quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Corrente nova: momento para saber como você pedala

Como você gira o pedal? Como está sua cadência? Boa notícia: você vai ter que trocar a corrente.

É quase uma regra, você leva a bicicleta para uma manutenção e vem a notícia, "Sua corrente está muito gasta e estragou o cassete. Tem que trocar toda relação". Upa! Quanto custa? Se não estiver completamente detonado eu não troco por vários motivos. Um deles é que pode ser uma ótima medida de como se está pedalando.

A boa notícia é que na maioria dos casos não é preciso trocar toda a transmissão, basta trocar a corrente e usar um pouco que "a corrente casa com o cassete", como dizem. Nos primeiros km vai pular um pouco se você estiver pedalando errado, dando trancos no pedal. 
A forma correta de pedalar é girar os pedais 360° com o máximo de constância na força aplicada, girando solto. Muitos vão dizer que só é possível usando sapatilha com clipe, o que a ciência prova que não é verdade. Todo ciclista, com ou sem sapatilha, despeja força quando o pedal está descendo, meio como se estivesse subindo uma escada. Diz a lenda que com clipe o ciclista consegue puxar o pedal para cima, portanto a força despejada no pedal é mais uniforme nos 360°. Testes científicos provam que não é bem assim, que entre ciclistas amadores que usam sapatilha o puxar corresponde a menos que 5%, ou seja, quase nada. Os experimentos foram realizados com ciclistas profissionais e os resultados são  muito semelhantes. A diferença para um pedalar correto com um pedal plataforma é muito pequena se o ciclista souber girar os pedais corretamente. 
Girou correto os pedais, estaleceu uma cadência correta, suave, a pressão da corrente sobre a relação vai ser constante, sem trancos, e ela não vai pular. Não pulou? Nota 10! você está pedalando bem.

Tem que ter consciência que vai ficar estranho por uns dias ou kms, que precisa tomar cuidado com o que está fazendo com a bicicleta, que tem pedalar suave, pedalar o mais redondo possível..., enfim, por uns dias você vai ter que pedalar fazendo tudo que define o que é ser um bom ciclista. Vale a pena, é um incrível aprendizado, tomando consciência vira uma incrível avaliação de como você está pedalando. 

A corrente tem vida útil e deve ser trocada de tempos em tempos, melhor, depois de uns tantos km. Dependendo do ciclista a corrente vai durar mais ou menos kms, disto ninguém escapa. É um custo ambiental inevitável, sim custo ambiental. Já ter que trocar o cassete toda vez que troca a corrente só serve ao ganho de mecânicos e entra no que pode chamar de desleixo ambiental, irresponsabilidade com meio ambiente, porque é gerar lixo desnecessário. A relação do cassete não acaba tão rapidamente, dura muito mais que a vida útil uma corrente, se o ciclista pedalar direito dura mais ainda. 

Vamos ficar no aprendizado que se pode tirar do promover o namoro entre uma corrente nova, virgem, e um cassete velho, usado.

Pedalar (correto) é a arte da suavidade. Quão mais correta for a pedalada, mais rende o pedalar, menos energia se usa, mais energia se tem para os momentos necessários ou decisivos. Ajudar no casamento da corrente com o cassete ensina a pedalar despejando força nos pedais gradualmente e sem dar trancos. Fez tudo certinho a corrente nova não pula e vai se ajeitando na transmissão, simples assim. 

Acabei descobrindo quais as marcha que mais uso, e para meu espanto as mais gastas são as duas coroas do meio da relação de 9 marchas do cassete. A quarta marcha é a mais gasta, a que pula fácil. No primeiro dia tive que tomar muito cuidado, no segundo nem tanto, e pelo jeito a corrente vai estar casada mais alguns dias. Como a bicicleta é de segunda mão e foi emprestada para um idiota daqueles que não se preocupam nem um pouco se vão arrebentar tudo (a bicicleta não é minha mesmo!) eu pensei que a relação estava arruinada. Boa notícia, está no limite, mas ainda não precisa ser trocada.

Pedalar com uma corrente que escapa ou pula impõe ao ciclista que pedale prevendo os próximos passos e obriga a manter a calma em todas as situações, em especial no meio do trânsito. Quer saber, é uma ótima experiência. vai deixar claro onde você está abusando da sorte, onde está confiando demais na bicicleta, se você está se achando mais ciclista do que realmente é, fato comum a todos. Ciclista que é ciclista descobre todo dia que não sabe tudo, morre aprendendo. 

Lembro que todos dados provam que a maioria dos acidentes sofridos por ciclistas são responsabilidade direta do ciclista, e que na quase totalidade os ciclistas tiveram alguma responsabilidade sobre o acontecido. 
Direção preventiva é comprovadamente a melhor vacina contra acidentes. Pedalar no namoro entre a corrente e a relação do cassete educa a prevenção. Vai com calma que tudo se ajeita.

Aviso, esta dica tem limites:
1 - experimenta. Não deu certo, a corrente não casa mesmo? Troca o cassete e mantém a corrente nova. Não será uns dias de uso da corrente nova que a arruinará 
2 - há um limite de desgaste da relação. Passado este limite não há outra forma que trocar a relação, ou pelo menos a corrente e cassete. Relação dianteira é muito difícil ter que trocar.
2 - quem pedala numa marcha só geralmente arruína toda relação do cassete e não resta alternativa que não seja trocar, o que é triste tanto pela relação quanto e muito mais pelo maltrato dos joelhos e pernas
3 - relação arruinada é visível, os dentes ficam muito deformados. Se chegou a este ponto é bom reavaliar alguns conceitos sobre sua segurança.

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