quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Números publicados, texto em outro site e capacete - continuação

Arturo,
Obrigado pela resposta (mensagem anterior).

Só para constar, o texto estava nesse blog com link para a Escola de Bicicleta.

Estou agora lendo o material que você disponibilizou sobre o uso do capacete, que já havia proposto essa discussão na página de cicloativismo no Facebook. Parece uma zona um pouco cinza, sem uma conclusão, tanto que há divergências sobre sua obrigatoriedade.

Eu uso sempre, mas surgiu essa questão ao ver os vídeos sobre Holanda e Dinamarca, onde pouquissímos usam. Mas as condições de tráfego lá são bem diferentes de São Paulo, né?

E você, usa?

Abraços
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bom dia

Obrigado, de novo, pela informação.

O comentário que você fez foi absolutamente pertinente. Acabei de mandar uma mensagem para a Valéria, minha ótima webmaster, com o novo texto. Eu andei abrindo uma boa quantidade de documentos para ver se localizava de onde havia tirado a base para aquele texto. Todos manuais técnicos cicloviários levam a conclusão semelhante a dos números divulgados. Lembro que tanto um documento da UNESCO quanto a Bycicling (revista americana) divulgaram os números, mas é muito mais pertinente deixar no genérico que acaba correspondendo ao que hoje é mais facilmente encontrado.

Eu não uso capacete porque sou de uma geração que não se acostumou com nada na cabeça. Usar boné ou chapéu por causa do sol, o que sou obrigado a fazer, para mim é um saco. É possível que um dia eu tenha que usar capacete também por causa do sol, porque cobre mais que boné e não voa com um chapéu. Ordem médica.

A questão do capacete é muito confusa porque há um lobby fortíssimo dos fabricantes. O que está em questão não é segurança do ciclista, mas venda de capacetes. Por uma série de razões há uma imensa diferença entre o efeito do uso do capacete na segurança do ciclista esportivo e do usuário da bicicleta como modo de transporte. Velocidade e posição do ciclista são os fatores principais. Os fabricantes sabem disto, mas por razões comerciais misturam uma coisa com outra para vender mais.

Diferente do que todos paulistanos crêem, alguns dos maiores especialistas em sistemas para segurança de ciclistas do mundo, Walter, Jaap, Michael, Jonas..., já pedalaram aqui em São Paulo e todos disseram que não é tão crítico assim, muito pelo contrário. Aliás, um deles, que agora não me lembro se foi o Jaap ou o Walter Hook, afirmou depois de um longo passeio que foi muito mais fácil aqui que em capitais ditas como fáceis.

Sem papas na língua: a imensa maioria dos paulistanos pedala muito mal, com uma baixa qualidade técnica, uma falta de consciência sobre quem ele é e o que deve fazer como ciclista no meio do trânsito. Pedalam em local errado, de forma errada, como se fossem motoristas, motociclistas ou desbravadores. A imensa maioria culpa o trânsito pelos seus próprios erros. A verdade é que quem sabe pedalar 'mesmo' não sente necessidade de capacete, porque saber pedalar mesmo é ser suave, ter bom senso, ser cordial, comunicar-se com os outros e principalmente jogar o jogo. Quem entra na "brincadeira" não se machuca, termina bem, volta para casa feliz. Quem acredita que o jogo tem que terminar com vencedores e perdedores não sabe o que é civilidade, vida em conjunto, sociedade, respeito, nunca vai encarar o trânsito como algo que tem que ser tratado com sabedoria. O trânsito de São Paulo é difícil? É, mas os ciclistas exageram muito nas críticas; muito conseqüência do discurso de ativistas que só se sentem alguém quando fazem bravatas.

Pessoalmente considero muito menos tenso pedalar no meio do trânsito paulistano que nas ciclovias de Munique em hora de rush, por exemplo.

Não me lembro onde está, mas há alguns estudos que demonstram que qualquer condutor calmo, cordial, está muito menos sujeito a acidentes. Não tenho a mais remota dúvida que isto vale muito para ciclistas.

Novamente obrigado pelos comentários e opiniões. É muito bom receber mensagens de qualidade como a sua. Conversa franca e inteligente nunca é rude, é conversa.

Feliz Ano Novo

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br




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