quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Comparação entre uma estradeira clássica e uma ultra moderna

Óbvio que pedalar uma bicicleta que pesa 7 kg é muito mais fácil que uma que pesa 10 kg, mas a lógica é só esta, uma questão simples de matemática? Definitivamente não.

Esta comparação entre uma bicicleta hiper moderna e uma clássica remontada com peças hipermodernas é muito interessante porque mostra a evolução da tecnologia dos quadros e garfos, mas também mostra a velha magia dos melhores quadros fabricados em cromo- molibdênio, que tem alma, sim alma.

Uma das principais diferenças destas novíssimas e sofisticadíssimas novas bicicletas de estrada está na maior rigidez do quadro, num controle mais refinado das torções e de sua resiliência. A partir de 91 ou 92 a Specialized começou a digitalizar e colocar no computador as reações dos quadros de bicicleta. Para se ter uma ideia demoravam até 2 horas para plugar o ciclista na bicicleta através de muitos fios. O ciclista saia com uma mochila pesadíssima pedalava, pedalava, pedalava, voltava para a fábrica, demoravam um tempão para desplugá-lo. Este trabalhão fez com que pela primeira vez na história a humanidade soubesse de verdade como funciona um quadro e garfo de bicicleta. Até então o que se sabia era conhecimento empírico, tentativa e erro.

Alguns nomes da era cromo-molibdênio fizeram história, criaram maravilhas, poesias, bicicletas literalmente mágicas. Alguns nomes famosos conseguiam fabricar a bicicleta exata para o ciclista, não só na geometria, mas na resiliência. Eu adoraria ter uma destas, como adoraria ter uma hiper moderna, mas estas últimas são absurdamente caras, meio que objeto de status, o que me incomoda e muito.

A diferença maior está em que as velhas de cromo-molibdênio mexem mais, absorvem mais, o que as faz um pouco mais lentas porque cada vez que mexem, torcem, as rodas tem um micro desalinhamento no contato com o asfalto, o que aumenta o esforço do ciclista. Praticamente não acontece com as novíssimas. Quanto mais perfeitamente alinhadas estão as rodas e seu contato com o asfalto menor é a energia gasta pelo ciclista para pedalar.

Como as de cromo mexem mais, absorvem mais as irregularidades do asfalto, são um pouco mais confortáveis, mais previsíveis na condução. Não que com fibra de carbono não se consiga um ótimo nível de absorção, mas a filosofia atual é de movimento central que mexa o mínimo possível, e aí está a grande diferença. Rigidez do movimento central tem tudo a ver com joelhos, aliás, com a bicicleta passar as irregularidades para o ciclista. Sentado no selim é outra coisa.

A questão é quem vai pedalar a bicicleta. Ciclistas novatos, que pedalam para manter a saúde, de fim de semana, e outros não profissionais deveriam pedalar uma bicicleta mais "doce", menos rígida, menos arisca, mais previsível. E aí não há quem não pedale uma de cromo e não diga "Uau! que delícia!". Sim, são mais lentas, mas que delícia..., que magia...

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