quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Medidas de rodas e pneus das bicicletas brasileiras, uma provável história

O resumo da ópera é mais ou menos este: antes de 1960 (aproximadamente) e depois. Antes foram as importadas, depois as nacionais.

Quando Monark e Caloi se firmarem como gigantes e dominantes foi praticamente uniformizada a rodagem e os pneus usados nas bicicletas fabricadas no Brasil, provavelmente por causa do espantoso sucesso da Monark Barra Circular que usava rodas 26 1.1/2X2, também conhecidos como (pneu) balão. Este diâmetro e o tipo de pneu foi determinado pelo tipo de calçamento que tínhamos então, estradinhas de terra, cidades com ruas ainda em terra ou paralelepípedo. 
No vácuo da Monark Barra Circular e com sucesso muito mais discreto surgiu primeiro as Caloi Barra Dupla e depois a Caloi Barra Forte, todas usando a mesma rodagem. 
Em 1971 é lançada a Caloi 10 (e primeiras Ceci) com sua rodagem 27 e pneu 1.1/4, conhecidas então como pneu fino, popular entre a população mais rica. Finalmente a partir de 1986, com a Caloi Cruiser Extra Light e posterior explosão do mountain bike vai se consolidar no mercado nacional como modelo básico as rodas 26 com pneus 2.1. Rodas 700 e pneus 40 só colaram no mercado bem depois. E finalmente este surto de rodas 29, que é uma roda com aro 700 e pneu 2.125.
 
A grosso modo, antes da Monark Barra Circular a indústria nacional não atendia todo mercado e havia importação de bicicletas principalmente da Europa. A variedade de rodagens e pneus então era grande; 28, 27, 28 1.5/8 hoje conhecidos com 700, 26X1.3/8 (com diâmetro um pouco maior que o 26) dentre outros. Inglaterra, França, Suécia, Itália e Alemanha fabricavam com medidas específicas. Os ingleses foram especialistas em medidas próprias. Quem viveu aquela época sabe que as bicicletas eram ótimas, mas que podia ser uma loucura encontrar pneu ou câmara.

Como curiosidade, a Monark Barra Circular foi lançada com rodagem 28, o 28 inglês, uma roda de grande diâmetro, parecido com o de uma 29 atual. O pneu devia ser 1X1/2. Vi pouquíssimas destas, a última rodando no interno do Jockey Club de São Paulo.
A Caloi Ceci nasceu com a mesma rodagem e pneus da Caloi 10 e logo seguido ao seu lançamento, creio que já em 1972, passaram a usar o 26X1.3/8. A terceira modificação veio com os aros 26 e a consequente uniformização de toda produção. A Ceci passou a usar 26 com pneus 1.5 e as Barra Forte 26 com 2.1.
Lembro que o diâmetro da roda define o comprimento dos tubos da forquilha traseira e do garfo, a bem da verdade de toda a geometria do quadro. É fácil identificar as primeiras Ceci com aro 26 porque a roda parece menor do que deveria ser para o quadro, e de fato era.

Faz alguns anos tentaram colocar no mercado a rodagem 27 1/2, mas não colou. O setor hoje trabalha em cima da uniformização, o que tem muitas vantagens inclusive para o público usuário.

Quem pedalou com diversas rodagens sabe que diâmetro maior ou menor faz diferença. Tenho ótima recordação das 28 originais, as da década de 40 e 50, inglesas ou suecas. É difícil embalar, mas depois, principalmente no plano, é uma delícia, vira um Cadillac (rodas suave e confortável). Claro que nas subidas "haja perna!". Mas nas descidas... sai da frente! Um pouco menos ágil nas curvas. Enfim, tipicamente bicicleta de transporte urbana.
Rodas de diâmetro pequeno aceleram mais rápido, tendem a subir mais fácil e são muito mais ágeis no mudar de direção. Talvez por isto uma bicicleta de triáthlon, creio uma Nishiki lá pelos 1990, que tinha rodagem 24 não deu certo. Gostaria de experimentá-la.

Qualquer que seja a rodagem se puder ($$) opte pela roda mais leve. Faz uma diferença enorme.
E em relação aos pneus sempre busque os de melhor aderência e deslizamento, o que também faz uma diferença enorme. 
Qualquer que seja a rodagem, que esteja perfeitamente bem montada e centrada; mais diferença ainda.

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