quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Mais km de ciclovias dá no que?

Quando trabalhei com os holandeses do I-ce, os alemães do GTZ, e os americanos do IDTP, cansei de ver apresentações com dados sobre implantação de sistemas cicloviários e crescimento do uso da bicicleta. O curva / número de ciclistas não estar crescendo numa proporção relativa ao crecimentos de kms de ciclovias e ciclofaixas implantadas, pelo menos aqui, em São Paulo, não me espanta.

Em todas cidades europeias e americanas onde foi introduzida a bicicleta com resultados positivos todo o processo não se resumeu a implantação de vias exclusivas para ciclistas. É sobre a cidade, como sempre repito. Deu certo porque pelo menos foi feita uma mexida geral no urbanismo, todas mobilidades, no treianmento e na educação. Mais, eles tem profundo apreço pelo dinheiro público, o que os faz gastar com sabedoria, evitando implantar kms onde sequer moscas passam. O nosso mais é melhor para estimular não funciona assim.

A mais pura verdade, e deprimente, é que brasileiro no geral não gosta de pesquisas, dados e estatísticas, e por que não dizer o cumprimento das leis. Não somos o país das leis que colam e as que não colam? Pois então. Contando com a desconfiança da população na coisa pública, querer que experiências que deram certo lá fora podem ser repetidas aqui nem sempre se aplica. "Brasil não é para principiantes", não me lembro quem disse, mas acertou na mosca.

"Tá bom do jeito que está", velho e incruado dito popular. "Pelo menos fizeram... "Melhor assim que sem..." e por aí seguimos. Vai dar certo? Duvido.

O que temos até aqui foi conseguido a custo de uma luta chata, cansativa, muitas vezes grosseira, insultuosa. Entrar chutando o pau da barraca dá bons resultados em raríssimas situações. Fez na porrada, fez de qualquer jeito não traz os resultados esperados, nunca. E muito do que foi feito saiu, melhor, começou de forma torta. Daí um "Toma guri, vai brincar ali e vê se para de encher".

Dizer que o número de ciclistas não acompanha a expansão das ciclovias será correto? A partir de que números, que dados, tirados de onde, de que forma? Sei que os dados que temos atualmente são muito mais acurados que tínhamos há 20 anos, mesmo assim duvido que quem levantou estes dados tenha tido verba, equipe e tempo suficiente para saber o realmente está acontecendo. 

Bato uma aposta que a verdade não interessa para muita gente. Manter o emprego, manter a entrada de um dinheirinho, manter as amizades, manter..., manter..., manter... interesses individuais são muito mais importantes que os coletivos. Entre os contra e mesmo entre os a favor. Estou falando besteira? Veja o noticiário sobre a votação do "deixa eu proteger o meu" que acaba de ser aprovada no congresso. Só um lado votou a favor? Não tem nada a ver com esta reportagem, os ciclistas e suas ciclovias. É mesmo?

Fato inequívoco é que a quase totalidade dos usuários de bicicletas, mecânicas ou elétricas, querem que se dane se cresceu, diminuiu, se fizeram correto ou errado. E aí está o problema maior.

Não importa o que esteja acontecendo, passou da hora de aprendermos que a melhor coisa a se fazer, sempre e em tudo, é perguntar-se o que não está bom, o que pode ser melhorado, e principalmente o que não pode ser repetido. Fazer isto sem dedo em riste.









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