quinta-feira, 18 de julho de 2024

Dicas para ensinar a pedalar


Como conto neste vídeo bem antigo, ansioso nem ciclista profissional vai bem, imagine quem nunca pedalou. Aí é que não sai do lugar. Agora tenha certeza, todos que não sabem pedalar chegam determinados e muito ansiosos.

Difícil? Sua parte como professor é conseguir "desligar" a cabeça do aprendiz. Naquela hora, frente a frente com a bicicleta, fazer o aluno aterrisar em outro planeta. Fazer qualquer coisa, não importa o que. Quanto mais leve for a comunicação, mais fácil é o aprendizado. Cada aluno é um aluno, não tem dois iguais, mas rindo tudo anda mais fácil.

No vídeo conto uma história de uma aluna que só conseguia pedalar umas dezenas de metros e parava exausta. Passou um triathleta e disse para ela "siga aquela bunda (do homem que ela achou interessante). Foi a primeira vez que ela deu uma volta no quarteirão sem pestanejar. Vale qualquer coisa para distrair o ou a aluna ansiosa. A cabeça deles aterrisou em outro lugar que não seja a bicicleta e a obrigação do pedalar ele vai, sai pedalando.

O novato tem que descobrir seu próprio equilíbrio. Ou, melhor, tem que aprender a relaxar para a bicicleta fazer o que ela faz: rodar em equilíbrio.
Nunca, em hipótese alguma, coloque a mão no guidão, um grave erro que vejo com frequência. O equilíbrio da bicicleta está no guidão, ou na roda dianteira. Segurar o guidão corresponde a travar o equilíbrio da bicicleta, e aumentar a ansiedade do ciclista que vai achar que quem está errando é ele. 
Aliás, evite colocar a mão no corpo do aprendiz. Ele tem que aprender a se virar. Se tiver que segurá-lo pegue por baixo do braço, próximo ao sovaco. 

A verdade é que quem tem o dom do equilíbrio é a bicicleta. Cada vez que o ciclista inventa de tentar equilibrar a bicicleta, e aqui falo de quem já pedala bem, as coisas começam a dar ruim. Ciclista é passageiro de uma máquina que se auto equilibra. Sua função é direcionar a bicicleta com suavidade, delicadeza. Lutar contra a bicicleta não dá certo, não experimente. 
Os melhores ciclistas do planeta nunca brigam com a bicicleta. Muito pelo contrário, são parceiros, formam uma coisa só, tratam ela com carinho, delicadeza, uma relação de extremo cuidado e respeito.

A primeira coisa que te ensinam numa escola de pilotagem automobilística ou motociclista é relaxar o corpo. Travou, não anda, não faz tempo. O mesmo na equitação, brigou com o cavalo acaba no chão. Etc... É uma regra para vida: travou, dançou, deixou de funcionar, aproveitar, ser seguro. Vale para tudo. Definitivamente não é diferente com a bicicleta.
 
Braços e ombros completamente relaxados, este é um ponto a ser batido, repetido a exaustão, sem encher o saco do aluno. Como? Uai, inventa, foge da regra, faz ser divertido, dar risada. Vai de cada aluno, mas sempre ha uma forma.
Dar aula, bem dada, nos enriquece muito.

Imediatamente depois dos primeiros movimentos é crucial que o futuro ciclista aprenda que muito mais importante que saber pedalar é saber parar corretamente, com segurança. Parar e descer da bicicleta com segurança. O aprendiz tem que sentir que ele tem o poder de parar quando quiser com tranquilidade. Quando conseguir seus medos da e na bicicleta vão diminuir muito ou desaparecer. 
Aprendeu a parar com segurança vem um novo e importantíssimo estágio: convencê-lo a segurar o entusiasmo. Não raro é tão ou mais difícil que fazê-lo pedalar pela primeira vez.

Finalmente. É absolutamente crucial que o aluno não caia ou tome sustos. O professor está lá para garantir a segurança e integridade do aluno, ponto final. O ideal é que quem ensine tenha condição de correr ao lado do aprendiz. No caso de ele começar a perder o equilíbrio, repito, segure ele pelo braço próximo ao sovaco.

