Sobre tamanho de roda, começo chutando o pau da barraca: meu sonho seria encontrar a Nishiki de triathlon aro 24 que vi faz muito tempo na Ciclo Caravelle e sair para dar uma volta, e talvez comprar. Imagino que a aceleração deve ser de um foguete. Deve ser muito mais arisca que as com rodas normais. O rodar mais áspero, irregularidades e buracos mais sentidos, a manutenção da cadência muito diferente das 700. As subidas..., acho que tranquilas, principalmente se tiver que mudar de velocidade ou cadência. Tudo efeito aro 24.
O que mais cansa nesta história da geração 29 é o pessoal achando estranho ou até um absurdo você estar pedalando uma 26. Não pode! 29 é o bicho!
Será que as 29 são melhores que as 26? Depende para que e para onde, cada uma tem seus pró e contras.
Eu tenho uma 29, mas prefiro minhas 26. Guardo a 29 para quando for para a terra ou para momentos muito específicos. Pedalar uma e outra é técnica bem diferente. Diâmetro diferente, pedalar diferente. O ideal seria experimentar varias rodagens diferentes para ver o que se aprende com elas. E vou dizer que se aprende muito.
Minha primeira bicicleta, já com corpo adulto, foi uma Monareta aro 20. Era um foguete. A bem da verdade, nos meus 14 anos eu também. Não me lembrava, mas Renata me contou que eu ia até a casa deles, meus primos, pedalando. Para chegar tinha uma belíssima subida, vencida numa aro 20 sem marcha. Juventude é uma maravilha, aro 20 também.
Minhas primeiras bicicletas, já com CNH (que maravilha!?!), foram aro 27, a Caloi SS 1977 e a Caloi 10. As bicicletas mais populares da época, as "barra", Monark Barra Circular e Caloi Barra Forte, mais as femininas e derivadas, tinham rodas 26 1 1/2 com pneus balão, 2.1. Em 1981 comprei uma Barra Forte feminina que usava para ir ao trabalho, professor. Era pesada e para não chegar ensopado na subida mais ingrime empurrava.
E aí, em 1986, apareceu o mountain bike com suas rodas aro 26. Bingo! Que delícia! Minha primeira foi a Cruizer Extra Light 26 pneus 2.1.. Uns bons anos depois consegui comprar minha primeira MTB. Logo depois ganhei, como prêmio de trabalho, uma M2 com rodas com rodas Z21 Pro e pneus de competição, de mundial, um outro planeta, uma história a parte que conto em outro texto. A diferença para tudo que tinha pedalado foi monumental.
A primeira vez que pedalei uma aro 28 1 5/8, uma medida sueca que não existe mais, fiquei fascinado. Bicicleta tradicional, pesada, aro de aço, pesado, pneu 41 de alta pressão, bom de rodar. Sair do lugar com ela era quase um sacrifício, mas depois que ela embalava era uma delícia que não parava mais. Ali descobri que quanto maior a roda, mais ela mantém o rodar, ou, depois de embalar é uma beleza. Subidas? Se tiver pernas o negócio é não deixar a cadência cair.
Dito tudo isto, qual é a melhor, 29 ou 26? Depende de uma série de fatores. São várias as questões que envolvem o diâmetro da roda, mas talvez o mais importante, o decisivo, seja "vendas". Sim, vendas. O mercado precisava de novidade, tentaram as 27.5 e as 29. As 27.5 micaram, as 29 foram em frente. Uma das razões é simples: o aro usado nas 29 é o 700C, o mesmo usado nas híbridas, urbanas, road bike ou speed, triathlon...; ou na maioria das bicicletas padrão europeu. Em outras palavras, menos estoque nas fabricas e bicicletarias, menor custo... E o povo precisa de novidade. Bingo!
Por que chama 29? Porque o diâmetro total, com pneu cheio, é de 29 polegadas. As 26 é a mesma coisa.
A diferença no pedalar? As 29 são mais macias para o ciclista, passam mais fácil pelos buracos. São menos ariscas, tem reações mais previsíveis, mais faceis de corrigir, o que é ótimo para a maioria dos que pedalam, que não são, nem querem ser profissionais ou amadores sérios.
Como já disse, o comportamento do rodar está relacionado com o diâmetro do aro mais do pneu, largura e pressão do pneu, e o peso total da roda, para simplificar muito a história. Física pura.
Quanto maior o diâmetro total da roda, mais lento é o acelerar e mais fácil de manter a velocidade, também simplificando muito. Responde às leis de física, ponto final. Pegando uma pedra, amarrando num barbante e dando voltas na pedra é fácil entender as diferenças. Mantendo-se a mesma pedra, ou o mesmo peso, maior o comprimento do barbante, mais complicado é acelerar. Depois de acelerada, mais fácil manter o movimento.
A tabela de medidas de aros e pneus do maravilhoso site Sheldon Brown até assusta pela quantidade de medidas que já existiram. Felizmente, repito, felizmente racionalizaram e hoje se tem só algumas medidas de aros e pneus. Racionalização através da padronização é o que de mais respeituoso se pode fazer com os usuários. Espero que um dia aconteça o mesmo com as gancheiras de câmbio, que hoje são uma loucura de desenhos variados.
Valter Busto tem em sua coleção bicicletas com rodagens obsoletas que são praticamente impossíveis de encontrar pneus próprios.
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