No meio da restauração da bicicleta decidi trocar toda roda traseira, tanto para reduzir peso quanto para deixar as duas rodas com o mesmo aro e cubo. Menos de um ano depois os raios começaram a pipocar. Confesso que a princípio não me lembrei que tinha montado esta roda com raios novos que agora estouram um atrás do outro. Me lembrei do que Djalma me falou sobre a qualidade do que tem sido entregue pelos distribuidores. Para entender, uma boa roda vai rodar muito, mas muito mesmo, antes de estourar um raio. Mesmo quando eu usava raios brasileiros bem básicos era difícil estourar um raio.
Raios tem em suas cabeças a marca, o logo, do fabricante. Nestes raios que estão quebrando não há qualquer marca, são completamente lisos.
Não precisa nem deve trocar a raiação por uma dupla, o que vai aumentar o peso da roda deixando o pedalar mais pesado também. Raios de boa qualidade, DT como bom exemplo, não quebram, simples assim.
Estes raios frágeis são fato isolado? Não.
Peguei um aro para desentortar de marca nacional muito respeitada pelo mercado. O ciclista beliscou a lateral num buraco de calçada escondido por matinho alto. Fiquei impressionado com a moleza do material usado. Fosse um aro importado de qualidade jamais teria voltado para o lugar com um martelo de nylon leve. A moleza do material explica porque este aro perdia o centro com tanta facilidade. Aliás, explica porque tem ilhós. E custa caro!
No meio da procura por um quadro novo para substituir o que foi quebrado pelo bike courrier (já contei a história) um funcionário me entregou um quadro 26 tamanho 21. Quando o dono da bicicletaria soube que eu tinha pego aquele quadro me pediu para devolver porque a qualidade é muito baixa. "Tenho que ter (na bicicletaria para vender) porque tem cliente que quer porque quer" contou ele.
Há um alumínio específico para cada peça, projeto, e uso que se fará. É tema bem complicado, coisa para engenheiro especializado.
Faz muito tempo um amigo quase arrebentou se quando o guidão de alumínio entortou ao descer um meio fio. Acabamos descobrindo que o fabricante estava usando alumínio específico para suporte de cortina de chuveiro.
Dando aula, faz mais de 15 anos, a bicicleta montada em uma bicicletaria muito respeitada simplesmente partiu em dois, separando a caixa de direção do resto. Felizmente o aluno estava devagar e não se machucou. São inúmeras as histórias daquela época.
Hoje o mercado é outro, mas ainda temos muitos problemas com qualidade principalmente do que é fabricado em alumínio. Sei de fabricante que pediu uma especificação de alumínio e recebeu outra por engano do fornecedor. Teve que recolher todo lote de produção, que não foi pouca coisa.
Não é porque é de alumínio que é leve. Não é porque é grosso que é resistente. Não é porque brilha que vale a pena.
Enfim; o mercado brasileiro, não só o de bicicletas, está cheio de distorções que permitem problemas sérios de qualidade. E o brasileiro não pesquisa a fundo, não reclama, aceita. E agora, no meio desta baderna que a pandemia nos colocou, ajudada pelo Governo Federal, a baixa qualidade rola solta. Abra o olho.
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