Durante a transmissão do Tour de France Ari Aguiar e Celso Anderson comentaram sobre o tipo de freio que os ciclistas estão usando, uns o tradicional freio ferradura, outros freio a disco. E no meio dos comentários disseram que freio a disco é quase um quilo mais pesado do que o velho e eficiente freio ferradura. O pessoal de ponta, os que estão ali para ganhar sprints, subidas de montanha, e até mesmo a corrida usam freio tradicionais. Precisa dizer mais? Ops! Mais, que os ciclistas que usam freio a disco provavelmente o fazem por contrato com os fabricantes. Ari e Celso sabem o que estão dizendo.
A cada dia mais e mais ciclistas comuns estão comprando bicicletas de estrada com freio a disco. Por que? É chique? Status? Talvez ou provavelmente, sabe-se lá, mas com certeza tem falta de informação de qualidade. O mercado precisa vender, as revistas especializadas precisam de propaganda para sobreviver e de novidade para manter o leitor fiel; as bicicletarias, bem, bicicletarias vivem de comércio e manutenção, portanto jogam o jogo. E vivemos numa sociedade viciada em novidade... e que acredita em qualquer coisa, principalmente no eu: eu tenho, eu sou, eu posso, eu sou feliz, eu estou...
Freio a disco numa bicicleta de estrada? Aumenta o arrasto aerodinâmico, isto não tenho dúvida. Provavelmente tem o mesmo poder de frenagem que o de um freio tradicional pelo simples fato que com um pneu tão estreito, com tão pouco contato, com tão pouca aderência, não adianta frear mais. Aliás, bom ciclista usa pouquíssimo os freios, principalmente pedalando uma bicicleta de estrada.
Freio a disco é mais preciso que um freio tradicional? Depende. Pode ou não ser, depende de uma série de fatores, da qualidade ao ajuste, do uso à manutenção, do ambiente onde se pedala ao modal de ciclismo, e do ciclista. A situação que temos hoje é que para ser bom tem que ser freio a disco, o que definitivamente não é verdade, principalmente quando se trata de bicicletas de estrada. Mas vende, e este é o ponto.
O poder de frenagem depende de vários fatores. Vamos ao básico do básico, por ordem: pneu, aro, montagem da roda, peso da roda, projeto do freio, sapatas ou pastilhas, cabo ou hidráulico, manete, e posicionamento do manete. Cada um destes elementos influencia na qualidade e poder de frenagem. Misturou o que não pode ser misturado, mesmo que seja top de qualidade, e o sistema de freio pode não funcionar direito. Já pedalei com V brake que estancava a bicicleta como se tivessem colocado um cabo de vassoura no meio dos raios, assim como pedalei com freio a disco que simplesmente não para a bicicleta.
Eu preferia ter freios direct pull, os famosos "V brake", na minha MTB 29. Aliás, se pudesse escolher preferia mesmo ter cantilevers de ciclocross, que permitem uma quase infinidade de ajustes, de uma frenagem borrachenta ideal para terrenos escorregadios, até uma frenagem brusca e tão forte quanto a de um freio a disco. O problema de cantilever, como já disse, é saber ajustar, que é bem trabalhoso, cheio de detalhes, demorado, chato, para poucos, bem poucos. Mas o mercado diz que MTB 29 ou vem com freio a disco ou vem com freio a disco, e parece que estamos no caminho da extinção do freio a disco acionado por cabo. Não sei em quanto tempo todos serão hidráulicos. Não para ser do contra, mas por diversas razões, em particular poder tirar a roda sem ficar preocupado que por acidente eu acione o freio, cole as pastilhas e tenha que sangrar o sistema para voltar ao normal, que para mim é um absurdo, e para ter uma manutenção muito mais simples.
Voltando às bicicletas de estrada e para encerrar o texto peço que olhem o vídeo da GCN Tech Show que mostra o que bicicleta cada equipe do Tour de France está usando.
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