Em mais de 7 anos de aulas só tive 4 quedas de alunos. E me doem. Gostaria de ter zerado.
A única que se machucou mais sério, um corte no interno dos lábios e queixo ralado, foi a mais equilibrada de todos que ensinei, a única que partia do zero em perfeito equilíbrio. Do nada se atirou da bicicleta em movimento, jogou a bicicleta para um lado e voou para o outro. Estávamos num estágio avançado, com ela pedalando num parque, sem ninguém por perto, sem qualquer perigo eminente, e ela se atirou. Eu estava pedalando um pouco a frente e não consegui evitar. O pessoal que viu o acidente não entendeu nada. Ela se levantou pedindo desculpas. Curada, voltou às aulas. Conversamos muito sobre o ocorrido, mas ela não soube explicar o que houve. Inexplicável porque o equilíbrio dela beira a perfeição. Quisera eu ser tão equilibrado, conseguir sair do zero como ela saia com uma facilidade incrível, coisa  de circo.

O segundo que caiu foi avisado várias vezes que estava cansado e que deveria parar. Parou, mergulhado numa bosta de cachorro no gramado de uma praça, literalmente. Demos muita risada e tive que voltar para casa sem camiseta. A dele, bosta fedida esmagada no meio do peito, foi para o lixo direto. 

A terceira foi uma senhora idosa que se desequilibrou, eu a segurei do jeito que deu, ela não chegou a tocar o chão, nem se machucou, mas eu acabei com o sutiã dela na mão. Sem titubiar, tirando um sarro de minha agonia, ela disparou rindo: "Assim não".

O quarto tombo foi genial. A aluna mal pedalava, quando conseguia saia pedalando e depois de uns metros parava. Percebi que parava antes de um homem que olhava tudo. Eu ia até ela, conversava, percebi que o problema era aquele homem, trazia ela de volta para o ponto de partida, a soltava e ela repetia o mesmo erro. Por pura brincadeira numa destas disse para ela seguir em frente e atropelar o bonitão. Não deu outra. Foi a primeira vez que ela pedalou segura. Acertou o sujeito no meio. Ela freou antes e os dois desmancharam no asfalto. Tive que ajudar a desenroscar ela dele, e a bicicleta no meio das quatro pernas. Felizmente não se machucaram e o homem foi compreensivo. O marido dela, que assistiu tudo a boa distância, quase teve um infarto de tanto rir. "Você não conhece minha mulher", disse ele quando tudo voltou ao normal. Na aula seguinte ela já estava pedalando. Virou para nós dois e disse que ia dar uma voltinha. O marido olhou para mim rindo e disse para eu ir atrás. Respondi que não seria necessário, que ela daria meia volta, e ele repetiu "Você não conhece minha mulher". Óbvio que dois quarteirões a frente ela entrou numa rua movimentada e óbvio que sai desesperado atrás dela. Capturada e levada de volta ao marido ela perguntou "Por que não posso ir sozinha para o parque?"

Falando nisto aviso, a aula é entre você e o aluno. Não permita a presença de qualquer pessoa que intimide, iniba ou trave o aluno. Aí não vai mesmo. É muito comum a pessoa não conseguir pedalar porque quem tentou ensinar tinha uma relação muito próxima. 

Cada aluno será um aluno, já disse e repito. Esteja preparado para tudo. Dar aulas é um aprendizado incrível. Nada melhor para amadurecer.

Como está no vídeo, se o sujeito for um empresário de sucesso, um diretor de multinacional, alguém que é ou se acha importante, o ensinar fica muito mais difícil. Cabeça dura é cabeça dura, sabendo ou não pedalar. São os que dão problemas ou tomam tombos.    

http://www.escoladebicicleta.com.br/livro.html

domingo, 7 de julho de 2024

Prova ciclismo 9 de Julho 2024: dia 8?

A 9 de Julho é a mais tradicional prova de ciclismo de São Paulo, talvez do Brasil. Tive que procurar para saber se vai acontecer este ano, o que por si já é um absurdo. Absurdo? Não num país que tem umas 40 milhões de bicicletas rodando e que não consegue ter ciclistas nas grandes provas internacionais de ciclismo, Tour de France, Giro d'Italia, Vuelta de Espanha... Não é nenhum absurdo num pais com histórico de desrespeito ao passado de vários esportes vencedores, incluindo o futebol. Absurdo? Não aqui. Estar no meio do mundo da bicicleta e não ter notícias se a 9 de Julho vai ou não acontecer diz tudo. 

