domingo, 6 de março de 2022

Eu, dito um ciclista diferenciado. Que orgulho! Serei?

Mais uma vez fui acusado por pessoas que trabalharam e trabalham com projetos de segurança no trânsito para ciclistas de ser um ciclista diferenciado, "profissional"(?), portanto incapaz de ser incapaz de entender a realidade de ciclistas normais e consequentemente pensar errado, de maneira perigosa para o grande público e, por estas razões, não saber o que é um projeto cicloviário seguro. 

De fato, sou um ciclista diferenciado. Sempre li sobre carros, motos, bicicletas, automobilismo, competições, sempre me interessei por detalhes, o que me podia fazer melhor, o que se podia melhorar, como fazer bem-feito... Até hoje procuro aprimorar minha técnica de condução de carros e bicicletas, esportiva, de trânsito.
Enfim, não interessa nada, o que interessa é que sou um ciclista profissional, seja lá o que isto signifique.

Hoje, aos 66 anos tenho certeza de que quanto mais sei mais sei que nada sei; em outras palavras, depois de tudo que aprendi tenho muito a aprender. Não tenho a mais remota dúvida que me verem como um "ciclista profissional" prejudicou e muito minha comunicação e os resultados do que eu pretendia. 

Por outro lado...
A vida é interessante. Nunca tinha me dado conta do tamanho do elogio. Ciclistas diferenciados, os profissionais, como dizem ser meu caso (uau! obrigado), especializam-se seguindo ditames de competição. Quem sabe o que é uma competição sabe que o máximo, o melhor, o feito com cuidado e precisão, a constante busca da perfeição, é o único caminho para um bom resultado.
Um dos pesares que tenho é justamente não ter ouvido, visto, acompanhado e aprendido mais com meus caros amigos ciclistas profissionais de verdade, e olha que conheço um bom número de ciclistas de primeira linha, vários deles campeões aqui e lá fora. Tenho prazer de aprender com eles. 
Aliás, procurando fotos caiu minha ficha de um sutil detalhe: são poucos os brasileiros que sabem quem foram seus grandes ciclistas. Quem não procura saber não se interessa pelas qualidades que estas pessoas especiais tem. A imensa maioria dos brasileiros não faz ideia de nada sobre qualquer esporte que não seja futebol. É uma vergonha! É uma puta vergonha!
Eu e a querida Ieda Botelho, uma destas pessoas excepcionais, ciclista campeã, que ninguém sabe quem foi, quem é, a montanha de coisas que ela tem para contribuir para o bem comum. Triste, muito triste. 

Se há algo que posso dizer de mim mesmo é que não sou um ciclista "profissional", ciclista de competição a bem dizer. Fui e me considero um ciclista "profissional" de segurança no trânsito porque trabalhei e ganhei dinheiro pedalando, projetando, buscando dar qualidade para as bicicletas, para o setor da bicicleta, dando consultoria até para quem nem era ligado à questão da bicicleta, portanto da segurança do ciclista. Creio que não falo muita besteira, pelo menos luto para não falar nem ficar petrificado sobre posições populistas. Explico: "a voz do povo define o que deve ser feito, a parte técnica, de segurança a gente ajeita".

Em exatos 45 anos pedalando nas ruas, avenidas, estradas e trilhas sinto orgulho de ter sofrido pouquíssimos acidentes de trânsito, menos que o punhado de uma mão, e a maioria foi causado por mulheres, não por elas em si, mas pelo meu vício de ficar olhando mulher bonita enquanto pedalo. Por causa da beleza delas que não se deve perder já acertei poste, árvore, lateral de carro... Nestes 45 anos foram 5 acidentes em homenagem a elas, nenhum grave.

Ter boa técnica e ser cuidadoso é bom princípio para ter segurança no trânsito enquanto se pedala. Considero que tenho estas qualidades e me orgulho delas.
 
Sou um ciclista diferenciado? Não ou sim, sei lá. Procuro ser um cidadão que respeita as regras do jogo e os outros.

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