas) ainda tem estrutura e processo de fabricação muito parecido, se não igual, ao que vi pela primeira vez antes de 1960.
Outro dia soltaram um relatório assustador, mas previsível, sobre a obsolescência do parque industrial brasileiro em comparação ao que se encontra mundo afora. Esta obsolescência tem um custo muito maior que simplesmente o do atraso tecnológico. Causa enormes perdas econômicas e sociais. Causam vários problemas ambientais, o grau de precisão é baixo, pelo que me dizem é difícil encontrar até ferramenteiro (o especialista que cuida de máquinas e ferramental pesado). Mal temos mão de obra para trabalhar com estas máquinas, que são o básico do básico. Por exemplo, é muito difícil encontrar um bom torneiro, daqueles que resolviam tudo. 
Para reconstruir o Brasil teremos que sucatear grande parte do parque industrial que está ai. E junto teremos que sucatear uma mentalidade arcaica que começa dentro da fábrica e termina no comprador final.
 
O Brasil tem que criar um plano de recuperação de nosso parque industrial ou jogamos a toalha e aceitamos que seremos pobres para sempre. 
Em relação às bicicletas é fácil entender o que vem acontecendo: numa fabriqueta destas, como a que Daniel viu, é difícil conseguir uma precisão próxima ao milímetro, o que define muito da qualidade. Todos sabem que as bicicletas brasileiras são frágeis e quebram com rapidez e facilidade.  Bicicletas com padrão internacional de mercado trabalham dentro de décimo de milímetro baixo, ou seja, uma precisão quase 10 vezes maior que a das nossas. Isto faz uma diferença enorme no bom funcionamento e durabilidade, portanto na qualidade. E não estou entrando na questão dos materiais usados para a fabricação...
O resultado final? Simples: uma bicicleta básica vai rodar - sem quebrar nada - muitos anos, muitos anos, década talvez, repito "sem quebrar nada". A comparação das baratinhas daqui com as de lá é absolutamente vergonhosa