Estou nos Estados Unidos, primeira parada em NY, onde o pedalar é comum, onde pedalei muito e conheço bem. Com boa quantidade de bicicletas nas ciclovias, quase toda cheia de elétricas com entregadores chicanos que não pedalam, só vão no motor. Ciclistas mesmo, os que pedalam, durante a semana são poucos, minoria para valer. Nos fins de semana passam muitos mais, passeando, mais pela manhã, boa parte acompanhados com a mulher ou filhos, alguns muito pequenos já pedalando suas bicicletinhas até as aro 16, recém ciclistas. O número de bicicletas estacionadas por NY diminuiu muito.
Saí de NY num Toyota Corolla Cross, dito por lá, nas locadoras, como carro pequeno. Era o que tinha para alugar, para viajar pelo interior dos Estados Unidos, em direção a Nashiville e de lá para Atlanta. Todas as estradas são ótimas, como as melhores de São Paulo, inclusive com os acostamentos cheios de restos de pneus de caminhões. Até motos são proibidas nas estradas expressas. Pedestres e bicicletas nem pensar. A maioria das expressas com pelo menos duas vias e duas ou três pistas cada, separadas por um largo gramado. Estradinha de mão dupla só rodei entre pequenas cidades, praticamente vilas, onde passaram por mim exatos 8 ciclistas em 15 dias rodados, um único ciclista esportista. No resto da viagem, incluidas as cidades, quantos ciclistas? Também contados nos dedos, com exceção do passeio ciclístico na manhã de domingo em Atlanta.
Quase chegando em Nashville passei por cicloturista, para meu total espanto. Pela forma como tudo estava preso na bicicleta acredito que saiu correndo de casa para fugir da família ou de um chato qualquer.
Gostaria de ter pedalado nas estradas daqui, mas as distâncias são grandes, bem maiores que as que encontramos no Brasil. Acostamento de estrada de mão dupla praticamente impecável. Se tivesse tempo poderia ter contratado um passeio em trilhas. É fácil encontrar folheto com propaganda de uns passeios lindos em hoteis de cidades pequenas.
Bicicletarias? Nestes 15 dias por aqui, que me lembre, vi umas três.
Não sei quais são os números e o que conto aqui é o que vi e a consequente sensação que tive sobre como está a bicicleta no Brasil. No último dia, que foi na pequena e agradabilíssima cidade de Newnan, entrei numa bicicletaria Trek. Pelo tamnho da loja e pela conversa ficou claro que ciclista tem, e não é pouco, mas não pedalam nas cidades porque acham inseguro. Aliás, em Newnan vi uns tantos ciclistas, a maioria pedalando nas calçadas. Inseguro pedalar no organizadíssimo trânsito americano? Só pode ser piada!
Claro que tem coisas que tem algumas coisas que são incompreensíveis, como esta marcação para posicionamento de ciclistas nos cruzamentos das estradas expressas. Eu já tinha visto fotos deste absurdo. Agora tive a oportunidade de ver pessoalmente. Não sei quem projetou e implantou isto, mas é coisa de maluco que não faz a mais remota ideia do que é pedalar no trânsito. Ou o sujeito replicou a sinalização horizontal que existe em Londres numa estrada onde os automóveis e caminhões rodam a mais de 55 milhas/h, ou, mais de 100 km/h. Desculpem, mas é uma loucura.
Fato é que em nome da segurança no trânsito para o ciclista, melhor dizendo, da precaução além do bom senso, o número de ciclistas circulando é muito baixo, o que é um contrassenso. Dificil explicar. Aliás, pensando bem, fácil: mesmo em trechos urbanos muitas vias não tem calçadas.
Fato é que nos Estados Unidos confirmei que muito das restrições ao uso da bicicleta vêm da mais pura neurose com segurança no trânsito. O que se fala de besteira é uma enormidade.
Esta linda está jogada nos fundos de um pequeno restaurante de uma cidadezinha mínima perdida no meio do nada. Ai que vontade! Por aqui a teria comprado e enfiado no portamalas. Deixá-la para trás foi uma sensação estranha, meio dolorosa.
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