Quando liberaram a importação em 1990 começaram a aparecer no mercado brasileiro algumas marcas de bicicletas mais populares que mesmo quem seguia o que estava acontecendo no mercado internacional nunca tinham ouvido falar, vindas da China, Taiwan e Coreia do Sul. O mercado em 1989, 1990, 1991 era pequeno e bem elitista e o pessoal torcia o nariz para estas bicicletas mais simples. Olhando bem, pedalando uma em bom estado, e deixando de ser besta se descobre que a maioria destas 'marcas desconhecidas' eram bem boas.
A maioria eram fabricadas em aço rápido ou hi-tensile, pouquíssimas em cromo-molibdênio. Lembro que na época as marcas americanas mais conhecidas eram em sua maioria em cromo-molibdênio, e umas poucas em alumínio, todas top, como Cannondale e Klein em especial, fora algumas marcas europeias caras e não tão boas quanto as americanas.
Muitas destas marcas simplesmente desapareceram do mercado. Se o Brasil não é para principiantes, o mercado de bicicletas brasileiro daquela época não era para qualquer um, mas para sobreviventes, para ser extremamente delicado e cordial.
Simples assim: o container cheio de Nishiki chegou, desembarcou no porto e sumiu. Como sumiu? Hora, sumiu, nunca mais foi visto, desapareceu, e não se fala mais nisto. Os dias eram assim.
Uma das marcas que vieram naquele princípio dos anos 90 e explosão do mountain bike foi a Peugeot trazida por dois senhores muito simpáticos que acabaram mais perdidos que cego em tiroteio de favela (comunidade) do Rio. De partida tinham preço de França, bem caro em relação às outras marcas, depois tomaram pagando imposto cheio para tudo quanto é lado. Eram gente finíssima, do bem, nesta baderna não podia dar certo. Não deu. Felizmente o lote que trouxeram não era grande, mas o ferro deve ter sido.
Voltando às marcas de bicicletas básicas que ficaram no mercado por um tempo, comparadas as bicicletas brasileiras também básicas a diferença de qualidade era enorme em todos sentidos. Konnor era uma delas. Na verdade, deveriam concorrer com as nacionais, mas dado os impostos concorriam com as marcas famosas americanas, Trek, Specialized, GT, Diamond Back, Mongoose e outras. Confesso que não sei quantas marcas foram trazidas com licença do fabricante e quantas vieram em lotes comprados por uma pessoa ou empresa, sei lá onde, numa liquidação, negócio de ocasião ou qualquer outra oportunidade e trazidos. Specialized, Trek e Cannondale sei que tiveram representantes oficiais.
Algumas destas marcas desconhecidas trouxeram alguns modelos top de linha. Este texto surgiu depois que vi uma Peony toda original, quadro e garfo de cromo-molibdênio, com Grip Shift original, 21 marchas Shimano, freios cantilever Sun Tour para ciclocross, aros de alumínio de primeira 36 furos, cubos Shimano, uma poesia de MTB provavelmente 1990. O interessante é que o pessoal ciclista que estava em volta olhou sem fazer ideia do que é e de sua qualidade. Nos anos era igual. Valia marca famosa.
Faz um bom tempo dois moleques seguiram a mim e Teresa provavelmente para ver que bicicletas estávamos pedalando. Pararam ao nosso lado no semáforo, olharam para as duas bicicletas, grudaram os olhos nos freios cantilever de Teresa e soltaram um "lindos freios tia", e foram embora. Nos livramos do assalto, com certeza, mas aprendemos que a molecada entende mais de bicicleta que os
Fato é que se alguém tiver vendendo por bom preço uma bicicleta importada simples dos anos 89, 90 até uns 94, vai e dá uma pedalada. Você vai se surpreender. Comparadas com o que temos hoje são maravilhosas.
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