quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Pandemia praticamente zera o estoque de bicicletas e peças

Para as bicicletarias está sendo a festa da salvação esta volta da população às ruas. Os donos de bicicletaria estão repetindo a mesma feliz reclamação: "não tem bicicleta, não tem peça, os distribuidores não estão entregando nada, tá a maior dificuldade" dizem com um sorriso no rosto. "Hoje abri a loja e entraram dois e compraram duas bicicletas sem fazer pergunta, simplesmente pagaram. Isto nunca aconteceu antes", disse Luís completando "Sempre que acontece alguma coisa, uma greve do metro, dos caminhoneiros, vende mais bicicleta, mas nunca como está agora". 
Faz uns 20 dias falei com o Branco que estava correndo atrás de uma pinça de freio a disco mecânico. "Ninguém tem e tenho que entregar a bicicleta". Como conheço a coisa sei que o cliente não vai acreditar e vai chiar. Eu precisei de uma peça que só encontrei pela Internet e olha lá. 
Uma boa fonte me contou que quando começou a pandemia a maioria das encomendas, mesmo as que já estavam para embarcar, foram suspensas. Bem possível. talvez tivesse feito o mesmo porque o mercado de bicicletas sempre foi completamente louco. Nunca se sabe bem o que vai acontecer.
Mesmo os produtos nacionais estão em falta. Um dos grandes fabricantes de assessórios e vestimentas esportivas, incluindo para o setor da bicicleta, está trabalhando a todo vapor, mas um dia falta tecido, outro, elástico, ziper... Indústrias trabalham em conjunto com seus fornecedores, que vão entregando matéria prima no tempo correto para entrada em produção, e assim evitar os custos de grande estoque e aproveitar melhor a área que seria necessária para a estocagem das matérias primas. Esta cadeia de produção está muito aos poucos voltando ao normal, mas ainda vai demorar um bom tempo para sair dos trancos e barrancos, principalmente num setor, o da bicicleta, que está muito aquecido.

Se a questão da bicicleta fosse realmente levada a sério pelas autoridades teríamos números sobre a situação atual, o que ajudaria e muito na definição do que se quer para as cidades e uma definição mais apurada sobre em quem votar.

Fato é que nunca vi tanta bicicleta circulando nas ruas e principalmente nas estradas. Faz umas duas semanas fiquei besta de ver a quantidade de ciclistas pedalando nas proximidades de Resende e Penedo, no Rio de Janeiro quase divisa com São Paulo, inclusive na Dutra. Fim de semana passado estive visitando um amigo em São José dos Campos e a quantidade de ciclistas por todos lados, principalmente nos bairros novos do Urbanova, é uma loucura, tanta que me senti incomodado com o tumulto e voltei para o hotel. Independente de horário e calor, o pessoal pirou e quer pedalar. 
Pedalar sim, mas respeitando o distanciamento, o que o pessoal não está fazendo corretamente. Eu prefiro ir por onde ninguém vai. No meio da muvuca não.

O interessante é que tenho visto bicicletas novinhas com umas marcas que não fazia ideia da existência. 

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

micro furo de pneu por objeto invisível

Indo para Sorocaba com a bicicleta de estrada sofri 5 furos seguidos depois que começou a chover. Furar o pneu depois que a chuva começa e traz para o acostamento todas pequenas sujeiras do asfalto, principalmente fiapos de pneus de caminhão, é comum, mas 5 furos seguidos é muita falta de sorte. Ou não. Como sempre no primeiro furo desmontei o pneu, passei os dedos por dentro dele para ver se o objeto cortante ainda estava lá, olhei por fora, na banda de rodagem e nada. Troquei de câmara, montei, pedalei mais uns 15 ou 20 km e furado de novo. Repeti todo processo com mais cuidado, montei, enchi e sai e mais uns tantos km e furo. Ai repeti todo o processo com calma, olhando cortezinho por cortezinho na banda de rodagem e não vi nada. E de novo, e de novo furo, o último no pedágio da Castelinho, onde finalmente o microscópico fiapo de arame apareceu. Foi um custo tirá-lo. A partir dali aprendi o valor de uma boa pinça, que não hora eu não tinha em mãos.


