segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Paris está conseguindo. E nós?

Paris está conseguindo implantar um sistema cicloviário funcional.
NY está conseguindo implantar um sistema cicloviário funcional.

Nós estamos conseguindo implantar um sistema cicloviário?

Não precisa entender inglês ou francês para entender o porquê de lá fora ser diferente daqui. 
O vídeo (que deveria estar abaixo, mas não consigo subir) foi feito antes das Olimpíadas de Paris. Olhe mesmo sem som. Olhe as imagens que passam, a cidade que se vê, a qualidade de tudo, não só do que o narrador fala sobre o sistema cicloviário. Prestem atenção nas calçadas, nos cruzamentos. 
Por que deu certo em Paris e em tantas cidades lá fora? 

Talvez a resposta mais contundente do porque aqui as coisas não vão para frente como deveriam está no resultado do que se prometeu para a Copa do Mundo. O que foi implantado, o que foi terminado, o que foi entregue, o que foi entregue e já está destruído? Quem se lembra?

Dá certo lá fora porque é sobre a cidade, não sobre a bicicleta pela bicicleta para a bicicleta. Repito isto sempre, mas tenho lá minhas dúvidas que as pessoas entendam. 

Para começar, Paris e NY, e várias outras cidades pelo mundo, deram um grande salto na questão das bicicletas porque houve um preparo cuidadoso para tanto. Em Bogotá o prefeito anterior a Peñalosa preparou toda a população para a grande mudança que se seguiu. Não foi feito nada de novo, só seguiram bons exemplos mundo afora. Nada se cria, tudo se copia.
O que está acontecendo em Paris não surgiu do nada, não aconteceu como milagre. Mesmo antes das Velib, as bicicletas públicas, a cidade já estava recebendo melhorias para o uso das bicicletas, ou seja, faz tempo. Mudou prefeitura, mas nao se mudou a meta, o projeto. 
   
Nós estamos tendo um preparo correto para uma nova cidade com melhor qualidade de vida para todos? Boa pergunta. Acho que não. Pipocar a cidade de prédios altos?
  
Não dá para fazer uma comparação porque as culturas são muito diferentes. Em Paris há muitos corredores de ônibus que também são espaços para ciclistas, como se pode ver no vídeo. Eu teria feito o mesmo na av. Paulista, mas quando dei a sugestão fui taxado de louco. Será? Todo motorista brasileiro, paulista e paulistano, é um assassino em potencial? Os números provam que não, mas o imaginário popular afirma que sim. Politicamente o que interessa é a última versão, o que só atende aos interesses contrários ao do uso da bicicleta.

Minta, minta, minta, que um dia a mentira se transformará em verdade; é um conceito criado pelos nazistas na WWII e hoje, principalmente, amplamente usado e, pior, aceito por boa parte. 
Quantos km a mais melhor? Será?
Por que a qualidade de vida nas cidades brasileiras está degradando tão rapidamente? O se pode fazer para reverter a situação?
Dou a resposta sem pestanejar: melhorem a qualidade de vida dos pedestres antes de qualquer outra ação. Ciclistas somos alguns, motoristas e motociclistas somos uns tantos outros, pedestres somos todos, sem exceção. Façam a vida do pedestre fácil, confortável e agradável, que o apoio vem, a mudança ocorre. 

Bom, inacreditável, este texto foi escrito em cima de um Youtube enviado pelo Eric que descreve as muitas razões porque Paris se transformou numa cidade das bicicletas. Sumiu, não consigo achar, o endereço do vídeo não existe mais. Uai?

Então vai este:
Não vai, não vai mais nada do Youtube. Espero que seja temporário. 
Coloca na busca do Youtube e assiste este.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Bicicleta não polui? Bicicleta elétrica é solução de mobilidade ou ambiental?

Começo aqui fazendo um complemento da carta para o Fórum dos Leitores do O Estado de São Paulo que é dirigido a quem quer ver uma cidade mais ciclável e ambientalmente correta. 
No final desta publico a carta enviada.


