quarta-feira, 1 de maio de 2024

A genialidade da simplicidade: nos automóveis

A Citroën dedicou uma quantidade considerável de energia para tornar o 2CV o mais barato e básico possível. Pierre-Jules Boulanger (1885-1950), um executivo da Michelin que se tornou presidente da montadora em 1938, disse aos engenheiros que o carro precisava ser uma bicicleta com quatro assentos. "Ele substitui a bicicleta, a motocicleta e a carruagem puxada por cavalos", escreveu ele. Essas diretrizes moldaram o TPV, que foi cancelado pouco antes de seu lançamento devido à Segunda Guerra Mundial, mas permearam o 2CV de produção regular.  
Este texto faz parte de uma sequência de fotos com curtos textos da matéria sobre Os carros mais simples já fabricados (msn.com). Seis dos 21 que estão na matéria eu gostaria de ter. Representam muito mais que a simplicidade, representam a genealidade do fazer funcionar com o mínimo, que parace fácil, mas é difícil de se alcançar. Não é para menos que Pierre-Jules Boulanger cita a bicicleta, a sintese da sintese do transporte minimalista e altamente eficiente.

Só quem já entrou e se locomoveu nos Citroen 2CV, Renault 4, Mini Morris, BMW Isetta e Fiat 500 pode fazer ideia do tanto que estes carros têm proximidade com uma bicicleta. A bem da verdade não andei no Fiat 500, mas em seu irmão mais parrudo, o Fiat 600, um pouquinho maior. São projetos simplesmente geniais. Engana-se quem pensa que são desconfortáveis. Podem ser para a brutalidade de engenharia e eletrônica embarcada e absurdo desperdício de materiais que temos nos carros de hoje. Mais barulhentos que os carros atuais eram, mas todos os carros eram mais barulhentos, e este é um problema de relativa fácil solução. 
Esqueci de incluir o Fiat Panda, o de primeira geração, um dos projetos mais geniais da história automobilística. 

Eric Ferreira, uma das melhores cabeças pensantes sobre mobilidades, um dia fuzilou que "O carro não vai desaparecer", e não vai mesmo. O que se faz necessário é adaptá-lo a nova realidade da vida das pessoas, das cidades e o meio ambiente. Alguns carrinhos do passado atendem a boa parte das urgentes demandas que temos hoje: são pequenos por fora e grandes por dentro, são muito leves e econômicos, são construídos com pouquíssimas peças, portanto muito mais corretos para o meio ambiente. Corrigindo, não pequenos, a maioria dos que citei são mínimos em comparação aos monstros que usamos hoje, o que faz uma difença enorme no uso do espaço público, leia-se cidade.

Minha vida está intimamente ligada à bicicleta e ao pedalar, mas mesmo o mais fanático ciclista, que não sou eu, vez em quando precisa de um carro. O Fiat Panda seria o meu. Você abaixa o banco traseiro e entra de tudo lá. Maravilha.




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