A situação repetiu-se. Já no primeiro micro furo, que fazia com que o pneu perdesse pressão em dois ou três dias, procurei um arame ou ponta de vidro bem pequenino e nada. Furou a segunda vez usei uma lupa e não vi nada. Agora o terceiro furo. Desta vez escovei a banda de rodagem e forcei a borracha para abrir cortezinho por cortezinho e tive sorte, achei. 
As últimas foto mostram de onde veio o micro pedaço de arame: da troca de cabo que fiz uns dias atrás. E o tamanho dele. 
Já me aconteceu com fiapos maiores. Entram em diagonal no pneu e ficam dentro da banda de rodagem e só furam o pneu dependendo de onde ele passou, uma irregularidade ou buraco imagino eu.

A foto mostra uma pequena laceração que fiz com um estilete para aparecer a ponta do arame, que estava praticamente invisível, tanto que por dentro do pneu passando o dedo e olhando era imperceptível. 

O que se pode fazer? O correto mesmo é em qualquer caso de furo buscar o objeto cortante abrindo com os dedos todos os cortes da banda de rodagem, até mesmo os bem pequenos. É um saco, mas é a única forma de evitar uma situação destas. Um furo atrás do outro ninguém merece.


  




Este é o remendo que coloquei no primeiro furo, o que demorava dois ou três dias para murchar. É um destes remendos secos, que não precisam de cola, e eu não recomendo. Sempre dão problema. Se quiser usar para ser rápido no meio do passeio ou estrada lembre-se de não colocar muita pressão ou vai descolar. De qualquer forma é preferível não usar. Opte sempre por um bom remendo com cola, de preferência os que já vem na forma correta para colar, não a manta que tem que ser cortada e colada.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Fabricação de selins; e restauração

Bunda velha tem suas manias e a minha gosta de um formato de selim que parou de ser fabricado. Ainda tenho meus velhos selins aqui e tenho que restaura-los. Nestes vídeos têm um pouco de tudo, da fabricação ao restauro. Antigamente vendiam umas capas de selim feitas só para proteger o tecido original. Hoje as capas que se encontram têm gel e a sensação de pedalar sentado num deles para mim é parecida com a daquela quando não deu para chegar a tempo no banheiro; um horror! 

Quem pedala faz muito sabe o que é sofrer num selim. Os das Caloi e Monark 10 eram de tirar o folego! Tão incômodos quanto os que vinham das Barra Forte e Barra Circular, mesmo que estes tivessem molas para suavizar. Como dizíamos, era pau no rabo!

E aí surgiram as mountain bikes com uns selins um ano luz melhores, quase como sentar no pudim. E uns anos depois veio toda aquela celeuma sobre selins causando câncer de próstata, mais que uma besteira, má fé. Hemorroidas talvez, câncer não. Mas todo mal tem seu bom lado e os fabricantes passaram a olhar as bundas com outros olhos. Aqui no Brasil continuou tudo igual com as belas bundas o desejo nacional, também o símbolo, a bandeira, o batuque, samba... rebolado..., causadora de acidentes..., mas isto é outra história. Voltando aos fabricantes, passaram a estudar músculos, ísquios, posição do ciclista e movimentos das pernas e tudo mudou. Descobriu-se que há um selim para cada bunda, um selim para cada forma de pedalar. Continua sendo menos cômodo que sentar na poltrona do vovô para ver Giro d'Italia enquanto a nona faz a macarronada, mas dá para pedalar longe sem depois ter que ficar três dias trabalhando em pé.










sábado, 12 de setembro de 2020

História oficial do Shimano Dura Ace; e uma versão da história das marchas

Desconhecia a história do Shimano Dura Ace, que começa em 1973 em competições de road bike e é a mãe do que viria acontecer depois no grande mercado, inclusive no mountain bike. Praticamente tudo que li sobre bicicletas sempre foi muito voltado a bicicleta urbana e mountain bikes, e pelo que lembro destas leituras sempre se disse que o SIS, Sistema Indexado Shimano, tinha sido criado para as mountain bikes, o que não é bem verdade pelo que se vê no documentário. História sempre é contada com o viés de quem conta. E... a história oficial sempre é do vencedor. No caso das bicicletas sem dúvidas o mountain bike que virou um fenômeno mundial rapidamente além de ter de certa forma ressuscitado a bicicleta em locais ou países onde estava esquecida, principalmente no enorme e muito influente mercado americano.  
 

