sexta-feira, 20 de junho de 2025

Falta de cultura é pouco

No início dos anos 90, em homenagem a Ferrari, a tradicional marca de bicicletas de competição Colnago fez uma edição especial muito limitada, a da Colnago Ferrari. Na época foi vendida para um seleto grupo de ciclistas e colecionadores pela bagatela de US$ 12.500,00, então uma pequena fortuna. 
A Colnago Ferrari é uma Colnago C60 melhorada. A saber, a C60 foi a única bicicleta testada por uma das mais importantes e respeitadas revistas internacionais de ciclismo, que no final do texto, nas qualidades e defeitos recebeu um comentário impressionante: "sem defeitos". Reli para ver se tinha entendido e, sim, estava lá, "sem defeitos". Em décadas de leitura nunca havia lido algo próximo.

Um brasileiro comprou uma, que foi enviada para o mais respeitado mecânico, Daniel Aliperti. Caixa ainda fechada na bicicletaria, todos admirando, e mesmo antes que fosse aberta chegou um telegrama.
- Tenho informação que a Colnago Ferrari está com vocês. Pago US$ 25.000,00, mais todos transportes e impostos.

A bicicleta continuou no Brasil, uma jóia raríssima, muito mais que uma bicicleta cara, mas um símbolo do que melhor existia no mundo da bicicleta e tecnologia daquela época. É um marco histórico a ser respeitado.

Semana passada ouço de um mecânico que ele instalou um motor elétrico exatamente nesta bicicleta. Quase caí de costas. O dono não faz a mais remota ideia do que aquela obra de arte significa, não tem nem cultura ciclística,, aliás provavelmente nem cultura geral, e muito menos noção do que é História, com H maiúsculo. 
Motor elétrico numa bicicleta destas é um, não, vários disparates. Simplesmente aponta, sem o menor erro, para o baixíssimo nível cultural que temos o Brasil. 

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