A 9 de julho 2024 vai acontecer... no dia 8 de Julho e fora de São Paulo, a cidade. A prova está aberta só para ciclistas federados, sem as categorias amadoras, na Ligação Anchieta - Imigrantes. Bom, pelo menos vai acontecer? Desculpe, mas é justamente esta forma de pensar que destroi o esporte. Para dizer a verdade, fazer da forma que dá é uma das razões que faz o Brasil nunca ser o país do futuro que sonhamos.

Outro lado triste é que ciclistas não são unidos. O pessoal que luta pelas melhorias para os usuários da bicicleta urbana acham que ciclismo esportivo é uma outra tribo e vice-versa. Não só a comunicação entre eles é precária, não raro é hostil. Um tanto daquela história estúpida "nós e eles". 

A Prova 9 de Julho acontecer como evento sagrado é de interesse de todo e qualquer ciclista ou cidadão. Aí é que tem que entrar o corporativismo para valer, o bom corporativismo, não esta burrice setorisada. 

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Punição para os ciclistas perigosos

"Se é ciclista não tem culpa", faz sentido, é justo? Tem muito ciclista que pensa que todos, menos os ciclistas, têm culpa, independente do que aconteceu. A culpa é dos outros, sempre. Não é muito diferente de motociclista que sempre tem razão. Ou da posição dos motoristas que culpam os motociclistas, ou dos motociclistas que culpam os motoristas. E os pedestres, culpam quem? Complexo de inferioridade total: boa parte dos pedestres culpa os próprios pedestres por seus acidentes.

De minha parte, acredito que o Brasil não vai para frente porque a culpa sempre é do outro. Temos uma grande dificuldade de assumir nossos próprios erros.

Definir a culpa, ou seja, a responsabilidade, na maioria dos casos é fácil, principalmente quando o erro cometido foi grosseiro, incontestável. Mesmo assim não raro a culpa é do outro.

Qualquer um que tenha a mais remota noção de como se diminui a violência no trânsito sabe que culpar o outro só piora tudo. 

Este artigo, em inglês, que publico abaixo fala sobre a decisão das autoridades inglesas de punir os ciclistas que cometerem infrações graves ou causarem lesões ou mesmo morte por imprudência. 

Logo que recebi o artigo enviei para um amigo que é ligado ao movimento do cicloatismo. A reação dele foi de um susto discordante, o que tenho certeza que seria o mesmo por parte de muitos outros. 

Os números do Brasil não mentem, somos um dos campeões mundiais de todo tipo de violência. E somos um dos campeões mundiais de punições injustas.

Não é porque é um dos meus que não deva ser punido, e se for o caso com severidade. 
E principalmente que se puna quem deve ser punido, não a fabricação de números e estatísticas para agradar os tarados de todas espécie.

Venho há anos falando que se tem que melhorar as condições de trabalho de peritos e legistas. Da forma que está não se faz justiça, nem a legal, nem a social.

Pensar que a mudança desejada se fará fazendo vista grossa nos delitos dos mais fracos, no caso ciclistas, só leva a continuação do absurdo que vivemos. 
Quem quer que tenha atropelado a velhinha na calçada tem que ser punido e pagar por seu delito. É assim que se constrói uma sociedade justa.
Ponto final.

Sky News

New 'death by dangerous cycling' offence after MPs back law change

Updated Wed, 15 May 2024 at 7:40 pm GMT-4
3-min read

Dangerous cycling that causes death could land people up to 14 years in prison after the House of Commons backed a proposed change to the law.

On Wednesday night, MPs voted in favour of an amendment to the Criminal Justice Bill that would create three new offences: causing death by dangerous cycling; causing serious injury by dangerous cycling and causing death by careless or inconsiderate cycling.

The amendment, put forward by former minister and Tory party leader Sir Iain Duncan Smith, was supported by the government and will now form part of the bill.

Speaking in the Commons, Sir Ian described the new law as "urgent" and added: "This is not, as is often accused by people who say anything about it, anti-cycling.

"Quite the opposite, it's about making sure this takes place in a safe and reasonable manner."

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During his speech, Sir Ian made reference to Matthew Briggs, whose wife Kim died aged 44 after a cyclist collided with her in Old Street, east London.

