Tive várias Alfameq e adorei. A minha da época que fiz Bike Repórter Eldorado FM era mágica, 11 kg, um foguete. Para 1999 era muito leve, rodava maravilhosamente bem, tanto que um dia recebi uma bronca porque os ouvintes não acreditavam que eu estava pedalando, mas de moto. Hoje, passados mais de 20 anos da minha fase Alfameq, a original, quando a marca era do Gioachino e do Gaetano, dois italianos de verdade, nascidos na Itália, pedalo uma delas e continuo dizendo que são mágicas, fora de série. Aceleram e rodam maravilhosamente bem.
Depois de muito tempo sem pedalar uma, cruzei com um cara numa toda original de época, anos 90. Parei o sujeito, perguntei se podia dar uma volta, ele emprestou, rodei uns 100 metros e não acreditei, quase cai do sorriso, da alegria.
Não faz muito comprei uma usada, toda surrada. Estava passando por uma esquina onde conversavam dois seguranças da rua, um deles dizendo que estava vendendo a Alfameq Tirreno tamanho 21, prata, que segurava. Continuei pedalando, pensando "De novo não. Comprar mais uma (bicicleta), não! Juizo!", quando ouvi o preço. "Não, aí não, assim não dá!", e dei meia volta e comprei por um preço imperdível. Nem olhei direito, nem experimentei, levei para casa e só lá vi que estava montada com peças Shimano 100GS, maravilhosas, tudo funcionando. Vistoriei com cuidado e o quadro estava inteiro, sem nenhum problema, só a pintura desgastada. Tinha sido montada na ScooBike, de meu amigo Luiz, portanto consegui uma referência que não era roubada. Ruim mesmo só o garfo de suspensão, que foi devidamente para o lixo.
As peças Shimano 100GS foram montadas numa Haro feminina que foi entregue o CCM, Centro Cultural Movimento, museu de motos e bicicletas em Socorro, próximo a Bragança Paulista.
Demorei para remontar porque não foi fácil encontrar as peças de época como as que eu tinha na minha. Achei inclusive o garfo rígido original da Alfameq. Os aros de folha simples, que se usavam na época, encontrei por pura sorte. Estavam esquecidos no estoque de uma das mais tradicionais bicicletarias porque ninguém mais quer aros folha simples. Sorte minha. Consegui um conjunto de 24 marchas, mas agora falta só o câmbio traseiro original para ficar perfeita, mesmo assim já está uma delícia, uma avião.
Tive várias Algameq, a primeira uma Ghibli, traseira elevada e muito curta. Acelerava e subia maravilhosamente. Mandei-a para um museu, senti o cheiro que seria roubada e foi. Fui com ela para a Holanda e de lá para NY, onde por pura sorte peguei a cidade vazia por três dias. Rodei até ter cãimbras. Passei por algumas bicicletarias para mostrar a menina (bicicleta) e em todas a curiosidade foi grande.
Acabei estabelecendo uma amizade com Gioachino. Recebi alguns protótipos, um deles híbrido, todos ótimos. Infelizmente a Algameq original não existe mais, foi vendida. Fato é que eles fizeram história, mudaram o padrão de qualidade e o que brasileiro pensa sobre o que é uma ótima bicicleta. Eles provaram que dá para fabricar com altíssima qualidade aqui.
Steve Tilford, um dos melhores ciclistas da história americana, Campeão de Ciclocross e primeiro Campeão do Mountain Bike, veio para cá para competir uma prova pela Specialized, de quem era ciclista oficial, ganhou uma Tirreno, levou para casa, uma cidadezinha ao norte do Estados Unidos, montou, testou, e me escreveu dizendo se apaixonado pela Alfameq.
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