segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Ensinar a pedalar em 40 segundos? Nunca!

Ensinar a pedalar em 40 segundos como diz uma propaganda de rede social? Desculpe, não existe. Há casos em que o ciclista pode até sair pedalando muito rápido, até na primeira vez que sobe na bicicleta, mas daí a ter aprendido a pedalar há uma brutal diferença. 
Cito duas alunas que saíram pedalando no primeiro contato com a bicicleta. A primeira acabou lembrando que quando muito criança pedalava com o irmão e a segunda escondeu que sabia pedalar porque não acreditava que ainda conseguia pedalar. Tenho mais casos parecidos que definitivamente não querem dizer os alunos foram ensinados em 40 segundos. Ninguém aprende nada em 40 segundos, nada, absolutamente nada.
Me avisaram que na propaganda diz 40 minutos e não segundos. Dá na mesma, ninguém aprende nada em 40 minutos. Talvez aprenda alguma coisa em 40 dias. Eu com mais de 40 anos de pedal digo que tenho muito a aprender, mas muito mesmo, e quero aprender.  

"Ele era bonzinho, mas insistiu que eu tinha que aprender (a pedalar) numa mountain bike. Não consegui. Será que um dia consigo pedalar?" 
Bicicleta correta, local correto, tempo correto para o aluno, esta deve ser a regra. É comum ver principalmente alunas que não conseguiram pedalar porque tentaram ensina-las em bicicletas grandes, o que aumenta a insegurança, dificultando ou impedindo o aprendizado. Qualquer aluno ou novato deve conseguir colocar os pés no chão para sentir-se seguro e diminuir sua ansiedade. Pode até ser uma mountain bike, mas não é o ideal tanto pela imagem que o modelo tem, esportivo e radical, quando pela posição que o ciclista pedala, inclinado para baixo. A bicicleta não pode aumentar a ansiedade, o que por sua vez aumenta a insegurança.
As primeiras pedaladas é bom que sejam curtas, porque não 40 segundos, ou até menos, mas com alguém acompanhando caso perca o equilíbrio. Novatos cansam muito rápido por causa da ansiedade e ai perdem o equilíbrio. Não recomendo, por uma questão de segurança, que nas primeiras voltinhas o aluno nunca pedale sequer 40 minutos. 

Saber se equilibrar não é saber pedalar.
 Cada um tem seu tempo de aprendizado e saber pedalar demanda uma boa quilometragem. Isto fica claro para quem pedala no meio do povo, onde é muito fácil encontrar gente sobre a bicicleta que não sabe o que fazer numa ciclovia, ciclofaixa ou mesmo rua deserta. 
Estimular alguém é uma coisa, engana-la é outra. Ensinar a se equilibrar e depois pedalar junto em local tranquilo, sem trânsito, sem pedestres, ciclistas e crianças por perto é uma coisa. Fazer alguém que acabou de se equilibrar ir para uma ciclovia é outra completamente diferente. Normalmente são estes que causam e sofrem acidentes, alguns graves. 


Ensinar é uma ciência, demanda estudo, conhecimento, prática, erros e acertos, cuidados com o individualismo dos alunos, dentre outros inúmeros detalhes. No Brasil falamos muito que a única saída é educação, mas não se respeita o ensinar. Neste tema não existe 40 segundos.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

brincar, errar, treinar

Estava correndo a pé no parque e na minha frente ia uma linda menina. Corríamos mais ou menos no mesmo passo, mas sua beleza me fez acelerar um pouco para vê-la mais de perto, e fui me aproximando. Quando estava a uns 20 metros ela parou de supetão e sentou-se. Assustado diminui meu ritmo, tirei a mascara para ser ouvido com clareza e perguntei se estava tudo bem. "Está, obrigado. Estou com o tênis errado. Esqueci meu tênis de corrida na casa de minha mãe".

Por partes: ter um objetivo ajuda qualquer facilita alcançar qualquer coisa nesta vida; mais ainda na melhora do condicionamento físico, principalmente quando o objetivo não é chato. Quando dava aulas eu brincava com os alunos: Siga aquela bunda! E sempre deu ótimos resultados não só com homens, mas também com mulheres. Objetivo mais distração dão leveza e fazem esquecer cansaço e dores. Mais, diminuem as frequências cardíaca e respiratória melhorando o rendimento.