The bicycle did not have a front brake and the 44-year-old suffered "catastrophic" head injuries - dying in hospital a week after the crash in February 2016.

The cyclist, Charlie Alliston, was jailed for 18 months after he was found guilty at the Old Bailey of "wanton or furious driving", but was cleared of manslaughter.

Sir Iain said: "(Mr Briggs') attempt to get a cyclist prosecuted after his wife was killed in central London in 2016 involved a legal process that was so convoluted and difficult even the presiding judge has said afterwards, since she's retired, that this made a mockery and therefore it needed to be addressed - that the laws do not cover what happened to his wife and is happening to lots of other people."

He added: "The amendment, I believe, will achieve equal accountability, just as drivers are held accountable for dangerous driving that results in death, cyclists I think should face similar consequences for reckless behaviour that leads to fatalities."

Transport Secretary Mark Harper, responding to the approval of the amendment, said in a statement: "Most cyclists, like most drivers, are responsible and considerate. But it's only right that the tiny minority who recklessly disregard others face the full weight of the law for doing so."

Dangerous cycling is already laid out in the Road Traffic Act, which includes riding in a way which "falls far below what would be expected of a competent and careful cyclist" and which "would be obvious to a competent and careful cyclist that riding in that way would be dangerous".

The proposed law would require cyclists to make sure their vehicle "is equipped and maintained" in a legal way, including by keeping brakes in working order.

It would apply to incidents involving pedal cycles, e-bikes, e-scooters and e-unicycles.

Current laws state that causing death or serious injury by dangerous, careless or inconsiderate driving are already offences, but the vehicle involved must be "mechanically propelled

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Carta resposta de 1983

No meio de trabalhos que nada tem a ver com a questão da bicicleta encontrei esta carta que apresento abaixo. Deveria ou foi direcionada a um Sr. Roman, que imagino fosse ou da Prefeitura de São Paulo ou CET SP. 
Interessante como o que está escrito ainda é válido hoje, 40 anos depois. 
A carta foi datilografada em máquina de escrever e, como era normal naquela época pré computador, deve ser uma versão prévia. É muito provável que eu tenha batido (na máquina de escrever) uma versão definitiva corrigindo os erros desta. Era um inferno, errou, bate tudo de novo, e de mais uma vez, até acertar.

Só para situar, em 1982 fiz o Projeto de Viabilização de Bicicletas para Modo de Transporte, Esporte e Cicloturismo para o Estado de São Paulo, Governo Franco Montoro. E a carta é sobre alguma reunião que cheguei a ter com autoridades, todas sob ordens do então empossado Prefeito Mário Covas.

Um resumo ou a atualização deste projeto está no 
Uma hora descubro o de está o original e publico.
 

sábado, 8 de junho de 2024

NY, suas ciclovias e os entregadores


Para quem foram implantadas as ciclovias, ciclofaixas e todo sistema cicloviário? Para que foi implantado? Qual a mudança que esperava para as cidades e a vida de seus cidadãos?

NY está tomada por entregadores que circulam a mil em bicicletas elétricas. Pelo menos são comportados, evitam barbarizar no trânsito, nem pensam em deixar pedestres incômodos. 

Difícil ver ciclista não entregador. O que isto significa? Quais os benefícios e prejuízos desta situação?

Como olhar tudo que foi implantado "entregue" ao comércio virtual?





quarta-feira, 5 de junho de 2024

Pedalar nos Estados Unidos, costa e interior leste


Estou nos Estados Unidos, primeira parada em NY, onde o pedalar é comum, onde pedalei muito e conheço bem. Com boa quantidade de bicicletas nas ciclovias, quase toda cheia de elétricas com entregadores chicanos que não pedalam, só vão no motor. Ciclistas mesmo, os que pedalam, durante a semana são poucos, minoria para valer. Nos fins de semana passam muitos mais, passeando, mais pela manhã, boa parte acompanhados com a mulher ou filhos, alguns muito pequenos já pedalando suas bicicletinhas até as aro 16, recém ciclistas. O número de bicicletas estacionadas por NY diminuiu muito.




