domingo, 15 de setembro de 2024

O caminho do ciclista

O caminho que o ciclista faz nem sempre é o caminho traçado pelas autoridades de trânsito. O ciclista, como qualquer ser humano ou animal, sempre busca o caminho maia curto ou mais sensato. Dentro da lógica que temos no Brasil. a prioridade é a fluidez dos motorizados, ponto final. Quem mais sofre com isto são os pedestres, ciclistas ainda se viram burlando todas as lógicas e não raro barbarizando, por asim dizer.

O ponto de ônibus está exatamente na frente do pedestre, do outro lado da avenida. Se for fazer o caminho estabelecido pelas autoridades para pegar o ônibus o pedestre terá que caminhar 70 metros para a direita, esperar o demorado semáforo abrir, cruzar a avenida na faixa de pedestre, parar, esperar o segundo semáforo abrir, caminhar mais 70 metros para chegar no ponto de ônibus que estava exatamente na sua frente do outro lado da avenida. O que a maioria faz? Cruza direto a avenida, é claro.

Esta foi a realidade numa das saídas do Parque Ibirapuera durante décadas.

Situações como esta são quase regra. A diferença é que ciclista, dependendo do local e situação, tem velocidade suficiente para se libertar, por assim dizer, das regras e imposições sem sentido.

O que você faria se pedalndo soubesse que seguindo reto, e não pelo caminho estabelecido pelas autoridades, você economizaria muito tempo e chegaria em casa muito mais rápido?



Respeitar os caminhos naturais de pedestres, ciclistas ou de qualquer mobilidade ativa, esta deveria ser a opção das autoridades, mas por aqui definitivamente não é. Ao contrário do que vem acontecendo mundo afora, onde o único olhar é para a qualidade geral de vida, portanto da cidade, aqui a prioridade continua sendo a fluidez dos motorizados. O sucessivo aumento das mortes no trânsito é consequência natural deste pensar. Num olhar frio, o lado ruim da questão não passa especificamente pelo número de mortes diretas pelo trânsito, mas no forte impacto negativo que o dar prioridade à fluidez traz para a economia, o que está fartamente provado lá fora. Da forma como se trata o trânsito aqui, indiretamente os problemas sociais acabam custando muito muito mais para a sociedade. Morte é uma parte pequena de um problema muito maior.

A outra opção para ciclista cruzar o rio Pinheiros, a ponte Euzébio Matoso, não é um caminho lógico para quem vem do Baixo Pinheiros / Terminal Pinheiros, além de criar mais um problema para a segurança dos pedestres que lá são muitos.
Mesmo com grande número de ciclistas cruzando ali o rio Pinheiros, nada foi feito para melhorar a condição de segurança.
A nova ponte passarela vem em boa hora, mas não vai solucionar o problema dos ciclistas que descem a Rebouças e seguem pela av. Euzébio Matoso. Duvido que estes vão desviar seus caminhos para pegar a nova ponte passarela, duvido mesmo. Ou seja, o problema da segurança no trânsito na ponte Euzébio Matoso continuará.

sábado, 14 de setembro de 2024

Construção da ponte passarela / ciclistas e pedestres paralela a ponte Bernard Goldefarb


Amanhã logo depois de acordar vou sair correndo para ver como ficou mais este trecho da construção da ponte passarela, paralela a ponte Bernard Goldfarb, que ligará a rua Eugênio de Medeiros ao outro lado do rio Pinheiros, em frente ao ex edifício Odebrecht, Butantã, e dará acesso à ciclovia Capivara.
Para entender a emoção que sinto só sabendo um pouco do que passamos, o pequeno grupo que num passado distante tentamos conseguir que olhassem para a bicicleta com mais seriedade e respeito.

Creio que o primeiro projeto com ponte para ciclistas sobre o rio Pinheiros foi o da ciclovia ligando o Parque Ibirapuera à USP. Descia pela Juscelino Kubistchek, cruzava numa ponte exclusiva para ciclistas Pinheiros na altura da ponte Cidade Jardim, seguia o rio na margem do Jockey Club até a ponte Cidade Universitária, cruzava por baixo dela e por uma ponte passarela entrava na USP. O divertido é sonhador Sérgio Luís Bianco estava no projeto e foi quem me mostrou. Pelo que lembro, Sérgio sempre dizia que Erundina dava a maior força, mesmo assim não rolou.

Mais um menos da mesma época foi o projeto de uma passarela paralela a ponte Cidade Universitária ligando a estação da CPTM com a USP. Terminaria dentro da USP, sem cruzamento. Pelo que soube foi vetada pelo conselho da USP, mas nunca soube se foi o que aconteceu (mas tenho minhas razões para acreditar que seria bem possível). Quem contou foi Reginaldo Paiva, então na CPTM.

Em 2007, no projeto Ciclo Rede Butantã bancada pelo ITDP, foi proposta uma ponte passarela cruzando o rio Pinheiros na altura da Estação Terminal Pinheiros, metrô, CPTM. O projeto não foi adiante por diversas razões inclusive porque alguns moradores do City Butantã bateram pé: ciclista por aqui não passa.

Sei que neste meio tempo que estive longe dos bastidores foram feitos outras tentativas de ligações, pontes e passarelas, sobre o Pinheiros.

Esta que está em construção paralela a ponte Bernard Goldfarb seu primeiro projeto aprovado em 2010, foi modificado e em 2015 recebeu o ok. De lá para cá foi burocracia. Ou seja, para se corrigir um problema de segurança viária que só fazia aumentar, demoraram só 14 anos para começar a obra. Brilhante! Mas muito, mas muito bem vinda.

Acabaram de me perguntar se não saiu caro? Pelo que sei saiu menos que o cálculo de ponte passarela que desembocaria no Terminal Pinheiros. De qualquer forma, uma coisa é o custo da obra em si, o outro é o benefício que a obra trará. Obra bem planejada e funcional neste país do desperdício é quase uma benção.

Como inúmeros ciclistas, cruzei com frequência a Bernard Goldfarb, principalmente no sentido Pinheiros - Butantã, e, mesmo sendo muito calmo quando pedalando no trânsito, posso afirmar que era tenso. Num determinado momento fizeram uma mudança na sinalização da Bernard Goldfarb que, de certa forma, estreitou mais ainda o espaço para pedalar. Não sou de dizer este tipo de coisa, mas cheirava a sacanagem para frear ciclistas, já que a placa de proibida a circulação de ciclistas tinha efeito zero. O caminho mais lógico é pela Bernard Goldfarb e ponto final.