terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Técnica para remendar um furo.

Será que 45 anos depois de consertar o primeiro furo de pneu ainda tem algo novo para aprender? Tem. A técnica básica é trivial e simples, qualquer um faz, mas vira e mexe tem uma novidade que pega até o mais experiente. Nas localidades mais pobres deste país e do planeta o pessoal é mestre em fazer toda e qualquer câmara voltar a vida, encher o suficiente para o ciclista seguir pedalando por um bom tempo. Em bairro chique o menor furo faz uma boa câmara acabar no lixo, o que é uma vergonha não só ambiental. 
A verdade é que a maioria dos ciclistas não faz ideia de como consertar um furo, o que é muito triste. Rever a técnica de remendo se faz necessária e aqui vai.
  1. Localizar o furo se possível com o pneu ainda montado no aro. Como? enche o pneu e vai passando a mão devagar até encontrar o local do furo; ou molha o pneu para borbulhar. Se encontrou o local do furo marca na banda de rodagem do pneu. Marque o sentido de rodagem.
  2. tirar a câmara com cuidado para não beliscar a câmara com as espátulas
  3. Se descobriu onde está o furo ainda com o pneu montado faça uma marca na câmara, não esquecendo de também marcar o sentido de rodagem. 
  4. limpar bem o entorno do furo com a mão, marcar com uma caneta esferográfica a posição horizontal e vertical onde está o furo. É importante que estas marcações sejam feitas uns dois dedos de onde está o furo porque no entorno do furo será lixado. Não há problema em lixar com a câmara ainda cheia
  5. esvaziar por completo a câmara, escolher o tamanho e forma apropriada do remendo e lixar o local 
  6. aplicar uma camada fina e bem espalhada de cola, deixar secar um pouco. Caso o remendo esteja velho passar uma fina camada de cola nele também e deixar secar um pouco
  7. usar as marcas horizontal e vertical para centralizar bem o remendo, aplicar o remendo e de preferência friccionar o remendo apoiado em superfície lisa com a parte de trás da bomba de ar.
  8. encher a câmara para ver se não há mais furos e montar no pneu 
  9. antes de montar a câmara no pneu colocar um pouco de pressão para evitar que a câmara fique engruvinhada ou amassada dentro do pneu. 
  10. encaixar a câmara no pneu. Eu costumo colocar o bico da câmara na posição onde está escrito na banda de rodagem a calibragem ideal. Encaixar o bico no furo. De novo, cuidado para não beliscar a câmara com as espátulas.
  11. assentar todo um lado do pneu no aro, começando sempre pelo bico, bico perfeitamente apontado para o centro da roda. Certificar-se que todo o pneu está bem assentado e encaixado no aro, encher um pouco, olhar de novo se está tudo em ordem e só aí dar pressão. Enquanto estiver vazio dar pressão aos poucos é sábio.
  12. furos ou cortes muito próximos da base do bico não tem conserto. Pedalar com pneu muito vazio pode facilmente cortar a base como o bico em si. Por que? Simples: o bico entorta no furo do aro e é cortado pelo aro, situação muito comum. Mantenha a pressão correta no pneu. 
São vários tipos de remendos: opções com cola, sem cola, manta ou cortado em diversas formas e tamanhos, estes últimos meus prediletos. O pessoal conhece. Tem nacionais e importados, sendo meu predileto o Zefal, francês, que sumiu do mercado e não deve aparecer por um bom tempo.
Em casas de material de borracha é possível encontrar os 'estrelinha', remendo que já vem cortado em vários tamanhos e formas, e tubo de cola própria para remendo que vêm lacrados. Recomendo que se faça um furo bem pequeno no lacre que a cola vai durar mais. Depois que engrossa não serve mais, não gruda na câmara nem no remendo. Guardar a cola na geladeira estende sua vida útil. Infelizmente tiraram do mercado uns tubos de cola pequenos, práticos para levar na bicicleta.
O ideal mesmo é sempre levar uma câmara reserva e consertar um possível furo em casa. Sabendo fazer vai ser raro perder uma câmara, nem que sirva só para usar numa emergência e para volta para casa. 


Existe uma infinidade de tipos de espátula. Hoje a maioria é fabricada em plástico, que pode ser boa ou péssima, dependendo do plástico usado. Uma espátula plástica fabricada nos Estados Unidos ou Europa normalmente tem alta qualidade e resistência, não quebra nem quando é usado para desmontar um pneu de alta pressão de bicicleta de estrada, que são os mais duros de sair do aro. Ou seja, há plásticos e plásticos; uns aguentam, outros são bonitos e nada mais.
As espátulas de aço da foto são bem e ótimas, principalmente a feita em perfil redondo que tem a espátula em si mais fina, o que facilita encaixa-la por baixo do pneu. Nunca mais encontrei espátulas como estas. Se encontrar compre.
O ideal é que a distância entre as duas espátulas na hora de puxar o pneu do aro não seja maior que três raios. Encaixa a primeira espátula por baixo do pneu, puxa para fora, trava a espátula no raio, conta três raios, encaixa a segunda espátula por baixo do pneu com cuidado e puxa o pneu para fora. Com pneus comuns e de boa qualidade só com este primeiro movimento o pneu sairá do aro, o que não acontece com pneus de baixa qualidade. Pneus de alta qualidade saem do aro sem necessidade do uso de espátulas.
Na falta de espátula use as blocagens das rodas e selim. Evite usar chave de fenda, mas se for a única alternativa tome cuidado para não cortar a câmara.

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