quinta-feira, 18 de novembro de 2010

bicicletas rodagem 28 e conforto


Nome: a
Idade: 62
Mensagem: Qual o motivo por que nos dias atuais, os fabricantes não produzem bicicletas com aro de 28 polegadas? Apesar do ajuste de selim para pessoas com mais de 1,80m de altura sentíamos maior conforto e mais adaptado a uma bicicleta 28".
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A.;
bom dia

Você tem toda razão, as bicicletas aro 28 eram divinas de pedalar, mas creio que nem na Europa se ainda se encontre bicicletas com esta rodagem.

Então vamos lá na resposta, por partes:

Um dos grandes avanços trazido pela indústria da bicicleta foi uniformizar a produção, o que começou pelos tamanhos das rodas; isto antes de 1900. Antes desta uniformização a roda da bicicleta, que então era  os velocípedes ("boneshaker") (http://www.tallbike.com/tall/index.html), aquelas bicicletas de roda grande dianteira com pedivela e pedais no eixo desta roda, o tamanho da roda era definido pelo comprimento da perna do ciclista, o que obrigava os fabricantes a ter uma linha produção muito complexa, com inúmeros tamanhos de aros, pneus, raios, pernas de garfo, e outros mais. A criação da bicicleta de segurança, que é o desenho de bicicleta comum que temos hoje, com duas rodas de mesmo tamanho, proporcionou a uniformização dos tubos de perna de garfo e do triângulo de traseira nos quadros, o que facilitou muito o processo produtivo e reduziu os custos, portanto preço final. Mesmo assim até o advento e sucesso do mountain bike, na década 80, havia um monte de medidas de rodagem, todas com diâmetros mais ou menos parecidos. A maior delas era a 28, que oferecia um rodar maravilhoso. Bom esta é a história das rodagens. Há também a história dos tamanhos de bicicleta.

Até mais ou menos a década de 70 o tamanho da bicicleta mudava junto com tamanho da roda: 20, 22, 24, 26, 28. A bicicleta tamanho 20 era uma cópia da bicicleta 28. A bicicleta do pai era a referência para o resto da família: o filho menor ia de 20, o maior de 24, e a mãe de 26, por assim dizer. Com o mountain bike muda tudo e a rodagem passa a ser uma única, a 26, tipicamente americana, e o que muda é o tamanho e geometria do quadro, que é o que temos hoje. Hoje o quadro é desenhado pensando na ergonomia do corpo que irá usá-lo. Em termos de produção é muito mais simples e sensato, diminui muito os custos, e o resultado final para o ciclista que compra a bicicleta correta é muito bom. A partir desta mesma época, anos 80, o padrão europeu vai padronizando sua rodagem para o 700, ou seja 700 milímetros de altura com um determinado pneu, o 36 se não me falha a memória. Este diâmetro é o mesmo que o da rodagem 26 com pneu 2.2; portanto o tamanho dos tubos foram mais padronizados ainda e as medidas exóticas e próximas sumiram do mercado. Esta situação toda também tem muito a ver com o início da fabricação em massa de bicicletas no Japão, Taiwan e China.

Ironia do destino é que hoje estão redescobrindo as rodas grandes, como a 28, que agora é 29, um pouco maior que a que você pedalou. O resultado na dirigibilidade é surpreendente, a bicicleta fica muito macia, passa por todos buracos e irregularidades com uma facilidade impressionante. Mas, assim como nas rodas 26 ou 700, as novas 29 tem diversos tamanhos de quadro, de pequenos até os que são próprios para quem tem 2,00m de altura ou um pouco mais (encontráveis principalmente no mercado americano e europeu). É lógico que ainda existem as rodagens menores direcionadas para crianças ou para bicicletas dobráveis.

Temos um pouco mais no portal “história da bicicleta” - http://www.escoladebicicleta.com.br/historia.html

Eu tenho 1,83m e aqui no Brasil são fabricados uns poucos modelos tamanho 21 que servem para nós, altos, todos com rodas 26. Quem é mais alto que a gente é que sofre para encontrar uma 22. Se é uma pena perder as maravilhosas clássicas 28, hoje em dia temos modelos e tamanhos muito específicos para cada ciclista, o que não havia no passado.

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br

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