segunda-feira, 2 de junho de 2025

A tensão de pedalar numa ciclovia.

Só porque é ciclista é bonzinho? Tem gente que acha que sim, que bicicleta santifica. Eu tenho certeza que não é assim. Só porque está numa ciclovia junto com ciclistas você está seguro. Tem gente que pensa assim, eu definitivamente não. 

Somos todos humanos. E somos todos usuários de automóveis ou motoristas. E como ciclistas acabamos tendo os mesmos vícios de usuários de automóveis ou motos. 
Os vícios criados pelo uso do automóvel é secular, portanto está empreguinado na sociedade, principalmente na forma que nos movemos no urbano. Importante diferenciar a condução e o uso correto do impróprio, perigoso e pouco civilizado. O problema não é o automóvel, mas quem o conduz. O comportamento de boa parte dos que pedalam nas ciclovias que o digam. São poucos os que pegam o mais belo que a bicicleta oferece: paz e tranquilidade.

Quando temos em mãos um instrumento para extravasar, todos nós, sem exceção, colocamos para fora o que de mais profundo temos, o nosso mais puro caracter, com suas qualidades e mazelas. Acontece isto quando estamos dirigindo, quando estamos pedalando, ou em qualquer modo de transporte.  Aí vem a tona o que temos de mais íntimo e o como lidamos com o mundo onde se vive.

Hoje, ciclovias 'estão' um espaço para ex usuários automóveis e motocicletas. Mesmo quem nunca tenha conduzido um veículo motorizado foi com certeza levado para lá e para cá como passageiro num carro, moto, ou ônibus. Este foi o aprendizado sobre comportamento social no uso de um veículo, qualquer, o que se reflete na forma como pedalam.

A quantidade de cidadãos (?) que pedalam bicicletas elétricas (bicicletas?) de forma, eu diria, pouco civilizada é uma barbaridade. Deduzo eu que o sonho deste pessoal seria estar na ciclovia com uma Harley Davison Fat Boy escapamento aberto acelerando fundo para tirar qualquer ciclista da frente. Motos em ciclovias não acontece, é raro, mas é inegável que muitas bicicletas (?) elétricas estão mais para scooter, o que quando claramente não o são. Pedais? Onde estão? 
Pseudo scooters ou ditas bicicletas elétricas, da forma como seus proprietários se comportam não nega o que pensam: "Que coisa chata! Este pessoal não tem dinheiro para comprar uma elétrica, por que não voltam para casa?" E para estes "cidadãos" (que acham que se comportam tão bem nas ciclovias com suas elétricas) em suas noitadas e viagens de fim de semana, uma bela SUV das grandes, altas, imponentes! "Que delícia! Finalmente livre daqueles imbecis que pedalam na ciclovia".

Ciclista de pouco ou baixo senso de cidadania não é uma novidade, nem coisa de Brasil, se bem que em se falando de Brasil é coisa bem brasileira, bem peculiar, especial, muito mais sofisticada. Os números não mentem.

Vamos lá.

A primeira experiência assustadora com ciclistas agressivos numa ciclovia foi em Munique no fim da tarde, hora do rush de volta do trabalho para casa. 2005. Ainda não existiam as ditas bicicletas elétricas. A agressividade daquele povo ao abrir o semáforo me assustou. Nem em largada de prova de final de campeonato de mountain bike experimentei tal sufoco. No resto do dia as ciclovias de Munique são um sonho de tranquilidade.

Pedalar no centro de Amsterdam é complicado por causa dos turistas. Muitos não fazem ideia do que seja pedalar uma bicicleta, muito menos como se comportar numa ciclovia ou mesmo numa rua. O povo de Amsterdam não aguenta mais. A última vez que estive lá tinham liberado os scooters pequenos, com motor até 50CC. Achei estranho, não gostei muito, mas como os holandeses são muito educados, civilizados, com um senso coletivo claro, fora o barulho e o cheirinho ruim, pedalar junto com as scooters não foi um problema. Hoje, com a entrada das elétricas, que incluem scooters ditos a pedal, a coisa mudou. Tenho lido que querem fazer algo para parar a bagunça que virou.

Sensação de segurança passa pelo nível de civilidade de cada população. Aí está nosso problema. Como sempre, fácil provar a nossa triste baixa civilidade: olhem o lixo espalhado no chão de nossas cidades e tirem  suas conclusões. Está mais que provado, leiam, não resta dúvida que nosso comportamento no trânsito é selvagem. Somos um dos países com trânsito mais violento do planeta dito civilizado. Por que seria diferente com os ciclistas?

Este texto veio porque estou tendo que subir a av. Hélio Pelegrino no horário que o pessoal está indo para trabalhar. Deixei de usar aquela ciclovia porque não aguento mais a agressividade principalmente dos usuários das elétricas e afins. Eles são chiquérrimos, só vendo. A possibilidade de sofrer um acidente ali é muito maior que a de ser atropelado por um carro. Afirmo com todas letras que os motoristas são muito mais civilizados, muito menos agressivos, tem uma condução muito mais correta, que os elétricos. 

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