É com alegria que anuncio que estou jogando no lixo reciclável meu último pneu Levorin, mesmo modelo dos que foram vendidos e montados em bicicletas nacionais novas por décadas. Era difícil, quando não impossível monta-los centrados por que no geral tinham a cinta de aço com um perímetro menor que da banda de assentamento dos aros, mesmo os de importados de alta qualidade. Para monta-los só com espátulas, com muito cuidado para não furar a câmara e fazendo força para entrarem no aro, o que é um absurdo. Fora que eram pneus de baixa pressão, 36 libras, fabricados com uma borracha que rodava pesado e que gastava rápido, isto quando não tinham que ser trocados antes do tempo por muita deformação na banda de rodagem. Prestaram um grande desserviço para o Brasil e prejudicaram muito, muito mesmo, o desenvolvimento do uso da bicicleta e o estímulo para pedalar. Nas bicicletas mountain bike urbanas baratas dos grandes fabricantes era montado um Levorin - este da foto - com um desenho de banda de rodagem abiscoitado que vibrava a bicicleta, rodava preso, tinha pouca aderência. Para completar nunca se podia saber o que ia acontecer com as câmaras fabricadas pela Levorin, se iam esvaziar rapidamente, se iam furar com facilidade, se.... ou se por milagre iam funcionar bem. O que nunca vou entender é como os grandes fabricantes aceitaram esta situação. Conheço muita gente que tem ódio de bicicleta por causa dos pneus que nunca estavam cheios nos fins de semana. Foi regra, não problema isolado.
Levorin foi durante uns bons anos praticamente dona do mercado de pneus no Brasil. Pelo que me disseram, por causa dos preços baixíssimos, acabaram com a concorrência, incluindo ai a Pirelli Brasil, a principal concorrente.
A indústria mundial de pneus para bicicleta faz a décadas que produz pneus que montam no aro com facilidade, até sem necessidade de espátulas, que podem ser calibrados até pelo menos 45 libras, leves, com borracha de boa aderência e mínimo arrastro, e desenho de banda de rodagem que faz o ciclista rodar com pouco esforço, prazer e segurança. Num pneu 26 X 2.1 a diferença do rodar só com 4 libras a mais, de 36 para 40 libras, é bem sensível.
Como tive contato com o mercado e fabricantes ouvi que a razão para esta diferença de medida se justificava porque fabricantes de aros nacionais, alguns também de baixa qualidade, também entregavam aros com variação de perímetro, algumas vezes menor que padrão, o que fazia que o pneu escapasse do aro ao ser calibrado. "Eu faço errado porque ele faz errado"? Bem Brasil! O pior de tudo é que o mercado aceitou, as pessoas compravam, ninguém reclamou nos órgãos competentes. Deprimente!
Parece que a Levorin deixou esta fase horrorosa para trás e está fazendo pneus melhores. Espero que sim. Parece que agora tem participação da Michelin, um dos maiores e mais respeitados fabricantes de pneus do planeta.
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