Só agora estou rodando com uma bicicleta com freio
a disco. A bicicleta, uma GT rodagem 29, é toda novidade para mim. Chegou com
freios a disco hidráulicos com defeito de fábrica e decidi colocar os freios a
disco a cabo por uma questão de princípio. Acredito que bicicleta tem que ser
símbolo de uma nova era, utópica, de sustentabilidade, racionalidade,
minimalismo, utilitarismo, forma e função caminhando juntos. Ou caminhamos por
ai ou estamos fritos por que o planeta não suporta tanta frescura, melhor dizendo,
tanta tecnologia insustentável. Fui muito longe? Não, não fui, é verdade.
Freio a disco hidráulico funciona muito bem. O
acionamento é suave, as frenagens precisas, progressivas, o poder de frenagem
alto. O hidráulico trabalha as duas pastilhas que quando não acionadas ficam separadas
do disco, portanto não há nenhum arrasto, a roda fica completamente livre.
Deu vazamento e tive que tirar o sistema de freio hidráulico
da bicicleta e ai fiquei impressionado o quanto é mais pesado que um sistema de
freio V brake ou cantilever. E mais complexo. E muito mais poluente. É
hidráulico, portanto acionado por um óleo mineral que pode vazar, como no meu
caso, e pelo que me disseram deve ser trocado de tempos em tempos. Bicicleta,
veículo poluente? Essa não!
Coloquei um sistema de freio a disco mecânico, mais
simples e aparentemente menos poluente. O acionamento é feio por um cabo de
freio comum. Uau! Como pesa! A montagem é simples, mas regular é um baile chato.
Por mais que se faça nunca se chega a roda girando completamente livre de
arrasto como acontece no hidráulico. Neste freio a disco mecânico só uma das
pastilhas de freio se move contra o disco. A segunda pastilha de freio trabalha
fixa, a uma distância muito próxima disco de freio, o que sempre causa um certo
arrasto. Não deveria ser assim, mas é. A frenagem é menos eficiente que a do
sistema hidráulico em todos sentidos. Parece que com o uso a coisa toda
melhora.
Sistemas de freio tradicionais, que as sapatas encostam
no aro, são mais leves, muito mais simples de fabricar e manter. Não sei qual a
diferença ambiental entre as partículas liberadas pelos sistemas de freio
tradicionais e os freios a disco, mas certamente o hidráulico deve ser muito
mais poluente por causa do fluido de freio.
Bom, a história é a seguinte:
· O V brake surgiu por que os mecânicos têm
imensa dificuldade para regular os cantilever. Nenhum outro sistema permite
tantas regulagens finas quanto um cantilever de qualidade. Bem regulado, com
boas sapatas e aros apropriados, catilever é campeão.
· V brake poderia ser muito melhor do que é não
fosse pela necessidade de se uniformizar seu padrão, o que aconteceu para
facilitar a vida dos mecânicos. Regular minimamente bem um V brake é uma baba,
qualquer um faz.
· V brake e freio a disco hidráulico são sistemas
de freio que foram criados para competição e têm um poder de frenagem grande. Muita
ciclista já saiu voando sobre o guidão.
· Catilevers e V brakes precisam de aros de
qualidade bem centrados para funcionar perfeitamente bem. A verdade é que
poucos mecânicos conseguem centrar bem um aro. Freio a disco funciona
perfeitamente bem até com um aro fora de centro, portanto e de novo menos
trabalho para os mecânicos e... menos problemas para os fabricantes.
· Com freio é preciso tomar cuidado para não
desalinhar o disco, ou acabou a brincadeira.
·
O
povão adora alta tecnologia, tecnologia de competição ou similares. Para boa
parte dos compradores o importante é ter o último, o mais sofisticado, o chique
para mostrar para os amigos.
·
Bicicleta
para mim deve ser minimalista, o mais simples possível, até por uma questão de
sustentabilidade. Sustentabilidade? O que é isto?
O
que dói é ver até bicicleta urbana com freio a disco. Para as urbanas a Shimano
tem um sistema de freio no cubo, que se não me falha a memória é acionado por
roletes, que é “a” delícia. Nunca pedalei nada tão macio e preciso. Perfeito.
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