quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Specialized Hard Rock 18 marchas 1990 / comprada no Free Shop Brasif

 





Conta a história que no final dos anos 80 quem conhecia um pouco de bicicleta, já sabia o que era mountain bike e queria importar bicicletas para o Brasil correu para tentar conseguir a representação da Specialized. Um destes foi lá, disse eu faço e aconteço, falou grosso, colocou dinheiro pesado sobre a mesa, e a Specialized disse não. Então apareceram os irmãos Dränger, Luís e Roberto, o Beto, o primeiro ex-diretor comercial da Norton Abrasivos no Brasil e Beto então diretor de marketing da Elma Chips. Fizeram uma apresentação detalhada que agradou e receberam um OK prévio com uma condição: vocês vendem dois containers no primeiro ano e viram os representantes oficiais da Specialized no Brasil. Venderam 20, com um zero a mais ou 10 vezes o que foi pedido. Como? Com um acordo com a Brasif para vender Hard Rock 18 marchas como a da foto nos Free Shops dos aeroportos. E não venderam mais por pura falta de mercadoria. Custando exatos US$ 330,00, sem impostos, uma baba. Saiam dos aeroportos na caixa acompanhadas de uma lista de bicicletarias cuidadosamente selecionadas para montá-las, dentre elas o que viria a ser a Pedal Power, então só Daniel Aliperti; para quem não sabe um dos melhores mecânicos de bicicleta do Brasil, uma das mais respeitadas referências quando se fala sobre questões técnicas, respeitado por onde passa, aqui ou lá fora. O ótimo serviço de atendimento ao consumidor dirigido por Luís e Beto foi pouquíssimo acionado porque as bicicletinhas simplesmente não davam problemas, aliás, quem cuidou bem continua não tendo queixas 30 anos depois.

Uma Specialized com 18 marchas? Antes de mais nada e diga-se de passagem, maravilhosas 18 marchas que funcionam com uma precisão e suavidade quase sem igual. 
Os passadores Shimano Altus C20 para 18 marchas, 6 atrás e 3 na frente, têm uma característica muito interessante e prática: o acionamento para troca de marchas é realizada por uma única alavanca, espécie de câmbio sequencial que na época era usado em carros esportivos. É facílimo de ser usado, não tem erro, simplesmente genial. Pelo que soube a Shimano pretendia usar o mesmo sistema para a maioria de seus sistemas de marchas, mas um detalhe queimou o projeto.

Por que o passador de única alavanca não deu certo? A caixa de proteção do mecanismo foi fabricada com um plástico errado, muito duro, frágil, e quebravam. Shimano trocou todas que conseguiu, mas o estrago estava feito. Mais, o chique, sempre o chique, daquela época era ter 21 marchas, mesmo que a imensa maioria dos ciclistas não usasse (e não continue usando) mais que duas ou três marchas. Em outras palavras: os compradores sem entender nada chegaram a conclusão que se é 18 marchas é ruim, não interessando se tem pontos positivos ou não. Se não for chic, se não dá status, é ruim, ponto final. Ideia genial morta e enterrada. Trocar as marchas com uma única alavanca é mais suave, preciso, e difícil de se cometer erros.
Só eu sei a felicidade que tive ao pedalar novamente, depois de uns 20 anos, esta Hard Rock de 18 marchas com estes passadores Altus C20. A bicicletinha funciona maravilhosamente bem, é de uma suavidade e precisão impressionantes. Simples: é uma Specialized.

Mas pelo menos a história da Hard Rock no Brasil não terminou ali. 
Primeiro, o conjunto quadro e garfo foi copiado na cara dura por diversos fabricantes e fabriquetas, a maioria nem merece ser chamada de cópia.

Com as mudanças na cotação do Dólar, com a entrada no mercado interno de modelos e marcas concorrentes, as vendas da Hard Rock diminuíram nos Free Shops. A continuação do modelo se deu num acordo entre a Specialized e a Caloi para a fabricação da Hard Rock no Brasil. A ideia inicial foi, diz a lenda, tomar o lugar ao sol da Hard Rock de cromo com um quadro fabricado em alumínio e assinatura Specialized, lembrando que Caloi com sua Aluminun era o maior fabricante de quadros de alumínio do mundo no início da década de 90. Não deu certo porque foram enviados 10 quadros para testes no laboratório da Specialized e todos foram reprovados (com louvor, pelo que contaram). Hoje imagino que o problema tenha sido a diferença do tamanho e peso do consumidor final lá e cá. Brasileiros são muito menores e mais leves que boa parte dos americanos. Neste momento foi definida a fabricação, leia-se ZFM, receber os tubos, soldar, pintar, adesivar e montar, do que acabou virando a Hard Rock Made in Brazil, 21 marchas. Custando exatos US$ 330,00 foi um puta sucesso, disparado a campeã de vendas entre as mountain bike urbanas sérias. 

Conta a lenda que uma destas Hard Rock brasileiras foi dada para um caseiro, em Maresias, como pagamento pelo conserto de um telhado. A bicicleta chamou muito a atenção entre os caiçaras que pediam ao orgulhoso dono para dar uma voltinha, gostavam muito e iam comprar a sua em prestações numa bicicletaria de São Sebastião, que por sua vez se tornou o maior vendedor de Specialized do Brasil e como campeão ficou por muitos meses. Também conta a lenda, que este sucesso irritou profundamente seu Bruno, ciumento por causa de sua bicicleta de alumínio, o detonou o começo do fim da parceria Specialized - Caloi.

Fato é que passadas quase duas décadas quem tem uma destas Hard Rock não troca por nada. E eles tem razão, são maravilhosas. 

Eu, então Bike Repórter Rádio Eldorado FM, com minha Specialized Hard Rock Made in Brazil. Foto de uma matéria de jornal, creio que publicada no Estadão; 1999


quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Como não descer uma escada... pedalando


É lógico que consigo...
E de fato conseguiria caso tivesse feito tudo com um mínimo de calma e tendo parado um pouco para pensar o que deveria fazer. Em outras palavras, tendo estudado a besteira que me propus a fazer. Para finalizar, e se não estivesse sem prática. Acabei tomando um tombo ridículo de minha própria soberba.

Antes de descer estava com medo que o tapete soltasse, que se acontecesse causaria um tombo sério. Já me aconteceu. Isto me fez ser um pouco mais cuidadoso, mas muito longe do que se define como "responsável". Se estivesse menos entusiasmado para fazer a besteira teria descido a escada a pé e estudaria como contornar a curva para o segundo lance de degraus. Parar no meio do caminho foi burrice.

Comecei errando a entrada na escada. Deveria ter repetido até fazer a curva correta para entrar na escada e descer tudo de uma vez só, sem parar. Parar para fazer a curva para o segundo lance foi a causa do tombo. Óbvio que a bicicleta não sairia do lugar, ou seja, a roda dianteira travou na diferença de inclinações da escada com o pequeno plano da curva, princípio básico de física. 
Se parei, se a roda dianteira estava travada por um plano inclinado, para sair eu teria que ter jogado o corpo muito mais para trás e tirar o máximo de peso da roda da frente, talvez até levantando a frente da bicicleta, o que não fiz. Quando quis colocar a bicicleta em movimento o movimento de meu corpo foi para frente e a bicicleta ficou no mesmo lugar, física pura, o que fez meus pés escorregarem dos pedais e tudo capotar para frente.

