sábado, 19 de janeiro de 2013

a bicicleta ia para o lixo

Fui convidado para ficar no litoral e na casa havia uma bicicleta velha, mas boa, que estava parada fazia tanto que até a catraca estava travada de ferrugem. “Não tem jeito” disse um. “Vamos ver”, respondi.

Primeiro passo foi encher os pneus, que apesar de muito ressecados e cortados ficaram cheios. Pouca pressão, o suficiente para o aro não bater no chão, esta é a regra numa condição destas.

Segundo passo era fazer rodar o sistema de transmissão. Corrente completamente enferrujada e dura. “Vamos colocar óleo”, disse o amigo. Nunca! Nesta condição não se coloca óleo. Com uma escovinha tiramos o grosso da ferrugem. Depois, com água, soltamos a corrente. Deixa secar.

“E a catraca, que está completamente travada?” Umas batidinhas leves para frente e para trás, e para os lados, sempre trocando a posição das batidas. Ainda travada. Deitei a bicicleta no chão, coloquei bastante jornal debaixo do eixo traseiro, e ai encharquei de óleo por dentro da catraca. Mais umas leves batidinhas e um pequeno movimento. Progresso! Coloquei a bicicleta para rodar e a catraca soltou. A bicicleta funciona, muito precariamente, mas funciona.

O movimento central estava bem duro, barulhento, um som horrível. Tirei o canote de selim e joguei bastante óleo dentro do tubo de selim. Há um buraco entre este tubo e tubo de movimento central que serve para resfriar a solda dos dois. Não esqueça do jornal em baixo para não contaminar o solo. Creck creck creck.... Paciência, sem ferramenta não dá para fazer melhor.

Aproveitei e coloquei óleo na corrente. Girei bem os pedais e limpei o excedente enferrujado. Agora a corrente está praticamente solta.

Se já tínhamos uma bicicleta boa trazida de casa, agora temos uma e meia. Dá para passear devagar. Vamos lá. Creck Creck creck creck.... mas os barulhos foram diminuindo. Para quem gosta de mecânica dói no ouvido, mas para quem sabe que não há outra solução o passeio está ótimo. O carro vai ficar em casa. E assim a bicicleta foi melhorando.

A deformação do pneu traseiro, mesmo com pouca pressão, era tão grande que tive que procurar uma bicicletaria para troca-lo. Da forma que estava, sambando forte, provavelmente iria quebrar a traseira da bicicleta.

Enfim, a bicicleta que iria para o lixo vai continuar ali por mais um bom tempo. Ainda vai rodar muito. Só precisei de um pouco de óleo fino (melhor seria óleo SAE 40 automotivo), uma chave inglesa (não tinha martelo), um pouco de paciência, e um pneu traseiro novo. E vamos lá pedalar ao som do mar.