quinta-feira, 25 de março de 2021

travar corretamente blocagem Shimano, blocagem com trava especial das Trek antigas e a de selim

O número de ciclistas até experientes que travam a blocagem errado é grande. Travar a blocagem girando a alavanca estraga as gancheiras, principalmente em quadros de alumínio. 
A forma correta de travar a blocagem de selim é a mesma



 






terça-feira, 23 de março de 2021

Tirar um racha pedalando: lições para o prazer e a segurança

Milão - Sanremo é uma das prestigiadas provas pré temporada de ciclismo, algo em torno de 270 km. A chegada em Sanremo é uma longa descida em zig-zag já dentro da cidade seguida de um trecho plano. O pelotão da ponta veio todo junto descendo rápido. Num determinado momento os ciclistas, uns 20 ou 30, relaxaram um pouco, diminuindo a velocidade para se estudar, trocar ideias, entender melhor o como seria aquela chegada, colocando no tabuleiro as peças do jogo de xadrez que normalmente acontece. Aproveitando que todos estavam distraídos o ciclista da Trek Jasper Stuyven deu uma forte escapada, que demorou a ser respondida. Demorar para o ciclismo pode ser um tempo bem pequeno, mas que pode fazer toda diferença. Escapada numa descida? Sim e determinante para a vitória. 
Terminada a descida e já sendo perseguido Jasper entra num longo plano onde o pelotão tem imensa vantagem de trabalhar o vácuo, em outras palavras, ser mais rápido e pedalar com menos esforço. Visivelmente colocando todas suas forças para manter-se à frente Jasper engata mais uma marcha, perceptível até pela TV, a cadência cai, num grande esforço consegue voltar a sua cadência e seguir mais rápido, mesmo assim vai aos poucos perdendo terreno. Um holandês dá uma escapada do pelotão, consegue chegar até Jasper, que tem a inteligência de diminuir seu ritmo e entrar no vácuo do holandês, e recobrar o que lhe resta de energia. Nos 700 metros finais o pelotão se aproxima rápido, Jasper olha seguido para trás, sai do vácuo do holandês no momento exato e ganha a prova no limite do limite de suas forças. Brilhante! Cruza a linha de chegada com o pelotão enfurecido a dois metros, se tanto.

Quem já pedalou com um ciclista profissional sabe que a brincadeira é outra. A comparação está mais para a de um Chevette tentando acompanhar um Porsche Carrera Turbo. Agora, entre iguais a brincadeira de tirar racha não só pode como é divertida, e acontece com muita frequência. Mais, é divertida e dá para aprender muito sobre técnicas de ciclismo. Para quem gosta mesmo de pedalar, gosta de estudar, aprender, ter conhecimento, estas brincadeiras (rachas) ensina muito como pedalar seguro no meio do trânsito. Sempre relembrando meu amigo Clovis Anderson que me ensinou: "Ciclismo é a arte de preservar energia". Este é o segredo para a vitória, no caso do ciclista comum o caminho para evitar acidentes.

Como brincar de ciclista. Falei brincar. As dicas a seguir servem e muito para melhorar a segurança de quem só pedala em ciclovias:
  • preserve sua energia para poder usá-la no momento necessário
  • aprenda a controlar a ansiedade para preservar (muita) energia
  • acelere sua cadência (e a bicicleta) suavemente mesmo que seja numa aceleração brusca.
  • use as marchas, mantenha uma cadência suave, sem trancos na musculatura ao trocar as marchas
  • entenda corretamente a situação em que você está; olhe o entorno, avalie o que dá para fazer
  • ação correta depende da forma e em que momento agir
  • muito cedo é um erro; muito tarde dançou; acertou o tempo ganhou
  • o bom resultado sempre está em si próprio e não no que o outro é ou pode fazer
  • autorespeito, conhecer seus limites

terça-feira, 16 de março de 2021

Saco plástico para transportar qualquer coisa numa bicicleta

Não importa se você usa mochila ou alforjes, é crucial transportar tudo em sacos plásticos, de preferência cada grupo de coisas em um saco plástico específico. Remendo, cola, espátulas e ferramentas num saco; capa de chuva e bomba noutro; casaco, camisa, máscara, óculos em outro saco, e assim por diante tudo separadinho. Exagero? Definitivamente não; precaução e das boas, seja para proteger da chuva, da poeira ou de outras situações que só vivendo para entender. Saco plástico pesa quase nada, tem em vários formatos, espessuras, resistências e cores. Todo mundo recebe compras em sacolinhas e algumas delas valem ouro para o bom ciclista; duram, duram, duram...
Recomendo o uso de saco plástico para proteger até naqueles alforjes ou mochilas que são estanques à água ou poeira. São os que você enrola a abertura para fechar. Ciclista vive em ambiente aberto e a possibilidade de ter que abrir a mochila ou alforje ao ar livre é grande, e aí o estanque vai pro brejo. Se tudo estiver devidamente nos seus sacos plásticos só vai molhar ou empoeirar o que você tem que pegar. 
Recomendo sacolinha de loja ou comércio bom, que são mais grossos e duram mais. Envelopes plásticos de compra pela internet costumam ter grande resistência, só precisa ter cuidado ao abrir quando recebeu a encomenda para não estragá-los. Prefiro cortar com tesoura porque se decolar vai ficar grudento. Já vi Renata Falzoni usando sacos plásticos de ração dos cachorros, mas tem que lavar antes não só para tirar o resíduo, mas principalmente o cheiro. São ultra resistentes, mas não dobram ou amassam facilmente, o que é chato, se não um problema. Uso estes sacos de ração só para situações muito específicas. 
Nas minhas mochilas tenho sacolinhas com quase uma década de uso. E em casa tenho mais uns tantos sacos dos bons caso tenha que lavar os de uso ou trocá-los. Ou ainda levar mais coisas que o normal. Usar sacola plástica de qualidade para colocar lixo é um crime. Aliás, sacola plástica é um crime em si. Se ainda é inevitável, pelo menos faça o melhor uso possível delas. Confesso que sou neurótico neste sentido e me orgulho. Mais, lembrando, já catei muita sacola boa jogada na rua e trouxe para casa. Sacola plástica no bueiro é "o" crime.  
Sacos de lixo e sacolas de supermercado são frágeis e duram pouco, de qualquer forma recomendo sempre ter umas 3 ou 4 dobradinhas no fundo da mochila para trazer as compras sem pegar novas sacolas, que repito são o crime ambiental. Toda vez que usá-las cheque para ver se não estão furadas ou rasgadas, o que é fácil de acontecer. E nunca leve muito peso ou compras pontiagudas que possam cortar e derrubar tudo no chão. Quem já teve suas compras espalhadas no meio do asfalto com o trânsito desviando sabe a raiva que dá e o que dói no bolso.
Vão olhar estranho para você quando começar a tirar sacolinhas dobradas da mochila. Não se importe, ache graça e explique. Simples: funciona. Simples: é inerente ao uso correto da bicicleta.