Bicicleta e ciclista têm que estar no mesmo movimento. Se a bicicleta parar ou estiver mais lenta que o corpo do ciclista ele, ciclista, vai para frente ou mesmo por cima do guidão, simples assim.

Confesso que gostaria de voltar lá e repetir até fazer correto, mas infelizmente a casa foi vendida. Tem uma outra escadaria que gostaria de descer, mas se tentar Teresa e os outros moradores me matam. Ou talvez melhor não fazer besteira. Fazer besteira, melhor, tentar tem que tentar, é aprendizado. Não pode é se quebrar e para isto tem que pensar. 
De qualquer forma, como dizem na minha família, "velho não se mete a besta". Fazer o que?

Neste Ciência do Absurdo aparecem algumas explicações 





quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Caixa de câmbio para bicicletas


É óbvio que eu gostaria de ter uma bicicleta muito mais leve, destas peso pena, mas não dá tanto pelo preço absurdo como pelo perigo de ser assaltado. Então fico com a minha e estou feliz, de verdade. Preso mais minha liberdade que uns quilos a menos.

Fazia muito que não sentia tanta coceira quanto estou tendo para ver e experimentar uma bicicleta com caixa de câmbio no movimento central. Tudo que tenho lido a respeito fala maravilhas e aponta para que a novidade seja uma mudança de paradigma. Aí não sei se faria uma loucura.

Com a caixa de câmbio no movimento central acaba a possibilidade de as trocas de marchas ficarem imprecisas, do câmbio entortar ou mesmo quebrar, da corrente emporcalhar, de pular marcha, do desgaste de engrenagem... Acabam todas ocorrências triviais e desagradáveis que os câmbios tradicionais podem ter. Mesmo que você mergulhe a caixa de câmbio num mar de lama ela vai continuar funcionando perfeitamente. Manutenção? Praticamente zero. Facilidade de troca de marchas? Total, pedalando, não pedalando, pedalando para trás, fazendo esforço... como queira, nunca falha, trocas absolutamente precisas sempre. Relação de marchas? A mesma dos melhores câmbios com redução para subir poste, se quiser. Se for com correia dentada nem lubrificação é necessária. Com o detalhe que a roda traseira não precisa de raiação com guarda-chuva, em outras palavras, muito mais rígida e resistente.
Mais, abaixa o centro de gravidade da bicicleta, que com isto fica mais estável. Tira peso da roda traseira o que melhora aceleração e frenagem. Faz muita diferença para o bom funcionamento da suspensão traseira.
 
Contras: ainda é um pouco mais pesado que o conjunto do câmbio tradicional, mas pelo que tenho visto é mais pesado que os modelos top de câmbio traseiro, não sei como será a comparação com os modelos mais simples e baratos. 

Estas caixas de câmbio ainda não estão completamente desenvolvidas, há vários projetos diferentes, com princípios diferentes de funcionamento, mesmo assim todos são elogiados. Há um projeto onde a coroa não está fixada ao eixo do pedivela que vem sendo muito elogiado porque simplifica muito todo sistema, alivia um pouco o peso e tem cheiro de bom caminho para o futuro.

E eu estou babando! 
Que novidade!

Não, não é novidade. Há registro de caixas de câmbio patenteadas antes de 1900. Inventadas para bicicletas, passaram para os automóveis e motos e agora voltam para as bicicletas. A bem da verdade os cubos traseiros com marchas tão comuns em bicicletas urbanas europeias usam exatamente o mesmo princípio. O Sach Huret Torpedo 3 Speed foi o primeiro sistema de marchas a ganhar um Tour de France isto em 1907 (propaganda abaixo). Enfim, o conceito básico é exatamente o mesmo de uma caixa de câmbio.
Este é o futuro até porque faz todo sentido numa bicicleta elétrica. Com correia dentada então...



terça-feira, 9 de novembro de 2021

O sprint da 14° Desafio da Serra do Rio do Rastro

Mais de 1300 metros de altimetria, subindo sempre, em 23.8 km (Strava). Vencedor em 1h14m. Eu 2h34m48; nada mal para o velhinho.

Terminei perdendo uma colocação no geral por um décimo de segundo para um francês. Sprint final consegui deixar para trás alguns já exaustos pela duríssima subida, dois da minha categoria, mas fiz o erro de achar que o francês, minha última ultrapassagem, 300 metros da chegada, estava morto. Ele não só veio atrás como pegou o vácuo e por um mísero centímetro cruzou na frente. Lógico que fiquei chateado, mas foi por bem pouco tempo. Valeu muito mais a diversão, o emocionante sprint final, e principalmente o aprendizado. Nunca subestime ninguém.

Não perca a oportunidade de esticar seu esforço para chegar a frente. Tivesse eu esticado a bicicleta para frente, técnica de ciclismo de competição que não tenho, teria cruzado a chegada um décimo a frente do francês e não atrás. Imediatamente após a "vitória" dele bati no ombro do meu bravo rival, apertei sua mão dando sinceros parabéns, e minha chateação meio que acabou alí. Nos falamos um pouco depois de nossa "feroz" disputa e rimos da brincadeira. O vencedor reclamava das dores nas pernas, um pequeno e perverso prazer para o "perdedor".

Jean Paul ao centro, de amarelo, conversando
"Nunca subestime ninguém" ficou rondando minha cabeça, e subestimei, ou avaliei errado. Ele estava distante, a frente do adversário mais próximo, provavelmente controlando a situação, mas definitivamente não estava morto e este foi meu principal erro. Me aproximei olhando para ver se era concorrente direto, mas só quando estava lado a lado é que vi que sim, tinha minha idade. Não achei que não viria atrás, outro erro. Passei, ele juntou forças, veio junto, e num movimento de quem sabe pedalar e conhece ciclismo entrou no meu vácuo e saiu no momento exato para cruzar a frente, um centímetro, um décimo. 
Parabéns francês! Jean Paul Gilles é seu nome. Espero que nos cruzemos novamente. Fazia muito tempo que não me divertia tanto.


Eu aprendi mais uma. Valeu.


quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Ansiedade antes do Desafio da Serra do Rio do Rastro

Hoje à noite pego um ônibus para Rio do Sul, Santa Catarina, e de lá para Bom Jardim da Serra. Domingo participo pela segunda vez do Desafio da Serra do Rio do Rastro. Com certeza ansioso, não sei exatamente quanto, mas ansioso. Não faço ideia de como vou terminar ou mesmo se termino os 28 km de subida com 1.200 metros de altimetria. Sobe, sobe, sobe, e nos últimos 5 km de serra sobe para valer. Faltam quatro dias e daqui para frente é controlar a ansiedade.

Qualquer um sabe dos malefícios da ansiedade nas trivialidades da vida, mas poucos sabem do tamanho da perda de rendimento que ela causa. Só dimensionei quanto faz diferença quando publicaram um artigo sobre o treinamento que ciclistas do Tour de France recebem para controlar suas ansiedades. Não fazia ideia que mesmo para os especialistas em subida o finalzinho, aqueles 500 metros antes da chegada, é bem complicado até para as feras.
Em 1984, subindo numa Caloi 10 a serra para Visconde de Mauá, ainda de terra, aprendi que olhou para cima, procurou o fim do sofrimento, dançou bonito. A subida termina quando ela termina, parece óbvio, mas definitivamente não é. Não pensar, se distrair com a paisagem ou im qualquer outra besteira, controla a ansiedade, e menos ansiedade, mais fácil subir até para a musculatura.


