Um amigo que mora longe pedindo ajuda mandou fotos da bicicleta, escreveu que a marcha mais leve estava fazendo uns barulhos estranhos, pulando, que o problema tinha surgido de um dia para o outro, que não estava vendo nada de errado e perguntando o que fazer? Li rápido, lembrei de quantos anos tem a corrente, de quanto ele pedala por dia e achei que deveria ser corrente e relação gastas. No dia seguinte ele disse que agora as duas marchas mais leves não estavam engatando direito, que a corrente ficava pulando e que quando ele engatava para as marchas mais pesadas a corrente demorava para se mexer. Opa, matei a charada. Batata! é o cabo do passador de marchas que desfiou e vai romper.
Escrevi respondendo: "Vai até uma boa bicicletaria e troca o cabo de câmbio por um da melhor qualidade que tiver. Não coloca cabo vagabundo porque o barato vai sair mais caro que você possa imaginar". Problema resolvido.
Este meu amigo é um ciclista normal, não tem experiência com mecânica, para ele a bicicleta tem que funcionar, e funcionando, rodando, está bom. Mesmo que tivesse conhecimento, cabo que começou a desfiar é um problema que prega peças em qualquer um, até em bons mecânicos. Só fica claro que é o cabo quando ele está prestes a romper.
O cabo desfiado mais memorável para mim foi um que começou a quebrar exatamente na cabeça, dentro do passador de marchas. Era invisível o defeito. As trocas de marchas começaram a ficar estranhas, lentas, imprecisas, ai voltavam ao normal, em seguida ficavam estranhas..., e eu procurando sujeira no sistema, olhando a corrente, revisando câmbio, mais, abrindo a caixa do passador de marchas para ver se tinha algo e nada, eu não enxergava a cabeça do cabo desfiada. Até fui a uma bicicletaria confiável e meu amigo mecânico também não conseguiu entender o que acontecia. Confesso que fiquei pirado. Um dia a coisa desandou de vez e só aí o cabo rompido ficou visível.
A loucura não terminou com a troca do cabo. Um fiapo de cabo estourado entrou nas engrenagens do passador e as marchas uma hora funcionavam, outra não. Olha aqui, olha ali, revisa aqui e e ali, e nada. Demorou até o fiapo ficar visível. Foi pegar o fiapo com uma pinça e problema solucionado.
Cabo tem que ter a melhor qualidade possível. Óbvio que uma bicicleta básica não precisa de um cabo de câmbio de bicicleta de competição que custa um absurdo, mas entre um cabo sem procedência definida e um cabo de marca conhecida fique sem qualquer dúvida com o conhecido, mesmo que este custe duas ou três vezes mais. Não é só uma questão de durabilidade, mas de funcionamento do sistema, de ter a troca de marchas mais precisa.
Eu sou da geração bem do início do mountain bike. Aquelas bicicletas foram feitas para durar, para rodar muito sem quebrar, eram uma maravilha. As de hoje não são fabricadas com o mesmo intuito: obsolescência programada, assim como todas suas peças e componentes. Sinto saudades dos velhos cabos que duravam 10, 20 anos de uso direto, o que não acontece mais. Fiquei muito surpreso quando tive que trocar um cabo de câmbio de marca respeitada com uns 3 anos de uso. O cabo do qual tomei uma surra, o que conto aqui, era da melhor marca do mercado e tinha uns 5 anos de uso. Enfim, o engate de marchas está estranho e todo sistema que é visível está direitinho? Troca o cabo.
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