quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Passeios ciclísticos em grupo, pequena história, o legal e o não

O primeiro passeio ciclístico organizado e registrado de São Paulo, e provavelmente no Brasil, um Night Bikers, em 1988, saiu numa noite da Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu. Fomos num pequeno grupo para o centro da cidade e foi mágico, porque a maioria nunca tinha sequer estado no centro. Os Night Bikers passaram a sair com regularidade, terças-feiras à noite.


Com a divulgação o número de passeios organizados foi crescendo, fora os tipo "junta e vamo simbora". Não demorou muito para surgirem grupos muito numerosos que até assustavam motoristas e moradores da cidade. Todos, sem exceção, rodavam parando o trânsito, literalmente, o que de certa forma e no geral foi aceito por motoristas. 

Sair com os grupos para mim foi divertido até entrar no espírito "vai quem quer, volta quem pode", onde um alegre grupo se reunia, os guias gritavam "vamos embora" e havia um estouro da boiada, desembestada pelas ruas e avenidas sem a menor preocupação não só com motoristas, mas com qualquer pessoa ou coisa que passasse pela frente. Piorou mais ainda quando os próprios participantes do grupo iam deixando, melhor, abandonando ciclistas menos práticos ou habilidosos pelo caminho. A palhaçada para mim teve fim quando esqueceram a patrocinadora do evento. Vivenciei muito grupo que não parava sequer para socorrer quem tomasse um tombo, alguns feios, coisa de hospital. Aí decidi pular fora, chega!

E tinha e segue tendo os grupos de desbravadores que tem por meta fazer longas distâncias a uma média de velocidade alta, quanto longe e mais rápido melhor, no meio de avenidas, vias expressas e até mesmo estradas, se achando donos do pedaço. Cansei de saber de participante que só saía uma vez por semana, nestes grupos, uma imprudência para a saúde que não é nada recomendável. Calma!

Vi muita confusão, muita situação perigosa, muito desrespeito com outros e mesmo com os seus. Cansei de socorrer gente exausta, assustada, desorientada. Passei a sair sozinho ou mui raramente de bico em grupos bem pequenos, lentos, tranquilos. Melhor só que mal acompanhado, bem melhor.

"Sozinho é perigoso". Desculpe, deixa de bobagem. Perigoso por que? A maioria das afirmações sobre "perigo" não procedem.

Tem um buraco de tranquilidade matinal aos domingos que é o meu melhor momento para pedalar. Acordo cedo, com calma tomo o café da manhã, e o mais tardar às 8:00 h, saio para pedalar. Eu sei, neste horário tem montes de ciclistas pedalando nas ciclovias, ciclofaixas, que é exatamente onde eu NÃO vou pedalar. Onde tem muito ciclista aumenta a possibilidade de assalto. "Ciclovia e ciclofaixa é mais seguro", só acredita nesta meia verdade quem não conhece os números. Sim, é comum enrosco entre ciclistas, alguns terminam bem mais que doloridos.

Domingos são ótimos porque se consegue pedalar em ruas e avenidas que ainda estão com pouco trânsito ou vazias. Perigoso? Não! Menos que pedalar com ciclistas domingueiros.

Quando me enfio no meio de alguns bairros isolados, aí é tranquilidade total. A cidade está cheia deles. Saia e descubra. "Mas tem muita subida". A maior parte da cidade está assentada em bacias de rios e córregos. Lugar plano ou com subidas suaves é o que não falta. Vai, você vai adorar.  

São Paulo é cheia de ilhas, bairros que ficam isolados entre avenidas ou vias expressas, onde se pode caminhar, correr, pedalar e até mesmo soltar filhos e netos com tranquilidade. 

Organiza passeios desbravadores com amigos e amigas. Respeite o limite de todos, principalmente de mulheres novatas. Sim mulheres. Não é machismo meu, é o que aprendi nos meus mais de 35 anos participando de passeios.

Faça amigos, faça de sua cidade uma amiga. Saia do comum, descobra. 

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