Ontem subindo a Rebouças fui ultrapassado ainda no início da subida por um jovem pedalando uma boa bicicleta de estrada em disparada. A três quarteirões do final morreu, desceu a bicicleta e começou a empurrar com língua pendurada. Passei por ele e como um velho pai ou avô orientei: "Comece devagar para terminar rápido" e ele respondeu "Estou parado a tempo". Tenho experiência suficiente para saber que mesmo que ele estive em plena forma começando a subida feito vaca louca é líquido e certo que vai morrer. Pior ainda, segurando o guidão na parte de baixo da curva.

Controla-se a ansiedade através da respiração, isto é o básico do básico. Desacelerou a respiração a coisa volta ao normal ou melhora muito. Para respirar direito é necessário abrir o tórax, levantar a cabeça, dar fluidez ao ar. Corpo e ou cabeça baixa não ajuda em nada.

Cá estou eu tentando relaxar, mas não consigo. Quero mesmo é entrar no ônibus e ir embora. Lá no sul dou umas pedaladas leves para relaxar. E domingo... sei o que vai dar.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Pneu na chuva fura mais?

Chuva provoca mais furos de pneu? Minha larga experiência diz que sim, principalmente aquela primeira chuva fraquinha, os furos são mais frequentes. Por quê? Não sei exatamente, mas suponho. Numa chuva que não lave o asfalto a sujeira e objetos cortantes acabam sendo tirados do meio fio e levados para dentro da rua. E talvez estes mesmos objetos cortantes, pequenos pedaços de vidro, grampos, malha de aço de pneu de carros e caminhões, acabem meio que colados no asfalto e depois no pneu. 
E no meio desta dúvida de amigos, a bem da verdade minha também, decidi pesquisar.

Num ótimo artigo da cyclingtips.com (link no final) aparece uma explicação tirada do setor automobilístico: o molhado lubrifica os objetos cortantes, o que facilita o corte do pneu e consequente furo da câmara. É ciência explicada num rápido "filme que demonstra o princípio com sutil elegância" segundo o autor do texto da Cycling Tips, Matt Wikstrom. 
De qualquer forma nem eu nem Matt descartamos estas suposições. Simples experiência de vida: no seco os objetos cortantes acabam indo para o meio fio, dependendo da chuva voltam para a rua; visível a olho nu. Então primeira dica: na chuva pedale mais distante do meio fio, o que ajuda e muito.

Bom, furou, e daí?
Consertar furo de câmara no molhado é mais que chato, tem uma grande probabilidade de não funcionar, de um tempo depois o pneu murchar novamente. O ideal é trocar a câmara sem se esquecer de passar a mão por dentro do pneu para ver se o objeto cortante não continua lá. O correto mesmo é olhar com muito cuidado a banda de rodagem para ver se o maldito objeto cortante continua lá, o que é comum. É fácil acontecer de ser invisível ou o dedo não sentir nada por dentro, de pequenos pedaços de fio de aço, grampo ou vidro só transpassar o pneu rodando. Se não forem retirados vão continuar provocando micro furos, o que é um saco!

Quando se vai a uma bicicletaria para consertar o furo a regra para eles é trocar a câmara por uma nova. Bicicletarias fazem isto porque é mais rápido e tempo é dinheiro. Mais, a diferença de preço que cobrariam para remendar ou trocar a câmara é pequena, e normalmente não vale a pena - para eles. Se você não pegar a câmara velha para remendar em casa ela irá para o lixo. 

Fazer um remendo é muito fácil, qualquer um consegue. Com uma bomba de mão enche a câmara, passa a mão para localizar o furo, marca a localização com uma caneta esferográfica, lixa o local do furo e seu entorno num espaço maior que o remendo, coloca uma fina camada de cola, espera um pouco secar a cola, retira o plástico do remendo, centraliza e cola. Para terminar recomendo que pressione o remendo com a mão ou, muito melhor, com a própria bomba para reforçar a adesão do remendo. Pronto, você tem uma câmara reserva. Espero que não use na próxima chuva.

Dá para evitar furos na chuva ou mesmo no seco? A única resposta que não deixa dúvida é rodar com pneus e câmaras de boa qualidade. Quanto melhor menos problemas. Como dizia minha mãe "Já viu coisa (muito) barata ser boa?"


https://cyclingtips.com/

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Como será a bicicleta do futuro?

Será que a bicicleta do futuro será o que diz e manda o mercado? Provavelmente, mui provavelmente. E infelizmente. Bicicleta deveria ser ou tem tudo para ser mais uma vez a alavanca para mais uma revolução, desta vez a ambiental, mas a ambiental para valer, não mais uma maquiagem.

A grande revolução da bicicleta está justamente no altíssimo grau de eficiência que sua simplicidade oferece. Vide as 'velhas holandesas', as "old dutch", aquela bicicleta feminina minimalista que virou símbolo de mobilidade inteligente, mais, cidade inteligente, vida inteligente, economia sadia com justiça social, meio ambiente de fato preservado... Uma old dutch tem pouquíssimas peças, dura muito, custa pouco e tem baixíssima manutenção e, sobretudo, de fato é ambientalmente correta.

Como será a bicicleta do futuro? A bicicleta dos sonhos de quem acompanha a evolução das bicicletas de marca, as de grife, as que dão status? Então estamos fodidos, pelo menos ambientalmente.

Começando pelo freio a disco hidráulico, o fluido é altamente poluente. Pergunto: como é feito o descarte deste fluído que tem que ser trocado de tempos em tempos? Eu uso freio a disco mecânico que é reciclável.... ou menos poluente. Hidráulico ou mecânico a poluição continua nas pastilhas, muito menos preocupante a olhos vistos, mas está lá a cada freada.

Pneu sem câmara é interessante, mas para funcionar bem precisa de um líquido selante que... também é muito poluente. E se o pneu fura ou apresenta algum vazamento, até onde sei, tem que trocar todo líquido selante, o que já vi fazerem e me pareceu um absurdo ambiental. 

Motor elétrico e sua bateria é um sistema complexo na fabricação, manutenção, descarte ou reciclagem. Reciclagem? Alguém ouviu uma palavra sobre esta reciclagem? 

Mais, está tudo ficando elétrico e de onde se vai tirar tanta energia elétrica para alimentar nossas vidas acomodadas? A verdade verdadeira é que ninguém sabe onde vai dar, ambientalmente falando, toda esta maravilhosa revolução elétrica. Qual impacto trará o descarte das baterias? para ficar na pergunta mais simplória. Melhor, qual o impacto ambiental (e social) que já estamos tendo com o descarte de baterias e afins?

Sobre o capacete que aparece na matéria do Estadão deixo um ditado holandês:
Nós, holandeses, pedalamos. Americanos usam capacete.
Tem uma sutileza aí que liga as bicicletas elétricas com o capacete: velocidade. Quanto maior a velocidade do ciclista mais necessário se faz o capacete. Mas tem mais outra sutileza: há uma relação direta entre velocidade e respeito ao meio ambiente. Quanto maior a velocidade do trânsito (ou mobilidade) mais deteriorado é o meio ambiente, e são inúmeras as razões, por poluição direta e indireta, palpável ou não.

