sábado, 2 de julho de 2011

A ciclista de domingo e o comentário da médica

Olá Arturo,

Sou deficiente auditiva.
Faz pouco tempo, experimentei andar de bicicleta na Ciclo Faixa de Domingo. Foi um dia que fiquei feliz! Por que vi que é possível andar sossegada com o meu ritmo, sempre perto da calçada, para poder deixar os outros passarem. Fui até o parque do povo e voltei bem. A única coisa foi a subida. Ainda não peguei direito o jeito em trocar as marchas. Foi o dia que eu senti livre e uma criança...
Bom, outro dia fui consultar com a minha médica e contei para ela que fiquei feliz por andar de bicicleta. Ela me respondeu que é muito perigoso! Ela falou que tinha amigos acidentados, que o brasileiro é mal educado... Isso é verdade, mas não vou desistir. No domingo que vem vou andar de novo. 
Fico esperançosa que essa consciência seja cada vez mais positiva, que São Paulo possa ter mais respeito aos pedestres e aos que estão andando de bicicleta. Precisamos pôr um movimento de consciência séria, debater mais. Que os projetos sejam para sempre... Acredito profundamente.
C

C
bom dia

E continue pedalando. Liberdade faz muito bem para a alma.
Sobre mudar marcha, dá uma lida em nossa página “pedalar melhor” - http://www.escoladebicicleta.com.br/melhor.html que tem dicas de como usar o câmbio.

Sobre a questão dos acidentes que sua médica falou:
Há uma situação meio absurda em relação à segurança no trânsito paulistana. Um bom exemplo é a questão dos motoboys que vivem se acidentando. A quantidade de acidentes é absurda. Então, se pode deduzir, andar de moto é muito inseguro. Depende. A curva de acidentes para motoboys e motociclistas novatos que trocaram o ônibus pela moto é muito alta; completamente diferente da curva para os motociclistas que respeitam as regras e o bom senso. Quem usa a moto como motociclista, ou seja, com tranqüilidade, sem correr feito louco, sem fazer barbaridades, muito dificilmente sofrerá um acidente.

Com a questão da bicicleta é igual. Há uma situação muito parecida com o que acontece com os motoboys. A quantidade de pessoas que se acha mais ciclista do que realmente é, que usa bicicleta errada, que não toma cuidado com o que faz, que não tem bom senso, que não sabe parar a bicicleta da maneira correta, e outras barbaridades, é muito grande. Há de fato muitos acidentes, mas principalmente por responsabilidade dos próprios ciclistas. Outro fator, este muito estranho, mas real, é que parece que virou moda vangloriar-se dos próprios acidentes. É como se para ser ciclista tem que ter acidente na carreira. Um heroísmo ao contrário. O fato é que quem pedala com sensatez dificilmente sofre acidente, e estes são a maioria.

Alguns detalhes importantes:
Se sua médica é motorista vai achar naturalmente que pedalar é uma loucura. Motorista acha que só ele está seguro; o que não é bem verdade.
Há uma pesquisa que mostra que para cada história ruim 82 pessoas ficam sabendo do fato. Para cada história boa só 3. São Paulo, em domingo ensolarado, tem aproximadamente 1 milhão de ciclistas nas ruas. Pouco se fala dos que pedalaram o dia inteiro e voltaram para casa felizes. Mais divertido parece ser contar sobre quem se arrebentou.

Para finalizar: Creio que já tenha dito que os locais de maior índice de acidente de São Paulo é dentro dos parques e na Ciclo Faixa de Domingo. O que acontece na Ciclo Faixa não é divulgado. É menos crítico que dentro dos parques, mesmo assim é necessário tomar certo cuidado. Você está certa em pedalar com calma, deixando os outros ultrapassarem.
Quem vai pedalar cedo tem menor probabilidade de acidente. Há muitos bairros tranqüilos onde pedalar é muito seguro, até mais seguro que na Ciclo Faixa de Domingo. E São Paulo, ou qualquer outra cidade, tem locais lindos que do carro não costumamos ver.

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
http://www.escoladebicicleta.com.br/

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