"Estou com o tênis errado..." Um dos erros básicos de nossa civilização é a repetição. Monotonia mata. Pior ainda quando se trata de treinamento. Fazer sempre a mesma coisa induz o corpo a responder só a mesmice, enfraquecendo respostas a situações novas ou inesperadas. Por isto que se fala tanto em treino cruzado, em outras palavras, evitar ficar na mesmice
Cometer pequenos erros ou deslizes faz bem para a saúde. Correr com tênis errado pode ajudar e muito no treinamento, basta saber o limite. O corpo aprende a lidar com o inesperado, o incômodo, o errado. Quanto mais preparado para tudo melhor. 

Excesso de entusiasmo sempre deve ser evitado. Está com tênis errado, com bicicleta pequena ou grande, sem óculos de natação, OK, sai, não deixa de treinar, vai se divertir, mas saiba quando parar. Nunca entre no "quanto mais melhor" porque não é verdade, aliás, é burrice das grossas.

Já li em mais de um site de treinadores sérios tanto de corrida a pé como de ciclismo que se pode tirar ótimos resultados treinamentos curtos, 10, 15 minutos.
Quando estava saindo do parque ela estava novamente sentada no meio fio, sem tênis e meias, olhando as bolhas nos pés. O tênis errado machucou o calcanhar da linda menina e mesmo assim ela não parou, fez os 12 km programados. Não foi o tênis, mas ela que se machucou. Pena. Vai continuar linda, mas capenga.

sábado, 17 de outubro de 2020

Selins, a bunda e a bicicleta

Google imagens ísquios - genial - as imagens. Any way adorei o cara tirando foto da própria bunda nua. Selfie anal ou anal selfie?

Bom vamos ao prazer ou desprazer de sentar-se numa bicicleta.
Não é o selim isolado que dá desconforto / conforto para o ciclista, é o conjunto bicicleta + ciclista + condição do ciclista + posição do ciclista + selim. Quem tem experiência sabe que um centímetro para frente, para trás; mais alto ou mais baixo; ponta para cima ou para baixo no selim faz muita diferença. Como faz toda diferença estar pedalando numa bicicleta de tamanho errado, principalmente se ela for mais longa que o ideal. 
E respondendo para a Cristiane, não é porque tem desenho anatômico com buraquinho no meio que vai dar conforto. Muito menos não é porque o selim custou R$ 1.000,00 que vai ser mais cômodo. Não, não é exagero, Cristiane contou que um cara pagou mil Reais por um selim. Isto é que é ter uma fortuna sob a cueca. De qualquer forma a bunda dele vai ficar roxa quando a mulher descobrir. 
E finalmente não é porque é fofinho, macio, largão é automaticamente cômodo.

Bom mesmo é o meu selim, diz o povão. Pode ser, pode não ser, do proprietário nem saber.  
Acabamos nos acostumando com o selim que temos e afirmamos com todas letras que aquele é o mais confortável de todos. Eu afirmo que meus selins são confortáveis até para meu bolso, que pesa muito no meu limiar de dores. Fato é que nos acostumamos com o ruim. 
É dificílimo, quase impossível fazer testes comparativos válidos com vários selins. Sentar rapidamente no selim diz muito pouco. O correto seria instalar na sua bicicleta os selins a serem testados, um por vez, e rodar até conseguir senti-lo bem, o que uma voltinha no quarteirão diz pouco. Não há bicicletaria que permita.
 
A primeira impressão do selim pode estar errada. Instalei na minha bicicleta de poste (a que não inspira roubo) um selim baratinho (que também não inspira roubo) de boa marca, em liquidação, duro, a princípio um tanto incomodo. Não vou longe com esta bicicleta então o selim pode ser menos piedoso. Para minha surpresa o selim foi pegando a forma da minha bunda e ficou cômodo. Sempre soube que tem espumas que se amoldam e este é o caso. Funciona. Foi uma aula para entender os elogios que fazem aos selins de couro, em especial ao famoso inglês Brooks. Sentei e pedalei selins de couro, inclusive Brooks, e sempre achei muito desconfortável. Selins de couro pegam a forma do corpo, leia-se bunda, e depois ficam muito confortáveis; é o que dizem, todos, sem exceção.