Uma coisa é pedalar numa ciclovia cheia de ciclistas com bicicletas não assistidas, ou não motorizadas, outra, completamente diferente e não tão agradável, é pedalar no meio de ciclistas eletrizados. 
Como será a bicicleta do futuro? A resposta deve vir acompanhada com outra pergunta: Como será o ciclista do futuro? Não é o automóvel que faz mal, mas a forma como seu proprietário o usa. Por que não podemos ter a mesma situação com os ciclistas?


sábado, 2 de outubro de 2021

"Tem que trocar o pneu"

- Eu vou alugar um homem para ir à oficina (funilaria de automóvel) comigo!
- O que houve?
- O mecânico me chamou de mulher burra.
- E você não fez nada?

As duas entraram na bicicletaria do supermercado da av. JK com um pneu traseiro furado. Pediram para consertar, o mecânico olhou bem e disse "O pneu está cortado, precisa trocar". 
- Agora não dá tempo. Por favor conserta o furo que estamos atrasadas. 
Ele insistiu, fez troca da câmara, encheu o pneu e cobrou sem mais palavras. Elas agradeceram e saíram.

Uns dias depois ela me telefona pedindo para resolver o pneu cortado. Pedi para levar a roda lá para casa porque tinha um e lá foi ela. 
- Upa! Bontrager! Este modelo (uso misto) é um dos melhores que já tive. Pena estar cortado.
- Eu também gosto. Fico triste em ter que trocar.
Desmontei o pneu depois de uma rápida olhada nos dois lados, passei os dedos por dentro e não encontrei nada. Abri o pneu contra o chão e fui procurando com cuidado onde estaria o corte; nada. Montei o Bontrager e coloquei pressão para ver onde estava a deformação. Ela olhava.
- Deve ser aí; apontou para um fiapo solto próximo ao aro.
- Não, isto é normal num pneu destes já rodado. Não faz qualquer diferença.
E com pneu duro rodei a roda para procurar alguma deformação ou desalinhamento. Pneus com cortes deformam, isto é líquido e certo. Nada, perfeitamente alinhado. 
- Foi tentativa de golpe, coisa tão comum. Pega o trouxa!
- Não acho difícil. Ele parecia sério. Não tem problema mesmo?
- Pelo que você usa este pneu vai durar mais uns muitos anos. A bicicleta vai acabar junto com o pneu, fica tranquila. Menina, é um Bontrager!

País rico é assim: troca! A maioria embarca nesta porque ser rico é chique, sucesso é ter dinheiro para pagar, mesmo que não tenha dinheiro. O importante é mostrar que "pode" e que "não pode passar vergonha". 

A primeira vez que estive em Amsterdam fiquei muito impressionado com o estado da maioria das bicicletas. Muito parecido com as bicicletas populares que eu via no litoral de São Paulo: se está rodando está legal. O resto é resto.

- O mecânico me chamou de mulher burra.
(Mal sabia que a mulher burra em questão tem doutorado, é professora universitária. Já o mecânico...)
Não se trata de quem está sendo atendido. Não se trata de um pneu. Se trata de que país você quer.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Marcas de bicicletas desaparecidas


Quando liberaram a importação em 1990 começaram a aparecer no mercado brasileiro algumas marcas de bicicletas mais populares que mesmo quem seguia o que estava acontecendo no mercado internacional nunca tinham ouvido falar, vindas da China, Taiwan e Coreia do Sul. O mercado em 1989, 1990, 1991 era pequeno e bem elitista e o pessoal torcia o nariz para estas bicicletas mais simples. Olhando bem, pedalando uma em bom estado, e deixando de ser besta se descobre que a maioria destas 'marcas desconhecidas' eram bem boas.  

A maioria eram fabricadas em aço rápido ou hi-tensile, pouquíssimas em cromo-molibdênio. Lembro que na época as marcas americanas mais conhecidas eram em sua maioria em cromo-molibdênio, e umas poucas em alumínio, todas top, como Cannondale e Klein em especial, fora algumas marcas europeias caras e não tão boas quanto as americanas.
Muitas destas marcas simplesmente desapareceram do mercado. Se o Brasil não é para principiantes, o mercado de bicicletas brasileiro daquela época não era para qualquer um, mas para sobreviventes, para ser extremamente delicado e cordial.
Simples assim: o container cheio de Nishiki chegou, desembarcou no porto e sumiu. Como sumiu? Hora, sumiu, nunca mais foi visto, desapareceu, e não se fala mais nisto. Os dias eram assim. 
Uma das marcas que vieram naquele princípio dos anos 90 e explosão do mountain bike foi a Peugeot trazida por dois senhores muito simpáticos que acabaram mais perdidos que cego em tiroteio de favela (comunidade) do Rio. De partida tinham preço de França, bem caro em relação às outras marcas, depois tomaram pagando imposto cheio para tudo quanto é lado. Eram gente finíssima, do bem, nesta baderna não podia dar certo. Não deu. Felizmente o lote que trouxeram não era grande, mas o ferro deve ter sido.

Voltando às marcas de bicicletas básicas que ficaram no mercado por um tempo, comparadas as bicicletas brasileiras também básicas a diferença de qualidade era enorme em todos sentidos. Konnor era uma delas. Na verdade, deveriam concorrer com as nacionais, mas dado os impostos concorriam com as marcas famosas americanas, Trek, Specialized, GT, Diamond Back, Mongoose e outras. Confesso que não sei quantas marcas foram trazidas com licença do fabricante e quantas vieram em lotes comprados por uma pessoa ou empresa, sei lá onde, numa liquidação, negócio de ocasião ou qualquer outra oportunidade e trazidos. Specialized, Trek e Cannondale sei que tiveram representantes oficiais.  

Algumas destas marcas desconhecidas trouxeram alguns modelos top de linha. Este texto surgiu depois que vi uma Peony toda original, quadro e garfo de cromo-molibdênio, com Grip Shift original, 21 marchas Shimano, freios cantilever Sun Tour para ciclocross, aros de alumínio de primeira 36 furos, cubos Shimano, uma poesia de MTB provavelmente 1990. O interessante é que o pessoal ciclista que estava em volta olhou sem fazer ideia do que é e de sua qualidade. Nos anos era igual. Valia marca famosa.

Faz um bom tempo dois moleques seguiram a mim e Teresa provavelmente para ver que bicicletas estávamos pedalando. Pararam ao nosso lado no semáforo, olharam para as duas bicicletas, grudaram os olhos nos freios cantilever de Teresa e soltaram um "lindos freios tia", e foram embora. Nos livramos do assalto, com certeza, mas aprendemos que a molecada entende mais de bicicleta que os 

Fato é que se alguém tiver vendendo por bom preço uma bicicleta importada simples dos anos 89, 90 até uns 94, vai e dá uma pedalada. Você vai se surpreender. Comparadas com o que temos hoje são maravilhosas.

domingo, 19 de setembro de 2021

Ciclocomputadores ou pedalar?

Na minha época (faz tempo!) quem tinha velocímetro era rei. Os melhores eram da VDO, a mesma marca usada nos carros e motos e da mesma forma acionados por cabo e uma pequena roda dentada fixada nos raios próximo ao eixo. Analógico, tinha ponteiro que marcava velocidade, mais um odômetro, e ponto final. Era o must!

