sexta-feira, 7 de julho de 2023

Câmbio enroscando no raio? Nunca

No Tour de France deste ano um dos ciclistas teve uma queda de corrente das coroas do pedivela e não conseguiu colocá-la de volta. Não passaram toda a imagem, mas quando pegaram o ciclista estava com a mão na corrente e sem conseguir encaixá-la na coroa. Ups! Teve que esperar o mecânico da equipe chegar para resolver o simples problema. Ups! Estranho. Para mim, mais estranho ainda foi o ciclista não ter conseguido voltar a corrente para o lugar enquanto pedalava, o que normalmente é fácil. Acontece, mas... 
Bicicleta de ciclista profissional, principalmente dos top, aqueles 200 melhores do planeta que participam de um Tour, não derruba a corrente nem pagando? Não deveria, mas por uma tremenda falta de sorte pode acontecer e não por culpa do ciclista. Câmbio eletrônico? Tem ciclista profissional de ponta que tem suas restrições. Agora, o top não conseguir re-engatar a corrente? Com certeza ele nunca pedalou uma bicicleta de supermercado; se tivesse teria prática e saberia como fazer.

Na frente a corrente cai no movimento central. Atrás, se acontecer, o câmbio é puxado para trás pelos raios e pode ir para o espaço. Deprimente.
Quanto mais cara a bicicleta mais difícil de acontecer uma 'tragédia' destas, mas se a bicicleta tomou um tombo e bateu a gancheira... 

Hoje, comigo, numa subida a primeira marcha da relação traseira, a mais leve, fez o barulho maldito, aquele que quem ouviu uma vez nunca mais esquece. É aquele quando o câmbio traseiro está com seu parafuso limitador desregulado, passa um pouco do limite e bate nos raios. Apavorante! Por sorte, e também por prática, imediatamente parei de pedalar e estanquei a mão no freio traseiro para o não perder o câmbio. Foi só um raspar; câmbio inteiro.
O parafuso limitador de curso do câmbio desregulado poderia ter feito a corrente entrar entre os raios e a relação traseira, ou só fazer barulho, o que foi meu caso. Por azar, daqueles doloridos, muito doloridos, poderia ter mandado para o inferno um câmbio Shimano Dura Ace, papa finíssima, de colecionador, como aconteceu com um amigo que chora até hoje. Sorte, muita sorte, o meu só fez barulho; amém!

Com muita sorte a corrente vai entrar entre os raios e a relação traseira. Teve a sorte, aconteceu uma vez, ajuste para não perder o câmbio. 

Voltei para casa com muito cuidado e delicadeza, sem engatar na mais leve. Cheguei, parei a bicicleta e esqueci de ajustar o parafuso limitador. Já estava na cama, luz apagada, deu o estalo. Liguei a luz e fui fazer o ajuste imediatamente; vale muito mais a pena que perder o câmbio, que custa caro, além de ter que voltar para casa empurrando a bicicleta, uma procissão para pagar o pecado do descuido e chorar a perda estúpida. Câmbio ajustado, voltei para a cama e dormi com os anjos.

Ter os limites dos câmbios, dianteiro e traseiro, ajustados é muito fácil, não precisa nem de mecânico. 

Olha o câmbio traseiro por trás da roda traseira. Tudo tem que estar paralelo à roda: gancheira, câmbio e corrente. Se estiver angulado para dentro, apontando para a roda ou, pior, em paralelo aos raios da roda está errado e a possibilidade do câmbio bater, enroscar e ser arrancado e inutilizado e alto. 


Se você olhar e tudo estiver em paralelo com a roda é simples, basta girar o parafuso limitador. Ok, vamos lá:

Não entendeu? Quer uma explicação mais técnica? Olha a página 11 deste documento técnico da Shimano.

Quanto mais cara a bicicleta mais difícil de acontecer uma 'tragédia' destas, mas se a bicicleta tomou um tombo e bateu a gancheira... o câmbio vai ficar mais próximo dos raios, portanto...

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