Saí de NY num Toyota Corolla Cross, dito por lá, nas locadoras, como carro pequeno. Era o que tinha para alugar, para viajar pelo interior dos Estados Unidos, em direção a Nashiville e de lá para Atlanta. Todas as estradas são ótimas, como as melhores de São Paulo, inclusive com os acostamentos cheios de restos de pneus de caminhões. Até motos são proibidas nas estradas expressas. Pedestres e bicicletas nem pensar. A maioria das expressas com pelo menos duas vias e duas ou três pistas cada, separadas por um largo gramado. Estradinha de mão dupla só rodei entre pequenas cidades, praticamente vilas, onde passaram por mim exatos 8 ciclistas em 15 dias rodados, um único ciclista esportista. No resto da viagem, incluidas as cidades, quantos ciclistas? Também contados nos dedos, com exceção do passeio ciclístico na manhã de domingo em Atlanta.

Quase chegando em Nashville passei por cicloturista, para meu total espanto. Pela forma como tudo estava preso na bicicleta acredito que saiu correndo de casa para fugir da família ou de um chato qualquer.

Gostaria de ter pedalado nas estradas daqui, mas as distâncias são grandes, bem maiores que as que encontramos no Brasil. Acostamento de estrada de mão dupla praticamente impecável. Se tivesse tempo poderia ter contratado um passeio em trilhas. É fácil encontrar folheto com propaganda de uns passeios lindos em hoteis de cidades pequenas.
Bicicletarias? Nestes 15 dias por aqui, que me lembre, vi umas três.

Não sei quais são os números e o que conto aqui é o que vi e a consequente sensação que tive sobre como está a bicicleta no Brasil. No último dia, que foi na pequena e agradabilíssima cidade de Newnan, entrei numa bicicletaria Trek. Pelo tamnho da loja e pela conversa ficou claro que ciclista tem, e não é pouco, mas não pedalam nas cidades porque acham inseguro. Aliás, em Newnan vi uns tantos ciclistas, a maioria pedalando nas calçadas. Inseguro pedalar no organizadíssimo trânsito americano? Só pode ser piada!

Claro que tem coisas que tem algumas coisas que são incompreensíveis, como esta marcação para posicionamento de ciclistas nos cruzamentos das estradas expressas. Eu já tinha visto fotos deste absurdo. Agora tive a oportunidade de ver pessoalmente. Não sei quem projetou e implantou isto, mas é coisa de maluco que não faz a mais remota ideia do que é pedalar no trânsito. Ou o sujeito replicou a sinalização horizontal que existe em Londres numa estrada onde os automóveis e caminhões rodam a mais de 55 milhas/h, ou, mais de 100 km/h. Desculpem, mas é uma loucura.
Fato é que em nome da segurança no trânsito para o ciclista, melhor dizendo, da precaução além do bom senso, o número de ciclistas circulando é muito baixo, o que é um contrassenso. Dificil explicar. Aliás, pensando bem, fácil: mesmo em trechos urbanos muitas vias não tem calçadas. 



Fato é que nos Estados Unidos confirmei que muito das restrições ao uso da bicicleta vêm da mais pura neurose com segurança no trânsito. O que se fala de besteira é uma enormidade.

Esta linda está jogada nos fundos de um pequeno restaurante de uma cidadezinha mínima perdida no meio do nada. Ai que vontade! Por aqui a teria comprado e enfiado no portamalas. Deixá-la para trás foi uma sensação estranha, meio dolorosa.

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Saudades

Quase um mês fora de casa e bateu umas saudades loucas... de minhas bicicletas, de pedalar no meio da loucura, de me sentir livre, e sair para a estrada, subir montanhas, fugir de tudo, inclusive das pessoas, estar comigo mesmo... e pedalando.
Sempre deu vontade de pedalar nos lugares por onde estive em férias, mas sentir este grau de saudades de pedalar minhas bicicletas, de querer voltar imediatamente, calibrar os pneus da laranjinha, minha apelidada "McLaren", bater a poeira do selim, sentar, sair e pedalar sem destino, não.

Daqui uns dias estou de volta a São Paulo. Só consigo me ver pedalando a laranjinha, provavelmente sentindo o cansaço de tantos dias longe dos pedais e o imenso prazer em estar livre.

Escrevo esta saudosas linhas já fazendo planos sobre o que faremos em breve. 

Saudades
beijos
Seu ciclista.