Um dos primeiros, talvez o primeiro, ciclocomputador chegou ao Brasil pelas mãos de meu pai, um alucinado por novidades eletrônicas. Montei o Cateye em minha bicicleta e foi um sucesso geral. No começo eu vivia olhando a coisa funcionar, mas não demorei muito para descobrir que estava ficando mais louco do que já era. Gosto de pedalar, mas definitivamente não sou de ficar medindo, comparando, fazendo planilha, marcar tudo no caderninho, ter treinamento regrado. O brinquedo acabou sendo desinstalado e foi parar no Mubi, museu de bicicletas de Joinville. 
Só voltei a colocar um outro muito tempo depois na minha primeira bicicleta de estrada, maravilhosa KHS, mas também não usei como deveria. Não tenho espírito para a coisa. E agora que pretendo fazer a prova do Desafio do Rio do Rastro voltei a usar um ciclocomputador, mas, novamente, não levo jeito e tiro pouco proveito.

Algumas coisas já 'deu' para concluir. Me chamou atenção que as distâncias que pedalo são mais curtas que minha fértil imaginação sempre sonhou. Outro ponto é minha velocidade média que também é mais baixa. Natural, bem-vindo à velhice. De qualquer forma as marcações estão ajudando.

No final estou usando dois, o Decathllon mais simples, com fio, e um wireless Cateye todo sofisticado que ganhei do Zé. O Decatlhon está na minha 26, só dá velocidade e distância enquanto você pedala. Para ver a velocidade média e odômetro é preciso parar, o que a princípio achei um absurdo, mas hoje sei que é seguro. O Cateye que instalei na minha 29 tem todas funções que se possa imaginar no modo "a", mais algumas no modo "b", para mim coisa de volante de Fórmula 1. Se bobear fico procurando informação, portanto, não olhando para frente como deveria, portanto menos seguro. Óbvio que para quem planilha treinamento deve ser ótimo. Eu quero pedalar.

A foto ilustrativa explica bem minha rara habilidade no uso de celulares e ciclocomputadores. Confesso que gostaria de saber como a foto saiu assim.

Consequências de um dente problemático

Um exemplo preciso: O pequeno e alegre poodle estava amuado, tristinho, e com um bafo de jacaré horroroso. Levamos ao veterinário que extraiu três dentes. Não podíamos acreditar na melhora que o poodle teve dois dias depois da extração.  

Cachorro não é gente, mas gente também tem dente e dente com problema faz mais mal que se possa imaginar. Dentista não é gasto, mas investimento, e dos bem rentáveis.

Outro exemplo: A primeira coisa que fazem com um menino que tem jeito para esporte é cuidar da boca dele. Um dia publicaram a diferença de rendimento antes e depois de um bom tratamento dentário e é muito grande. É o que se pode dizer "faz toda diferença".

Confesso que fazer um preparo para a prova do Desafio do Rio do Rastro está sendo divertido. Eu nunca me preparei para uma prova ou campeonato porque não tinha tempo. Adoro acordar cedo, não para treinar, mas para trabalhar. Minha coluna não aguenta mais ficar sentado trabalhando no computador. Já faz tempo que tenho escapado de casa para rodar ou correr e descansar a bunda da cadeira. Desta vez fico fora um pouco mais de tempo, este é meu trino, e estava, melhor, estou melhorando minha condição física. 
Faz uns dias comecei a sofrer o que imaginei fosse stress de treinamento. "Será possível?" Mais cansado, pedalando mais devagar, pesado, sem muita vontade, dores estranhas nas pernas quando corria. Como não exagero achei estranho. Apareceu uma tensão no pescoço e depois uma sensibilidade estranha num dos dentes de trás. Telefonei para a dentista, ela retornou rapidamente, tinha horário "agora", cheguei lá rapidinho pedalando, ela passou o dedo na minha gengiva, deu um passo para trás, e depois de me olhar um pouco disse;
- Você está com um abscesso na gengiva. Pela minha experiência digo que você trincou a raiz de mais um dente. Vamos fazer uma tomografia para confirmar, mas é praticamente certo.
Explicação: sofro de bruxismo, tendência a ranger os dentes enquanto estou dormindo, dai já ter trincado ou partido raízes e perdido dois dentes, um molar e outro pré molar, na arcada esquerda superior. Daqui para frente terei que dormir com uma espécie de dentadura de silicone que diminui ou zera as consequências do bruxismo. Já deveria estar usando, mas... cabeça dura... Foi-se mais um dente.

Não é só ir ao dentista, mas aprender como cuidar bem dos dentes, usando fio ou fita dental, escovando corretamente com a escova certa, movimento e intensidade corretos, pasta de boa qualidade e na quantidade correta, e finalmente nos momentos apropriados. Não para por aí, é saber mastigar, qual o tamanho do pedaço que se deve colocar na boca, que alimento é correto, quais devem ser evitados... Tudo para ter dentes sadios. Faz toda diferença, e como faz. 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Medidas de rodas e pneus das bicicletas brasileiras, uma provável história

O resumo da ópera é mais ou menos este: antes de 1960 (aproximadamente) e depois. Antes foram as importadas, depois as nacionais.

Quando Monark e Caloi se firmarem como gigantes e dominantes foi praticamente uniformizada a rodagem e os pneus usados nas bicicletas fabricadas no Brasil, provavelmente por causa do espantoso sucesso da Monark Barra Circular que usava rodas 26 1.1/2X2, também conhecidos como (pneu) balão. Este diâmetro e o tipo de pneu foi determinado pelo tipo de calçamento que tínhamos então, estradinhas de terra, cidades com ruas ainda em terra ou paralelepípedo. 
No vácuo da Monark Barra Circular e com sucesso muito mais discreto surgiu primeiro as Caloi Barra Dupla e depois a Caloi Barra Forte, todas usando a mesma rodagem. 
Em 1971 é lançada a Caloi 10 (e primeiras Ceci) com sua rodagem 27 e pneu 1.1/4, conhecidas então como pneu fino, popular entre a população mais rica. Finalmente a partir de 1986, com a Caloi Cruiser Extra Light e posterior explosão do mountain bike vai se consolidar no mercado nacional como modelo básico as rodas 26 com pneus 2.1. Rodas 700 e pneus 40 só colaram no mercado bem depois. E finalmente este surto de rodas 29, que é uma roda com aro 700 e pneu 2.125.
 
A grosso modo, antes da Monark Barra Circular a indústria nacional não atendia todo mercado e havia importação de bicicletas principalmente da Europa. A variedade de rodagens e pneus então era grande; 28, 27, 28 1.5/8 hoje conhecidos com 700, 26X1.3/8 (com diâmetro um pouco maior que o 26) dentre outros. Inglaterra, França, Suécia, Itália e Alemanha fabricavam com medidas específicas. Os ingleses foram especialistas em medidas próprias. Quem viveu aquela época sabe que as bicicletas eram ótimas, mas que podia ser uma loucura encontrar pneu ou câmara.

Como curiosidade, a Monark Barra Circular foi lançada com rodagem 28, o 28 inglês, uma roda de grande diâmetro, parecido com o de uma 29 atual. O pneu devia ser 1X1/2. Vi pouquíssimas destas, a última rodando no interno do Jockey Club de São Paulo.
A Caloi Ceci nasceu com a mesma rodagem e pneus da Caloi 10 e logo seguido ao seu lançamento, creio que já em 1972, passaram a usar o 26X1.3/8. A terceira modificação veio com os aros 26 e a consequente uniformização de toda produção. A Ceci passou a usar 26 com pneus 1.5 e as Barra Forte 26 com 2.1.
Lembro que o diâmetro da roda define o comprimento dos tubos da forquilha traseira e do garfo, a bem da verdade de toda a geometria do quadro. É fácil identificar as primeiras Ceci com aro 26 porque a roda parece menor do que deveria ser para o quadro, e de fato era.

