Quem já não sentiu uns tranquinhos ao frear uma bicicleta básica nova com V brakes? Acontece quando a qualidade de fabricação dos aros deixa a desejar. Quem começou a pedalar na década de 70 sabe bem o que é um aro de baixa qualidade; a frenagem era aos trancos. Uma nhaca! Só quem pedalou uma bicicleta daquela época pode entender a felicidade que tivemos quando chegaram as primeiras mountain bike importadas e seus aros de ótima qualidade. Como é bom e seguro frear suave e sem trancos!
Os dois vídeos abaixo mostram primeiro um fabricante muito básico de aros baratos, num processo arcaico que ainda muito comum. O processo todo é muito impreciso por diversas razões, a começar pela qualidade do material bruto que o fabricante recebe. Numa pequena fábrica com lucratividade incerta o controle de qualidade costuma ser baixo.
Um bom aro tem que ter raio e largura perfeitos, e ser fabricado com material correto e uniforme. Do contrário vai frear aos trancos.
Infelizmente no Brasil ainda se vende muito lixo por que a população aceita. Acabei de trocar uns aros que não davam para pedalar por causa da variação de largura das paredes, um absurdo. Um fabricante que não consegue nem uniformizar o perfil do aro deveria ser fechado pelas autoridades ou desaparecer pela rejeição do mercado. Aqui estamos longe deste nível de civilização, uma das principais razões de nosso abismo social, mas isto é outra história. Voltando...
O problema mais comum está junção dos aros. A razão para um aro ser entregue ao consumidor com rebarbas ou deformidades que causam os tranquinhos ao frear vem de uma máquina de corte que poucas vezes passa por manutenção, quando passa. Parar a máquina de corte para fazer manutenção custa caro, chamar um ferramenteiro (especialista em manutenção destas máquinas) mais ainda, trocar a serra de disco ou afiar a lâmina de corte só no limite dos limites.
A quase totalidade dos aros básicos, populares, não são redondos e uniformes. Para deixá-los centrados é necessário dar muita tensão em alguns raios, o que diminui a resistência da roda, daí descentralizarem e ou quebrarem raios com certa frequência. Vale aqui um aparte: uma das razões do sucesso do freio a disco é que os aros não precisam ser tão perfeitos assim já que a frenagem não é realizada no aro, mas no disco. Acho que deu para entender.
As boas marcas de bicicleta normalmente vem com aros perfeitamente redondos e com largura exata. O segundo vídeo mostra a fabricação dos aros pela Campagnolo, papa fina da papa fina, mas o processo é mais ou menos o mesmo para quem quer ter qualidade.
Então, resumindo:
- material bruto na especificação exata de espessura e dureza
- ferramental de alta precisão com manutenção constante
- corte no ângulo perfeito
- junção das pontas sem deixar folga e com alinhamento de paredes perfeito
- solda ou junção por pinos sem provocar deformações ou paredes do aro desalinhadas
- precisão na limpeza das rebarbas do corte, da solda ou da junção por pinos. No Brasil muitos aros básicos e até alguns ditos bons não recebem esta limpeza de rebarbas ou vem com paredes desalinhadas, o que é facilmente perceptível passando o dedo sobre a junção.
- aros de qualidade passam por uma fresa que zera qualquer variação na largura do aro: vídeo Campagnolo
- aros de qualidade recebem um tratamento térmico para melhorar a sua dureza
Nenhum comentário:
Postar um comentário