sexta-feira, 12 de março de 2021

bagageiros e alforjes


Sou de uma época que o que tinha era o que tinha e ponto final. Quem não conhece esta frase é porque é novo. Significa, no caso do bagageiro, que nas bicicletarias só se encontravam dois modelos; um muito simples, de desenho delicado, chique, de feito de arame de aço em perfil redondo cromado, em forma de L invertido, com dois refletores atrás. O segundo também era um L invertido, mas feito em tubo de aço grosseiro, pesadão, sem graça, feio. Comprei o bonito, com desenho que é chique até hoje. Os atuais são bem mais resistentes. 
Fui para o Centro e numa tradicional casa especializada em caça e pesca comprei um alforje fabricado em tecido cordura, uma lona malha grossa em algodão, dita militar. Estava pronto para minha primeira viagem no pedal. Tudo aparafusado, preso, amarrado e lá fui eu.
A viagem foi curta, algo em torno de 50 km de casa, rodada em asfalto bom, sem buracos, mesmo assim tive que parar no meio do caminho para dar um jeito no bagageiro que já tinha entortado e no alforje que escorregara para trás e batia nos raios. Na volta para casa, 100 km depois, o alforje teve que ser remendado nos fundos. Mas, como disse, era o que tinha e ponto final.

Hoje as opções são inúmeras, tanto de bagageiro quanto de bolsas, alforjes, até malas especiais para bicicletas, alguns com travas facílimas de prender e soltar do bagageiro. A qualidade varia conforme o preço, a qualidade ou o ego do comprador. 
O ponto de partida é o quadro de bicicleta que vai ser colocado o bagageiro. Deve estar bem definido o uso que se fará, que tipo de carga será transportada e que peso total terá quando em plena carga. 
O correto posicionamento do bagageiro deve ter a base, a parte de cima, paralela ao chão. Um pouquinho inclinado para frente tudo bem, para trás vai dar problemas sempre. 
Quanto mais baixo o centro de gravidade melhor, portanto evite bagageiro que fica alto, longe do pneu. 
Se vai usar alforje evite bagageiros em V ou L porque o alforje, por mais que esteja preso, vai se movimentar e bater nos raios. 
Antes de comprar o bagageiro teste com o alforje cheio e bem preso para ver se seus pés não batem no alforje quando pedala. 
Outra dica é que o bagageiro tenha ponto de fixação na traseira para refletor e ou lanterna.
Não recomendo os bagageiros que vão presos no canote de selim, nem para pesos leves, porque saem de posição com facilidade.

Procure, veja, converse, busque referências antes de definir sua compra. Bagageiro e alforje parece uma compra trivial, mas não é bem assim. Taí um assunto cheio de detalhezinhos que fazem muita diferença.

Nesta foto se vê os alforjes ainda presos com a cinta amarela pelo centro. Como o movimento normal do pedalar meus pés raspavam nos alforjes além de tocar os raios. A bicicleta era muito simples, básica, custou 300,00 Euros. O bagageiro em V carregou por longa distância os aproximadamente 25 kg, mas é necessário ressaltar que tudo funcionou bem porque o asfalto era lisinho e eu tomei muito cuidado. Aqui no Brasil, com as irregularidades que temos, duvido que iria tão longe.  

Mudei a posição das cintas amarelas e prendi os alforjes pela frente para evitar que meu pé raspasse neles ao pedalar e que eles girassem para dentro tocando nos raios. Outro detalhe é a ótima lanterna / refletor que faz parte do bagageiro. Repito; funcionou direito porque o asfalto é liso, sem buracos, e eu tomei muito cuidado. 

Sem improviso; bicicleta, bagageiro e alforjes corretos para o uso que fiz. Uma simples corda elástica para diminuir vibrações normais num terreno acidentado, o que diminui muito a possibilidade dos alforjes saírem de posição. Bagageiro com estrutura lateral em LV para evitar que os alforjes toquem os raios; múltiplo ajuste nos apoios, inclusive na angulação da haste que fixa na gancheira.
Foram 180 km de terreno bem acidentado num sobe e desce a milhão sem qualquer problema.