Faz alguns anos tentaram colocar no mercado a rodagem 27 1/2, mas não colou. O setor hoje trabalha em cima da uniformização, o que tem muitas vantagens inclusive para o público usuário.

Quem pedalou com diversas rodagens sabe que diâmetro maior ou menor faz diferença. Tenho ótima recordação das 28 originais, as da década de 40 e 50, inglesas ou suecas. É difícil embalar, mas depois, principalmente no plano, é uma delícia, vira um Cadillac (rodas suave e confortável). Claro que nas subidas "haja perna!". Mas nas descidas... sai da frente! Um pouco menos ágil nas curvas. Enfim, tipicamente bicicleta de transporte urbana.
Rodas de diâmetro pequeno aceleram mais rápido, tendem a subir mais fácil e são muito mais ágeis no mudar de direção. Talvez por isto uma bicicleta de triáthlon, creio uma Nishiki lá pelos 1990, que tinha rodagem 24 não deu certo. Gostaria de experimentá-la.

Qualquer que seja a rodagem se puder ($$) opte pela roda mais leve. Faz uma diferença enorme.
E em relação aos pneus sempre busque os de melhor aderência e deslizamento, o que também faz uma diferença enorme. 
Qualquer que seja a rodagem, que esteja perfeitamente bem montada e centrada; mais diferença ainda.

Quando vai acabar a confusão do mercado de bicicletas?

Eu li o artigo em inglês sem saber que a Revista Bicicleta já tinha publicado em português. Parabéns! 
Recomendo.

O Brasil foi o 3º maior produtor de bicicletas do planeta e praticamente desaparecemos do cenário mundial. Culpa dos chineses? Definitivamente não. Competência dos chineses. Antes deles competência de Taiwan. Antes competência do Japão. E definitivamente profunda incompetência de nossa indústria e de todo o setor, com raríssimas exceções.

Quanto do que dispomos no nosso mercado é fabricado no Brasil? Qual a qualidade? Comparado aos importados como fica? Qual é sua opção? Você sabe quais são as marcas realmente fabricadas no Brasil? Sabe nominar as marcas nacionais que tem qualidade para valer? Quais são os nossos fabricantes que tem escala e qualidade para entrar num mercado americano ou europeu?
Não tem nada a ver com nacionalismo, com voltar a proibição de importação, que foi defendida a ferro e fogo na época do oligopólio Monark - Caloi, e acabou sendo uma das razões para o desmonte do setor da bicicleta brasileiro. Muito pelo contrário, temos que entrar no global play e jogar para ficar, crescer, ganhar. 
Podemos produzir com muita qualidade, mas por diversas razões boa qualidade é exceção, infelizmente. Eu gostaria de ter uma suspensão ProShock, brasileira, fabricada em São José dos Campos, mas o preço é quase proibitivo, difícil concorrência com as importadas. Porque? Custo Brasil! Estúpido e inaceitável "custo Brasil".

O Brasil fabrica em larga escala motos populares de alta qualidade. Por que não acontece o mesmo com bicicletas? A resposta é simples: porque o setor dos veículos motorizados, incluindo motos, é bem organizado e controlado. O mesmo não acontece com as bicicletas onde faz pouco que se começou a falar em qualidade de maneira séria, mas ainda numa escala insipiente para o tamanho do mercado. 
Temos um mercado consumidor bom, falta políticas públicas para organizar tudo. Sem isto continuaremos muito dependentes do mercado internacional, o que estrategicamente não é muito inteligente. Transporte é vital em nossa sociedade e bicicleta cumpre uma funsão praticamente única na estabilidade da vida da população. Vai muito mais além do "ambientalmente correta, faz bem para a saúde,  pessoas felizes..."

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Ciclovia do Rio Pinheiros aberta até as 23:00...

A ciclovia do rio Pinheiros no trecho Jaguaré - Ponte Estaiada ficará aberta até as 23:00 h a partir de... daqui uns dias, não sei exatamente a data; que seja. Para pedalar a partir de 18:30 h., horário que hoje é fechada para entrada de ciclistas, é necessário fazer cadastro no endereço -  https://www.ciclofriends.com.br/cadastro , site "ciclo.amigos". Receberemos uma carteirinha que deverá ser apresentada na entrada da ciclovia por motivo de segurança, com o que concordo plenamente. Aos que discordam da carteirinha lembro que o trecho de ciclovia entre a Ponte Cidade Jardim e Socorro tem o apelido de "faixa de gaza".

Ontem voltei para casa com um calorzinho de verão, lua quase cheia, começo da noite. Entrei no trecho Cidade Jardim - Cidade Universitária lá pelas 18:20 h. Delícia de pedalada. Os responsáveis por esta ciclovia vêm enfrentando há muito o problema de tirar ciclistas que entram um pouco antes do fechamento e continuam rodando até quando bem entendem, pouco se importando com os pedidos dos funcionários da ciclovia que com isto voltam mais tarde para casa. Esta pressão individualista, indelicada e bem pouco civilizada provavelmente deve ter levado as autoridades a pensar e agir para manter a ciclovia aberta. 
Até onde sei a ciclovia do outro lado do rio, entre Cidade Jardim e Socorro, fica aberta direto, 24 horas, porque tem muito trabalhador circulando até de madrugada. Já vi umas poucas vezes PM de moto circulando por lá, mas não basta, os assaltos pelo jeito continuam. 
Me ocorre que com a abertura da ciclovia Jaguaré - Ponte Estaiada toda iluminada, provavelmente cheia de ciclistas abonados e suas bicicletas caras, o pessoal do mal vai migrar da faixa de gaza para as entradas da novidade iluminada. Em outras palavras: vamos ver se por razões de mercado melhora a segurança na faixa de gaza. ("It's the economy, stupid." - James Carville,1992)

Um dos melhores momentos de minha vida foi quando Olavo Setubal, um dos proprietários do Banco Itaú, então Prefeito de São Paulo (e que prefeito!), manteve aberta a piscina do Pacaembu até as 22:00 h., o que nunca foi repetido. Nadar, pedalar, correr, caminhar ou fazer qualquer atividade física ao ar livre numa noite quente é um prazer inominável. 
Não sei qual será meu prazer na ciclovia iluminada porque não sei quantos ciclistas usarão luzes piscantes no olho dos outros. Pimenta no olho do outro não arde! Se lotar como está lotada de manhãzinha e virar uma árvore de natal psicodélica estou fora. Até porque fora vai estar mais seguro que já é. De qualquer forma a novidade é ótima, mais que bem-vinda.

Sou favorável a qualquer melhoria, mas para mim melhoria é um conceito intimamente ligado a respeito pelo outro. Para mim ciclista que precisa pistar e segar para ser visto não sabe pedalar, tem medo do convívio com outros e deveria ficar em casa, na cama, escondido debaixo do cobertor.

