domingo, 29 de setembro de 2024

Lições de um ex profissional para simples mortais

7 years of brutal lessons as a pro cyclist in 7 minutes
GCN

Acabei de ver o vídeo novamente. Entre as dicas tem uma que aparece lá pelo fim que é "respeite os limites do seu corpo", que vem mais ou menos junto com um "você sempre consegue dar um pouco mais de si", ou, você consegue superar seus limites. A primeira é regra de ouro, a segunda só recomendo para quem tenha aprendido e dedorado a primeira. Tenho uma série de lesões por não ter respeitado meus limites, principalmente no futebol. Não me respeitei quando no ir um pouco mais além. Em algumas oportunidades acabei ultrapassando o meu limite cardíaco, o que é a coisa mais estúpida que alguém pode fazer consigo próprio. Fiz isto na bicicleta e, pior, muito pior, na piscina.

Respeitar os limites do corpo, todos limites, sem exceção, não é muito fácil nestes tempos de Marvel e seus super-heróis. A forma de pensar coletiva tem um papel maior que se possa imaginar. 

No futebol tive inúmeras lesões por pura estupidez. A única desculpa que ainda posso ter é que na minha época, faz um bom tempo, a quantidade e a qualidade de informação eram muito menores, mais difícil de acessar e não raro imprópria para amadores. Só como referência, Emerson Fittipaldi, bi campeão mundial na Fórmula1, foi dos primeiros da gategoria a se exercitar: fazia 1.000 flexões ao solo por dia. Hoje uma loucura destas é impensável, o entendimento do corpo e as técnicas de preparo mudaram completamente. Não faz direito quem não quer ou tem minhoca na cabeça, como diríamos naqueles velhos tempos.

Cansou, diminuiu ou parou. Seja inteligente. Eu não fui, sei bem o que é.

Larguei mal, comecei errado a prova, quando dei conta do erro sai feito um desesperado tentando recuperar terreno, com o coração acima de minha capacidade. No topo do morro pedalei uns 50 metros apagado com o subconsciente gritando "Isto aqui é uma prova! acorda! acorda! Não para, não para!". Felizmente quando voltei a si tive a inteligência, a auto dignidade, de mudar de canal e pensar "Ô idiota! Você não é profissional, isto é uma prova amadora. Para!", e parei.
Ir além dos limites para corrigir erros? Para que?

"Quem não sabe perder jamais saberá ganhar" talvez tenha sido a frase que mais me ensinou para a maturidade.

Profissional é profissional, amador é amador. A educação física no Brasil falha no ensinar está básica é fundamental diferença.

A segunda vez que mantive meu coração acima do limite foi mais absurda. Fiz 400 metros numa piscina disputando com um amigo e para não ficar para trás minha (in)consciência gritava "não desmaia, não desmaia, não desmaia..." Só parei quando ele não aguentou mais. O detalhe: ele era triatleta em tempo de competição, e eu um maluco querendo me provar sei lá o que. Não faço idei de porque não morri afogado.

Uma vez fiz Teresa D'Aprile passar o próprio limite. A hora que me dei conta ela entrou em estado de choque, tremendo numa frequência assustadora. Nunca mais.
Tive que acompanhar amigos que perderam a noção no trabalho e passaram do limite, o que é bem comum. Estes são mais difíceis de controlar. Alguns se deram muito mal, o que é mais comum do que se sabe.

A verdade é que mais que cabeça dura, precisa ser muito estúpido para não olhar-se e ver que "calma, melhor não passar daqui". 

Esporte amador tem que ser prazer, diversão, e acima de tudo bem estar. Passa dos limites quem está com algum problema de cabeça. A cabeça é tudo. Se é o caso, vai cuidar da cabeça. 

Do Budismo:

  • Compreensão Correta (Samyag-drsti)
  • Pensamento Correto (Samyak-samkalpa)
  • Fala Correta (Samyag-vac)
  • Ação Correta (Samyak-karmanta)
  • Meio de Vida Correto (Samyag-ajiva)
  • Esforço Correto (Samyak-vyayama)
  • Atenção Correta (Samyak-smrti)
  • Concentração Correta (Samyak-samadhi)

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