quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Como será a bicicleta do futuro?

Será que a bicicleta do futuro será o que diz e manda o mercado? Provavelmente, mui provavelmente. E infelizmente. Bicicleta deveria ser ou tem tudo para ser mais uma vez a alavanca para mais uma revolução, desta vez a ambiental, mas a ambiental para valer, não mais uma maquiagem.

A grande revolução da bicicleta está justamente no altíssimo grau de eficiência que sua simplicidade oferece. Vide as 'velhas holandesas', as "old dutch", aquela bicicleta feminina minimalista que virou símbolo de mobilidade inteligente, mais, cidade inteligente, vida inteligente, economia sadia com justiça social, meio ambiente de fato preservado... Uma old dutch tem pouquíssimas peças, dura muito, custa pouco e tem baixíssima manutenção e, sobretudo, de fato é ambientalmente correta.

Como será a bicicleta do futuro? A bicicleta dos sonhos de quem acompanha a evolução das bicicletas de marca, as de grife, as que dão status? Então estamos fodidos, pelo menos ambientalmente.

Começando pelo freio a disco hidráulico, o fluido é altamente poluente. Pergunto: como é feito o descarte deste fluído que tem que ser trocado de tempos em tempos? Eu uso freio a disco mecânico que é reciclável.... ou menos poluente. Hidráulico ou mecânico a poluição continua nas pastilhas, muito menos preocupante a olhos vistos, mas está lá a cada freada.

Pneu sem câmara é interessante, mas para funcionar bem precisa de um líquido selante que... também é muito poluente. E se o pneu fura ou apresenta algum vazamento, até onde sei, tem que trocar todo líquido selante, o que já vi fazerem e me pareceu um absurdo ambiental. 

Motor elétrico e sua bateria é um sistema complexo na fabricação, manutenção, descarte ou reciclagem. Reciclagem? Alguém ouviu uma palavra sobre esta reciclagem? 

Mais, está tudo ficando elétrico e de onde se vai tirar tanta energia elétrica para alimentar nossas vidas acomodadas? A verdade verdadeira é que ninguém sabe onde vai dar, ambientalmente falando, toda esta maravilhosa revolução elétrica. Qual impacto trará o descarte das baterias? para ficar na pergunta mais simplória. Melhor, qual o impacto ambiental (e social) que já estamos tendo com o descarte de baterias e afins?

Sobre o capacete que aparece na matéria do Estadão deixo um ditado holandês:
Nós, holandeses, pedalamos. Americanos usam capacete.
Tem uma sutileza aí que liga as bicicletas elétricas com o capacete: velocidade. Quanto maior a velocidade do ciclista mais necessário se faz o capacete. Mas tem mais outra sutileza: há uma relação direta entre velocidade e respeito ao meio ambiente. Quanto maior a velocidade do trânsito (ou mobilidade) mais deteriorado é o meio ambiente, e são inúmeras as razões, por poluição direta e indireta, palpável ou não.

Uma coisa é pedalar numa ciclovia cheia de ciclistas com bicicletas não assistidas, ou não motorizadas, outra, completamente diferente e não tão agradável, é pedalar no meio de ciclistas eletrizados. 
Como será a bicicleta do futuro? A resposta deve vir acompanhada com outra pergunta: Como será o ciclista do futuro? Não é o automóvel que faz mal, mas a forma como seu proprietário o usa. Por que não podemos ter a mesma situação com os ciclistas?


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