Tive muita sorte como Bike Repórter Rádio Eldorado FM (1999 - 2001) e recebi apoio das marcas de bicicleta Alfameq, a original, e nos últimos meses da Scott. Bicicletas simplesmente mágicas. Não posso deixar de citar aqui o apoio que recebi da Oympikus, que na época tentou emplacar roupas e tênis de altíssima qualidade, o que não deu certo porque a marca para o povo brasileiro não é de "rico". Idiotice completa. Olha só; quando fiz o Bike Repórter a bicicleta era coisa de pobre e quem pedalava ou era louco ou imbecil, para não ir mais longe. Veja só como as coisas mudam.
Comecei o Bike Repórter Rádio Eldorado pedalando uma Specialized Hard Rock "Made in Brazil" amarelinha, ótima, mas um pouco pequena para mim. Um dia Joachino perguntou se não queria ir com uma Alfameq Tirreno 21, meu tamanho e bem mais leve, 11 kg, aliás uns 3 kg mais leve que a Hard Rock. Me lembro do primeiro dia que saí para trabalhar com ela: divina! Sem meias palavras, um tesão! Melhor que a Tirreno de primeira geração, que já era ótima. Fiz o Bike Repórter entre 1999 e fim de 2000. Um pouco depois mandei ela para o MUBI, Museu de Bicicletas de Joinville, ainda acervo e responsabilidade de Valter Busto.
Um dia cruzei com um cara pedalando uma idêntica a minha "branquinha" e pedi para dar uma pedalada. PQP! que tesão! Passadas duas décadas de tantas mudanças, de tanta evolução nas bicicletas, a tradicional e original Tirreno, projetada pelo brilhante Daniel Ochoteco, é literalmente surpreendente em todos sentidos: acelera, roda, faz curva e freia com rara qualidade. Não é por menos que o nome Alfameq ainda é tão forte. Mas preste atenção: falo das antigas, as originais, nada a ver com as novas.
E estou escrevendo este artigo porque recuperei a minha Tirreno "branquinha", que agora vai ficar no acervo do Centro Cultural Movimento a ser aberto dentro uns dias em Socorro. Está ficando lindo, chiquérrimo!
A outra bicicleta que recebi quado Bike Repórter foi uma híbrida (rodas 700 X 38) Scott que depois acabou ficando com Teresa D'Aprile, que tem um ciumes doentio dela. A qualidade desta Scott é um absurdo.
Confesso que não gostei quando a recebi porque minha forma de pedalar era agressiva e a geometria dela era para ciclista calmo. Mas desde o primeiro minuto percebi que a qualidade geral era impecável, um outro planeta. Por ser híbrida e com 27 marchas (uma novidade na Europa e no Brasil) era muito mais rápida que a Alfameq. O cubo traseiro integrado com catraca trabalha com roletes, ou seja, não faz tique-tique-tique, coisa de ciclista profissional. Perfeita, repito: perfeita para o que foi projetada.
Como disse, a maravilhosa Scott acabou com Teresa D'Aprile e rodou sem parar deliciosamente sem apresentar um problema sequer durante 20 anos seguidos, Saia na Noite que o diga. E como rodou! O único cuidado que tive quando entreguei a Scott para Teresa foi trocar as sapatas de freio originais que eram estúpidas, poucas vezes vi tanto poder de frenagem, provavelmente porque o modelo foi criado para cicloturismo europeu, ou seja, rodar com muita carga.
Agora foi entregue para o acervo do Centro Cultural Movimento com pneu e corrente diferente do original, do que saiu de fábrica. Não sei o nome do modelo porque adesivei para evitar roubo. O absurdo é que o pedalar que ela oferece hoje, com 20 anos de uso constante, 20 anos de idade, uma senhora de respeito, é muito melhor que a maioria das híbridas caras zero km caras oferecidas pelo mercado. Provavelmente é um pouco mais pesada, mas a qualidade é absurda, insuperável. Eu pedi e Teresa concordou que ela, "minha Scott" como a chama Teresa com amor e ciumes, merece aposentadoria num museu. Mais, que Gian da Scott que nos deu este imenso prazer merece nosso mais profundo e sincero agradecimento.
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