Cada bunda é uma bunda e há um selim para cada bunda. O conforto depende da forma dos ísquios, um tanto da musculatura e sua forma, e não exatamente do tamanho da bunda. Mas... repito, não só; a bicicleta tem que ser correta para o ciclista ou nunca conseguirá algum conforto. Por que?
Uma bicicleta longa ou própria para competição faz o ciclista ficar inclinado para baixo e neste caso o selim tem que ser mais fino. Por que? Os ísquios são um "V" e são mais estreitos na frente. Quanto mais inclinado o corpo na bicicleta menor a distância entre os ísquios que apoiarão no selim. 
Selins para bicicletas urbanas são mais largos porque quanto mais em pé o ciclista pedala maior a distância entre os ísquios que vão tocar no selim.... porque o apoio no selim se dará mais atrás dos ísquios. 
E tem a forma do selim, que tem a ver com a forma do corpo e da musculatura do ciclista. Há selins planos, um pouco curvados, muito curvados, com buraco, sem buraco, um pouco curvado no centro... Tem um selim para cada bunda..., mas só vai dar conforto se a bicicleta também for correta.

Ok, agora faz o ajuste correto: http://escoladebicicleta.com.br/bicicletaajuste.html . 

Terminando: selim de baixa qualidade podem ter um desconforto extra: nhec nhec nhec.... Este realmente dói no bolso.

Explicação da Fi'zi:k - ótima. Dá para aplicar para selins não esportivos.
E...



sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Subir, subir, subir...

Final do ano, 13 de Dezembro de 2020, devo fazer novamente o Desafio da Serra do Rio do Rastro, uma das boas subidas que temos no Brasil. É uma experiência maravilhosa que deveria estar na agenda de todos que realmente gostam de pedalar.
No começo do ano fiz para terminar porque tinha entortado para valer a coluna um pouco antes da prova. No final do ano vou de novo para terminar esperando que suba um pouco mais rápido. Tenho feito alguns treinos, que prefiro chamar de brincadeiras, e está dando certo. Pelo jeito minha musculatura tem uma boa memória e está respondendo. 
Estou seguindo as ótimas dicas e explicações da... da... da... creio que é Cristina. Se ela é tão rápida como fala seu próprio nome a menina deve ser um foguete. Não consegui entender por mais que repita o vídeo. Que seja, as dicas dela são ótimas. 

Para quem gosta (ou não) de subidas, mas morre no meio, aqui vai o básico do básico. Quem respeita estas 7 regras aprende a subir e vai gostar da brincadeira principalmente quando começar a dar pau nos outros. 

1. não é importante como você começa a subida; o importante é como você a termina
2. o psicológico cansa tanto ou mais que a própria subida
3. evite mudar a marcha antes de começar a subida
4. deixe a perna sentir a subida e só então reduza a marcha
5. reduzir uma marcha por vez, com calma, ajuda muito
6. estabilize sua respiração alongando os tempos de inalação
7. não olhe para cima, nem pense em quanto falta

Estas e outras dicas estão no escoladebicicleta.com - pedalar melhor

Recomendo não só este vídeo a seguir, mas a série de vídeos com dicas da... da... da... Cris, creio. Cris Creio, um quase Cris credo (... como sobe!) Que seja, ela é ótima.
Depois das dicas dela, Cris, tem um vídeo com a história do Tour de France nos Pirineus, onde as subidas são para poucos. "Eles querem nos matar" diziam os ciclistas quando pela primeira vez foram obrigados a subir uma montanha hors concours. Escalar 2.500 metros de altimetria não é para qualquer um. 



sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Aulus Sellmer e os cuidados com os pneus

Aulus Sellmer dá dicas sobre saúde e preparação física pela Rádio Eldorado - Estadão FM e é um dos que merecem uma parada para ouvir com calma. Ele passa por diversos assuntos os quais domina com maestria, até que se pôs a falar sobre cuidados com pneus de bicicletas. Fiquei bem bravo. Não que as dicas tenham sido erradas, mas a forma de explicar (coisa que já fiz) foi confusa e inverteu algumas explicações que podem levar o ciclista até um acidente. A sensação é que as dicas foram direcionadas para praticantes de esporte que tem um treinador orientando no pé e mesmo assim eu não as teria dado da forma como foram dadas.

