sexta-feira, 12 de março de 2021

bagageiros e alforjes


Sou de uma época que o que tinha era o que tinha e ponto final. Quem não conhece esta frase é porque é novo. Significa, no caso do bagageiro, que nas bicicletarias só se encontravam dois modelos; um muito simples, de desenho delicado, chique, de feito de arame de aço em perfil redondo cromado, em forma de L invertido, com dois refletores atrás. O segundo também era um L invertido, mas feito em tubo de aço grosseiro, pesadão, sem graça, feio. Comprei o bonito, com desenho que é chique até hoje. Os atuais são bem mais resistentes. 
Fui para o Centro e numa tradicional casa especializada em caça e pesca comprei um alforje fabricado em tecido cordura, uma lona malha grossa em algodão, dita militar. Estava pronto para minha primeira viagem no pedal. Tudo aparafusado, preso, amarrado e lá fui eu.
A viagem foi curta, algo em torno de 50 km de casa, rodada em asfalto bom, sem buracos, mesmo assim tive que parar no meio do caminho para dar um jeito no bagageiro que já tinha entortado e no alforje que escorregara para trás e batia nos raios. Na volta para casa, 100 km depois, o alforje teve que ser remendado nos fundos. Mas, como disse, era o que tinha e ponto final.

Hoje as opções são inúmeras, tanto de bagageiro quanto de bolsas, alforjes, até malas especiais para bicicletas, alguns com travas facílimas de prender e soltar do bagageiro. A qualidade varia conforme o preço, a qualidade ou o ego do comprador. 
O ponto de partida é o quadro de bicicleta que vai ser colocado o bagageiro. Deve estar bem definido o uso que se fará, que tipo de carga será transportada e que peso total terá quando em plena carga. 
O correto posicionamento do bagageiro deve ter a base, a parte de cima, paralela ao chão. Um pouquinho inclinado para frente tudo bem, para trás vai dar problemas sempre. 
Quanto mais baixo o centro de gravidade melhor, portanto evite bagageiro que fica alto, longe do pneu. 
Se vai usar alforje evite bagageiros em V ou L porque o alforje, por mais que esteja preso, vai se movimentar e bater nos raios. 
Antes de comprar o bagageiro teste com o alforje cheio e bem preso para ver se seus pés não batem no alforje quando pedala. 
Outra dica é que o bagageiro tenha ponto de fixação na traseira para refletor e ou lanterna.
Não recomendo os bagageiros que vão presos no canote de selim, nem para pesos leves, porque saem de posição com facilidade.

Procure, veja, converse, busque referências antes de definir sua compra. Bagageiro e alforje parece uma compra trivial, mas não é bem assim. Taí um assunto cheio de detalhezinhos que fazem muita diferença.

Nesta foto se vê os alforjes ainda presos com a cinta amarela pelo centro. Como o movimento normal do pedalar meus pés raspavam nos alforjes além de tocar os raios. A bicicleta era muito simples, básica, custou 300,00 Euros. O bagageiro em V carregou por longa distância os aproximadamente 25 kg, mas é necessário ressaltar que tudo funcionou bem porque o asfalto era lisinho e eu tomei muito cuidado. Aqui no Brasil, com as irregularidades que temos, duvido que iria tão longe.  

Mudei a posição das cintas amarelas e prendi os alforjes pela frente para evitar que meu pé raspasse neles ao pedalar e que eles girassem para dentro tocando nos raios. Outro detalhe é a ótima lanterna / refletor que faz parte do bagageiro. Repito; funcionou direito porque o asfalto é liso, sem buracos, e eu tomei muito cuidado. 

Sem improviso; bicicleta, bagageiro e alforjes corretos para o uso que fiz. Uma simples corda elástica para diminuir vibrações normais num terreno acidentado, o que diminui muito a possibilidade dos alforjes saírem de posição. Bagageiro com estrutura lateral em LV para evitar que os alforjes toquem os raios; múltiplo ajuste nos apoios, inclusive na angulação da haste que fixa na gancheira.
Foram 180 km de terreno bem acidentado num sobe e desce a milhão sem qualquer problema.

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