Próximo a ponte Jaguaré antes da iluminação 


segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Alfameq Ghibli

Mesmo na foto é possível ver que a traseira é bem curta. A distância entre eixos também é curta. O resultado acabou sendo pedalar um puro sangue, uma mountain bike de reações rápidas, forte aceleração, transferência direta dos pedais para o chão, um forte poder de subida, tão forte que nas mais íngremes era preciso ter uma posição de corpo toda especial ou ela levantava a frente e capotava para trás. A primeira vez que saí com esta Alfameq Ghibli fiquei impressionado como ela era dura, áspera, sensível. Pedalar no limite com ela definia quem era você como ciclista, qual seu nível de técnica. Coisa de italiano (Alfameq) que se junta com alemão, Luiz Kuhlmann, o projetista. 
Ghibli é o nome dos ventos que vem do deserto do Sahara. Quentes.
A Alfameq Ghibli virou um dos ícones do início do mountain bike. Só entende por que quem pedalou uma. Esta minha da foto foi roubada em Joinville já faz tempo. Era montada com Suntour de 21 marchas tendo com passador de marcha um Y que corria por baixo do guidão, para mim um dos mais geniais sistemas, mas que não colou.
Fico feliz de ter dado bons prazeres a ela. Pedalei muito por São Paulo, fiz algum mountain bike, e tive uma oportunidade única de viajar para Holanda, NY e ver o mundial de MTB em Vail rodando com ela. Em NY tive mais sorte ainda porque peguei um feriado de três dias, Dia do Trabalho, uma comemoração religiosa judia, e domingo, e as ruas estavam vazias, fato raro por lá. No primeiro dia tive que parar o passeio por completa exaustão. Os poucos ciclistas que cruzei babaram nela. 
Obrigado menina. Saudades.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

As duas ótimas bicicletas do Bike Repórter Rádio Eldorado FM

Tive muita sorte como Bike Repórter Rádio Eldorado FM (1999 - 2001) e recebi apoio das marcas de bicicleta Alfameq, a original, e nos últimos meses da Scott. Bicicletas simplesmente mágicas. Não posso deixar de citar aqui o apoio que recebi da Oympikus, que na época tentou emplacar roupas e tênis de altíssima qualidade, o que não deu certo porque a marca para o povo brasileiro não é de "rico". Idiotice completa. Olha só; quando fiz o Bike Repórter a bicicleta era coisa de pobre e quem pedalava ou era louco ou imbecil, para não ir mais longe. Veja só como as coisas mudam.
 
Comecei o Bike Repórter Rádio Eldorado pedalando uma Specialized Hard Rock "Made in Brazil" amarelinha, ótima, mas um pouco pequena para mim. Um dia Joachino perguntou se não queria ir com uma Alfameq Tirreno 21, meu tamanho e bem mais leve, 11 kg, aliás uns 3 kg mais leve que a Hard Rock. Me lembro do primeiro dia que saí para trabalhar com ela: divina! Sem meias palavras, um tesão! Melhor que a Tirreno de primeira geração, que já era ótima. Fiz o Bike Repórter entre 1999 e fim de 2000. Um pouco depois mandei ela para o MUBI, Museu de Bicicletas de Joinville, ainda acervo e responsabilidade de Valter Busto. 
Um dia cruzei com um cara pedalando uma idêntica a minha "branquinha" e pedi para dar uma pedalada. PQP! que tesão! Passadas duas décadas de tantas mudanças, de tanta evolução nas bicicletas, a tradicional e original Tirreno, projetada pelo brilhante Daniel Ochoteco, é literalmente surpreendente em todos sentidos: acelera, roda, faz curva e freia com rara qualidade. Não é por menos que o nome Alfameq ainda é tão forte. Mas preste atenção: falo das antigas, as originais, nada a ver com as novas. 
E estou escrevendo este artigo porque recuperei a minha Tirreno "branquinha", que agora vai ficar no acervo do Centro Cultural Movimento a ser aberto dentro uns dias em Socorro. Está ficando lindo, chiquérrimo!

A outra bicicleta que recebi quado Bike Repórter foi uma híbrida (rodas 700 X 38) Scott que depois acabou ficando com Teresa D'Aprile, que tem um ciumes doentio dela. A qualidade desta Scott é um absurdo. 
Confesso que não gostei quando a recebi porque minha forma de pedalar era agressiva e a geometria dela era para ciclista calmo. Mas desde o primeiro minuto percebi que a qualidade geral era impecável, um outro planeta. Por ser híbrida e com 27 marchas (uma novidade na Europa e no Brasil) era muito mais rápida que a Alfameq. O cubo traseiro integrado com catraca trabalha com roletes, ou seja, não faz tique-tique-tique, coisa de ciclista profissional. Perfeita, repito: perfeita para o que foi projetada.
Como disse, a maravilhosa Scott acabou com Teresa D'Aprile e rodou sem parar deliciosamente sem apresentar um problema sequer durante 20 anos seguidos, Saia na Noite que o diga. E como rodou! O único cuidado que tive quando entreguei a Scott para Teresa foi trocar as sapatas de freio originais que eram estúpidas, poucas vezes vi tanto poder de frenagem, provavelmente porque o modelo foi criado para cicloturismo europeu, ou seja, rodar com muita carga. 
Agora foi entregue para o acervo do Centro Cultural Movimento com pneu e corrente diferente do original, do que saiu de fábrica. Não sei o nome do modelo porque adesivei para evitar roubo. O absurdo é que o pedalar que ela oferece hoje, com 20 anos de uso constante, 20 anos de idade, uma senhora de respeito, é muito melhor que a maioria das híbridas caras zero km caras oferecidas pelo mercado. Provavelmente é um pouco mais pesada, mas a qualidade é absurda, insuperável. Eu pedi e Teresa concordou que ela, "minha Scott" como a chama Teresa com amor e ciumes, merece aposentadoria num museu. Mais, que Gian da Scott que nos deu este imenso prazer merece nosso mais profundo e sincero agradecimento. 

Termino com o agradecimento especial para Joachino (e Gaetano) os italianos que criaram e foram donos da Alfameq original. O trabalho deles deve ser reverenciado por várias razões: fabricar quadros e garfos em alumínio de qualidade envelhecido, técnica correta e nova no Brasil daqueles anos, e dar espaço para projetistas como Luiz Kuhlmann, com sua Ghibli arisca, e Daniel Ochoteco que dentre outras criou a maravilhosa Tirreno. O trabalho que este pessoal fez foi único no Brasil. Obrigado  

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Roda, guarfo, quadro e a diferença da bicicleta estar perfeitamente centrada

A primeira experiência que tive com rodas perfeitamente "zeradas", ou seja, perfeitamente centradas, foi inesquecível. Entreguei uma bicicleta para Dani Aliperti e recebi a mesma completamente diferente, muito mais solta, muito mais fácil de pedalar, um prazer difícil de explicar, quase uma outra bicicleta. Da água para o bom vinho. 
Uns dias depois pedi para Dani que gostaria de acompanhar o trabalho dele centrando uma roda e quase caí de costas com as minúcias e a precisão. Mestre é mestre. A maioria dos bons mecânicos não seria tão cuidadoso, não gastaria tanto tempo e pararia a centragem da roda quando as diferenças estivessem um pouco abaixo de 1 mm. Dani parou quando o aro estava realmente zerado; perfeito! Quase cheguei lá, mas com muito esforço e paciência. Faz uma enorme diferença no pedalar.

