terça-feira, 5 de agosto de 2025

Como os holandeses desenharam a utopia

Para quem não fala ou compreende inglês. Não faço ideia se é possível fazer com este traduza automaticamente o audio, se houver, apliquem. Ver sem entender pouco vai ser útil. E ver, ouvir e entender é crucial para saber o que estamos fazendo, no que estamos errando, e o que temos que mudar.
Conta um pouco da história de como os holandeses chegaram ao nível de segurança de ciclistas e a bem dizer pedestres. Falam sobre segregação, um tanto diferente do que se faz por aqui, acalmamento de trânsito, e o mais interessante, quase no final apresenta o que vou chamar de manifesto contra o uso de capacete, sim, contra o uso, apresentando as razões.
Repito o que não canso de repetir: a forma de se alcançar algo faz toda diferença. E se quiser resultados verdadeiros, não populistas, ter que perseguir a qualidade. Mais: besteira mata, acreditar em besteira é um imenso perigo.


Coloquei este segundo vídeo aqui porque ele mostra uma postura que define o nível de civilidade local. Deixo para vocês descobrirem como pegadinha. Enfim, o que aconteceria se fosse aqui no Brasil?  



sexta-feira, 1 de agosto de 2025

O retorno aos passeios gosotosos de domingo

Tenho saído aos domingos e feriados com um pequeno grupo de ciclistas que quer se divertir com tranquilidade e sem compromissos. Cara, tem sido divertidíssimo, uma volta aos velhos e bons tempos. Nada dos mesmos caminhos do carro, nada de correria, nada de deixar para trás, nada de berraria, zero competição. Só amizade e companherismo. Vamos pedalando cada vez por um novo caminho, normalmente fora de avenidas, ciclovias, ou caminhos certos (os triviais do dia a dia dentro do carro), conhecendo lugares novos, parando quando alguém pede, sempre um olhando pelo outro, se preocupando com o outro e o bem estar de todos. Delícia!

Da última vez fomos almoçar na Guarapiranga. Estava muito frio e ventando. Conversamos e decidimos que pegaríamos as ciclovias da Faria Lima e Berrine, que pelo frio estavam tranquilas e mais protegidas o vento. Só lá para frente entraríamos, já com sol, na ciclovia do rio Pinheiros rumo a Socorro e a represa. Num determinado momento o guia mudou um pouco o roteiro, saímos da ciclovia e acabamos indo por dentro do bairro para mostrar e parar numa padaria para um cafezinho. Só na Chácara Santo Antônio entramos na ciclovia do rio. Este pessoal não gosta muito da tensão de ciclovia. Em vez de sair na ponte Socorro, saímos na altura do canal, por dentro da área industrial, com parada para algumas histórias do local. Já na represa, melhor, num bairro da represa, escolhemos um pequeno e escondido restaurante, almoçamos com muita falação, fomos um pouco mais para frente margeando a água, e voltamos por dentro do bairro entre Interlagos e a represa, que aliás eu não via fazia décadas. Um destino, varios improvisos. 

Num outro passeio pedamos num trecho da Rodovia Castelo Branco... ("Como assim? Está  louco? Pedalar na Castelo Branco é tranquilo?") para depois pegar a passarela, cruzar o rio Tiete, e pedalar por dentro de bairros até voltar.

Agora respondendo: dependendo do dia, trecho e horário o trânsito é muito tranquilo. Dou um exemplo facílimo: contra-fluxo. Dependendo de onde você pega o contrafluxo parece que é feriado. 
Dependendo do dia, trecho e horário a via estará vazia, tranquila e segura. Em outras palavras, a cidade muda seu trânsito constantemente durante a semana e dependendo dos horários. Descubra, aproveite, o que boa parte não faz, prefere a segurança dos caminhos conhecidos. Não se limite a ideia de pedalar só nas ciclovias ou nos mesmos caminhos que os carros são obrigados a fazer, como fazem muitos grupos. Bicicleta permite que se faça caminhos que o automóvel não pode fazer. Enfim, liberte-se.

Sobre a Castelo Branco, no caso pedalamos num trecho da marginal entre a ponte dos Remédios e a passarela, que no domingo pela manhã fica as moscas. Entramos na rodovia um pouco mais a frente da ponte dos Remédios, que é o ideal. Sair da ponte direto não é o ideal. O trecho é uma área industrial, domingo ninguém trabalha. A mesma tranquilidade acontece em vários outros lugares tidos como perigosos por muitos ciclistas, o que acaba limitando muito as possibilidades de passeio.
Aliás, sobre este mesmo trajeto, acabei de descobrir que dá para sair da ponte, seguir em frente mais um pouco, virar a esquerda na igreja e passar pela lateral de uma favela, outro mito sobre violência. A rua é asfaltada, as casas são muito simples, o pessoal simpático, passar por lá é muito mais seguro, por exemplo, que pedalar durante a semana na ciclovia da Pedroso de Moraes, onde assalto é o que não falta. Na Guaripanga tem um trecho da ciclovia que passa pelo que chamam de favela. São só umas casinhas bem simples de famílias trabalhadoras, nada mais.

São Paulo é uma cidade imensa, cheia de possibilidades para quem quer pedalar. A maioria dos grupos de ciclistas faz roteiros que repetem os caminhos mais comuns quando se está num carro. Por que não descobrir? Por que não fugir da mesmice?
Mesmo com ciclistas de pouca prática e temerosos pela segurança é possível sair, pedalar e voltar agradando a todos. Eu sei, eu sei, o pessoal gosta dos passeios que estão aí, mas e se experimentassem algo novo, mais lento, quebrado, com descobrimentos, com tempo para ver novidades?

Eu vou dar roteiros? Não, por uma simples razão: espero que você descubra a cidade.