Aulus começou falando sobre calibragem dos pneus que dependendo do terreno e condições devem estar mais ou menos cheios. Começou muito mal. Infelizmente não encontrei a gravação da fala de Aulus, mas vamos lá.
Os pneus de qualquer tipo de bicicleta têm marcado em sua banda de rodagem as calibragens mínima e máxima, que devem ser respeitadas. Poucos são os que sabem da existência destes limites. Aulus falou sobre estes limites, mas bem depois da "pressão correta", um erro. 
Calibragem correta para o tipo de situação é um detalhe técnico que só um punhado de ciclista sabe o que está fazendo, incluo aí os que acham que sabem. Não dá para entrar neste assunto rapidamente, em poucos minutos de fala na rádio, porque a calibragem técnica deve levar em consideração não só a condição do terreno, mas temperatura, umidade, horário, etc... e principalmente quem é o ciclista. 
É perigoso falar sobre variação de calibragem quando se trata de pneu de bicicleta de estrada, road bike, speed, triathlon, pneus muito fino de altíssima pressão. Se o mínimo for 80 libras e máximo 110, o que parece uma grande variação de pressão, mas é praticamente indiferente para ciclistas leigos. Calibragem baixa faz diferença para estabilidade da bicicleta e deixa o pneu mais propenso a furar. Desde que me conheço por gente (se é que sou) ouvi de profissionais, ciclistas e técnicos, que pneu mais cheio fura menos. Nunca vi documentação científica sobre o assunto, mas a experiência deles faz todo sentido: quanto mais dura for a superfície maior a resistência a objetos cortantes. 
No geral e para qualquer tipo de pneu a boa regra é ficar entre a calibragem mínima e máxima, no caso dos pneus de estrada mais para a pressão máxima. A experiência me diz que evitando a máxima o pneu dura mais. Sei que os calibradores não têm manutenção constante, que têm uma variação maior que a prevista pelos fabricantes dos pneus. Uns 10% a menos que a pressão máxima recomendada funciona legal. Nosso dito asfalto, Brasil brasileiro, está mais propenso a mountain bike. O grande mercado de pneus está em países onde o asfalto é liso, sem buracos ou deformações. Dito isto, calibre os pneus de estrada mais para o limite, mas evite pressão máxima.
Aulus falou que bomba de mão serve para emergências. Depende de qual. Tenho uma Zefal para bicicleta de estrada que enche umas 110 libras fácil. É mais cansativo que uma bomba de piso? É, mas não estamos falando sobre bem estar, sobre fazer exercício? E uso pequenas bombas de mão para emergência nas minhas mountain bikes que podem chegar, mesmo as de plástico, lá pelas 80 libras. Tenho uma pequena Zefal Double Shot que oferece mais de 100 libras de pressão. Então depende da bomba de mão. 
Confesso que nunca tinha ouvido falar em bomba de pé. Estou ficando velho. Era bomba de piso, sendo bomba de pé as que são acionadas pelo pé e vendidas para carros. Que seja. Aulus falou bombas de pé, que de fato são muito mais cômodas, fácil de usar, e as boas têm manômetro, o que ajuda muito na boa calibragem. Creio que ele tenha falado sobre calibrar no posto, o que não recomendo por diversas razões, principalmente pela falta de manutenção no manômetro, na borracha do bico, na mangueira... Já vi muito pneu explodir em posto de gasolina.

Tenha sempre o bico a 90% do aro ou ele será cortado. Desalinha quando se pedala com baixa pressão no pneu.
Antes de colocar pressão cheque se o pneu está bem encaixado no aro. Depois que estiver com pressão cheque se está girando redondo. Se não estiver, baixe a pressão e assente o pneu corretamente no aro.