Recentemente tive uma experiência interessante com garfo desalinhado, destes que são vendidos para reposição. Com as mãos no guidão era quase imperceptível, mas com guidão solto a bicicleta tendia suavemente para a direita. Neurótico e perfeccionista que sou coloquei mãos a obra e depois de muito trabalho consegui zerar o garfo, ou seja, deixar o garfo completamente centrado. A bicicleta não tende mais para os lados e a melhora no rodar da bicicleta é muito sensível, para mim impressionante.

Como explicar? Pela física. Quanto menos vetores de força houver mais fácil fica movimentar o objeto. 

É deprimente que a maioria dos garfos básicos novos de reposição vendidos venham desalinhados, sejam garfos rígidos ou com suspensão. Como a maioria dos ciclistas não consegue perceber a diferença porque nunca solta a mão do guidão as reclamações são poucas, quase nenhuma, e fabricantes e distribuidores continuam lucrando felizes. 
Já que falei sobre roda alinhada, também é deprimente que seja tão comum comprar aro novo que não vem perfeitamente redondo. A emenda, opa! a emenda...
E tem muita bicicleta que é vendida com quadro desalinhado. 
Puts! que deprê! Não, não para por aí. O pior de tudo, 'inda mais deprê, deprê para valê! é que todos vem com o "selo de qualidade de IMETRO, sua garantia de qualidade". Vai nessa!

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Proteger a indústria nacional de bicicletas?


Bicicleta é veículo de duas rodas, portanto a segurança de seu condutor (o ciclista) depende de um funcionamento perfeito, sem qualquer falha; ponto final. A lei obriga. Qualquer variação deste princípio pode resultar ou resulta em acidente; fato inegável.

Qualidade nasce na indústria. Pau que nasce torto segue torto.

Corre no Congresso uma proposta de projeto que cria barreiras para a importação de forma a proteger a indústria nacional. A lei é específica para alguns setores, mas sempre aparecem os nossos famosos "jabotis" que ampliam a lei e aí está o perigo. 
No que diz respeito ao setor da bicicleta brasileira, pelo que significou para os ciclistas no passado, considero um erro monumental qualquer proteção ao setor. Sou absolutamente contra.
 
Bicicleta hoje tem alto padrão de qualidade porque governos sérios entendem que para estimular o seu uso não pode ser de outra forma. Segue o princípio da vidraça quebrada: quando você tem uma vidraça quebrada é praticamente certo que as outras também serão quebradas. Quando todas as vidraças estão inteiras e limpas a possibilidade de problemas praticamente zera. 
Fabricar bicicletas mesmo pequenos com defeitos ou algum mal funcionamento é começar mal, azedar tudo que vem depois, principalmente o estímulo ao pedalar. Mais ciclistas inseguros com a qualidade, menos ciclistas nas ruas. País sério sabe que estimular mobilidades ativas é crucial para construir um futuro sustentável.
O setor da bicicleta no Brasil é cheio de problemas e distorções e muitas destes vem da qualidade industrial. Diga-se de passagem que não é exclusividade do setor de bicicletas, muito pelo contrário.

Sem corrigir os inúmeros entraves e distorções que o setor industrial brasileiro tem hoje, sem reeducar o público consumidor, sem ter um plano de curto, médio e longo prazo que englobe tudo que é relacionado à produção, distribuição e durabilidade de bens, uma lei de proteção ao setor industrial brasileiro será não um tiro no pé, mas a amputação das duas pernas com direito a uma imensa fábrica de marmeladas que beneficiará uma minoria, o que já cansou, não é?. 

Desde 1982, quando fiz o primeiro projeto de estímulo para o uso de bicicletas, venho batendo na tecla que ter um setor industrial da bicicleta de qualidade, ou seja, forte, é crucial para que o ciclista chegue onde quer: pedalar com liberdade e segurança. Da forma como estamos temos ilhas da fantasia para umas poucas minorias. Não ter priorizado a qualidade foi um crime com o consumidor, o ciclista, a bicicleta, e a qualidade de vida das cidades. Não priorizar qualidade é uma sacanagem sem tamanho com as populações de baixa renda. 

O Brasil é uma baderna burocrática, legal e fiscal e acredito que muitos dos que tem problemas hoje produziriam corretamente caso o ambiente fosse minimamente civilizado e moderno, o que não é, repito.
Não dê o peixe; ensine a pescar, esta é uma verdade que ninguém consegue contradizer. 

domingo, 30 de maio de 2021

Raio?

Hoje pela manhã cruzei com uma 29 marca "Raio". Sim! isto  mesmo, bicicletas Raio! Raios que o parta.

Depois que vi no ônibus um cara vestindo um jeans marca "Pig People" acho tudo normal. 

Nestas horas é que sinto raiva de não ser fotógrafo profissional. 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Quando trocar a corrente

Um dos erros mais frequentes é não trocar a corrente da bicicleta no momento correto. Corrente tem vida útil porque com os km vai dando folga, esticando, e com isto vai mudando seu apoio nos dentes tanto das coroas quanto da relação traseira, o que leva a uma deformação de todo sistema de transmissão, até sua perda completa. Trocar a corrente no momento certo é um gasto mais que inteligente, é necessário para a própria segurança. É um dos bons exemplos do caro que sai muito barato. Passou de um certo ponto não trocar a corrente vai significar ter que trocar todo sistema de transmissão, ou seja, pedivela, relação traseira, câmbio traseiro, e corrente, o que é uma brincadeira para lá de cara, senão burra.

Como saber quando trocar a corrente? Qualquer que seja a forma de medir sempre faça no pedaço da corrente que fica tensionado quando pedala, ou seja, o de cima. Já vi fazerem a besteira de medir em baixo, o que não dá certo. A corrente tem que estar tensionada. 
Há várias formas de medir o desgaste, os mais simples são: 
  • com a corrente engatada na coroa do meio do pedivela, no centro de onde a corrente está encaixada na coroa, pegue um elo, puxe para frente e separe a corrente dos dentes. Se o espaço entre corrente e coroa for próximo dos 5 mm está na hora da troca.  
  • medindo com uma régua, com a corrente engatada na coroa grande e tensionada uma corrente nova em 12 elos tem 12 polegadas ou 30,48 cm, medidos centro de eixo de elo a centro eixo de elo. Com mais 3 milímetros não se esqueça de trocar a corrente.
  • o ideal é medir o desgaste com uma ferramenta específica que toda boa bicicletaria tem. Você pode comprar uma e ter em casa. Se possível opte pelas que oferecem medida variável. As de medida fixa, réguas, por assim dizer, funcionam bem, mas as variáveis são muito mais precisas.  
A gente se esquece da corrente, eu sei. Percebi que tinha que ver como a minha estava quando do nada soltou um lado de um elo. Um barulhinho que só faz quando se pedala foi o alerta; e cuidado porque de vez em quando não dá para ver o elo solto. Opa! não pode acontecer. Soltou é ir direto para uma bicicletaria ver o porque e se for o caso trocar a corrente.
O segundo aviso veio da corrente ter caído quando engatei da coroa do meio para a coroa grande. Se os câmbios estão bem regulados, que na minha bicicleta estão, com uma corrente nova e boa isto não acontece. Aliás, numa corrente boa os engates são muito precisos, daí eu ter falado sobre a segurança do ciclista. Especialistas que tem dados precisos dizem que boa parte dos acidentes graves envolvendo ciclistas tem como causa problema na corrente ou transmissão.