Junto com a história do Dura Ace apareceu esta história das marchas no Youtube. O detalhe é que ele não fala sobre a invenção da caixa de câmbio. E até onde vou, sei que a história que ele conta tem outros deslizes, como a invenção do câmbio traseiro paralelogramo que mantém a distância da polia superior para cada engrenagem da catraca, o que foi criado por Campagnolo ou Huret, não me lembro bem.
O que falta ainda é a história dos pequenos, do pessoal que criou, inventou, fez diferença, mas não aparece. Dou um exemplo: creio que 1992 vi a foto do primeiro câmbio traseiro fabricado por torno e fresa inteligente s, chamados de CNC, a partir de uma peça maciça de alumínio. A peça era maravilhosamente linda e custava US$ 400,00, um absurdo completo de caro para a época. Nos Estados Unidos, mesmo sendo muito caro, vendeu, dentre outras coisas porque americano dá uma força, aposta, acredita nestas novidades, mas quantos terão sido vendidos? Um punhado, com certeza, que dificilmente será lembrado pela história.
Fato é que mesmo o melhor dos historiadores ou pesquisadores, e sou neto de um e irmão de outro, acabam tendo buracos em suas "histórias", principalmente quando se fala do pessoal pré internet. A história hoje está sendo escrita com muito mais precisão porque é possível acessar muitíssimo mais dados e informações com uma facilidade impensável se comparado a uns 30 anos. 


quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Cabo de câmbio partido - cuidados ao trocar

Ontem o câmbio traseiro começou a funcionar estranho. Parei a bicicleta e olhei para ver se quando estacionei algo bateu no câmbio e entortou ou o próprio câmbio ou a gancheira, mas estava tudo em ordem. Hoje tirei com muito cuidado a tampa do passador de marchas para não perder os pequeninos parafusos e dei com um cabo já todo desfiado, pronto para partir. 
Não há grandes segredos em trocar um cabo de câmbio, mas eu tive uma experiência bem negativa que vale a pena contar.

Tenho uma bicicleta com os velhos e perfeitos STX e um dia deu o mesmo problema, cabo partido. Na hora de trocar fiz uma besteira e cortei o cabo partido muito rente ao passador. Não vi, mas isto fez com fiapos do cabo partido tenham ficado dentro do mecanismo do passador de marchas, que depois de uns dias passou a funcionar completamente errático. Uma hora passava as marchas com perfeição, sem mais nem menos ou não subia ou não descia com precisão as marchas, voltava a funcionar bem, parava de funcionar, foi uma loucura. Revisei todo sistema do câmbio, limpei, desmontei, troquei cabo, conduite, roldanas, olhei, procurei, enlouqueci... e as trocas de marchas continuavam erráticas. Até o momento que abri a tampa do passador e com uma lupa achei dois fiapos de cabo no meio da graxa do passador. Saí para pedalar e tudo bem. Passados uns dias voltou o problema. Lupa em mãos de novo e com um arame fininho fui cutucando até que pesquei o último fiapo de cabo que estava grudado embaixo das engrenagens. Ai sim tudo voltou a funcionar com perfeição. 

Moral da história: nunca corte o cabo partido rente ao passador. Sempre deixe fiapos longos de cabo e puxe-os com um alicate de bico fino. E antes de colocar o cabo novo certifique-se que não sobrou nenhum fiapo. 


Fica aqui duas outras recomendações:
  1. Não economize com os cabos. A diferença de precisão e durabilidade entre um cabo de primeira e um genérico é muito grande; e a diferença de custo não doe no bolso. Um bom cabo dura anos, um baratinho dura meses. Se fizer o cálculo vai descobrir que o bom custa menos.
  2. Tem muita gente tirando a poeira de bicicletas do início dos anos 90. A qualidade do material destas bicicletas é insuperável, principalmente se o sistema de marchas for todo Shimano. Mesmo que os cabos estejam enferrujados não troque. Limpe com uma esponja embebida em óleo, seca com um pano e coloca de volta. Os cabos daquela época duravam fácil 10 anos de uso intenso. Aliás, aquelas bicicletas foram fabricadas para durar décadas. Evite trocar o que quer que seja. Os passadores pararam de funcionar? Toca WD40 dentro e vai usando que normalmente eles voltam a funcionar. E não troca o cabo.