Aqui quero completar ou complementar o que escrevi e não cabia para o Fórum do Estadão. Como sempre quero ser chato, o advogado do diabo, como dizem. Não acredito em "é isto e ponto", e cada dia estou mais feliz com esta minha forma de pensar. Mesmo o que "é isto e ponto (sem dúvidas, final)" merece ser questionado. 

Começo por duas perguntas que não querem calar: Bicicleta não polui? Bicicleta elétrica é solução de mobilidade ou ambiental? É, mas quanto?

Bicicleta polui? 
Polui, não se pode negar.

O alumínio sai daqui, Brasil, e vai de navio para a China. Lá é trabalhado, se transforma numa bicicleta e volta para ser vendida aqui, no Brasil. Esta bicicleta não nasceu poluindo, e muito?

Se fosse fabricada no Brasil não poluiria? Não poluiria caso tivesse alta qualidade. A qualidade que temos em boa parte de nossa indústria, não só do setor das bicicletas, é baixo e poluidor, quando não altamente poluidor. Um produto que quebra de cara é muito poluidor. 
Com relação ao problema de poluição causado pelas bicicletas, se quiser saber o quanto é, basta ir até qualquer bicicletaria que atende baixa renda e perguntar sobre durabilidade. Olhe na lixeira. Isto para começar. Ou vá a bicicletarias de alta renda, com bicicletas caras, e pergunte qual a frequência de que os donos fazem manutenção nas bicicletas e se todas são realmente necessárias. 
Saia pela cidade e pergunte nas bicicletarias quem tem controle e coleta de produtos e gases poluentes, e como é feito o descarte dos recicláveis? 

Bicicleta polui menos que um carro ou moto? Com certeza. A questão é como fazer que diminuam a sua própria poluição. Alguém tem números? 
Em relação às motos a diferença é muito grande porque as emissões de gases de uma moto, mesmo em comparação com automóvel, é grande. E moto velha e com baixa manutenção é que não falta. Moto realmente é um problema ambiental bem conhecido.

Mas... agora temos as bicicletas elétricas.
Qual é o progama de controle de descarte de baterias e pilhas neste Brasil?
Quanto dura em média a bateria de uma bicicleta?
Quanto custa refazer a bateria? Qual é o custo ambiental comparativo com outras formas de energia? 

Outro ponto: eu venho me perguntando quanto o aumento do uso das bicicletas elétricas e similares vai desestimular o uso de bicicletas arroz e feijão? Não estou falando da troca das de propulsão humana pelas elétricas, mas da forma que as elétricas vem sendo usadas em ciclofaixas e ciclovias e que estão assustando os ciclistas normais. Aliás, muitas sequer são "bicicletas", mas um sei lá o que que mais parece com uma minhatura de moto.

Quando se fala em "bicicleta não polui" no geral se está pensando em bicicleta a propulsão humana, não elétrica. 

Claro que bicicleta é uma ótima saída, mas quando bem pensada. Não é porque algo é bom ou ótimo que resolve automaticamente todos problemas.         

 
Fórum dos Leitores
O Estado de São Paulo

"O desafio do ambientalismo responsável" publicado no Opinião do Estadão deveria ser matéria de capa. Somos a sociedade dos exageros, em todos sentidos. Quanto mais melhor, e desta verdade não escapamos sequer quando o assunto é sério e nos afeta profundamente. Tenho 70 anos, o que me fez ver uma transformação ambiental que, sem exageros, se pode dizer assustadora - para pior. Mas bem antes da minha terceira idade (?), e por causa da sua consequente maturidade (?), caiu a ficha que para resolver de verdade um problema se deve buscar olhar para tudo que é correlato, e tentar avaliar causas e consequências. Fazer no impulso ou com miopia não raro não resolve como agrava a situação. Trabalhei uns 30 anos com segurança no trânsito para ciclistas, ou como prefiro dizer, a transformação do meio ambiente, leia-se cidade e cidadãos, para o bem de todos, sem excessão, através da implementação do uso racional e sensato dos modos ativos de transporte, incluindo a bicicleta. Modos ativos eram então chamados de "não motorizados", o que incluia pedestres, o que diz muito sobre aqueles tempos. Misturar segurança de ciclistas com "quantos km a mais, melhor" incorre em vários erros, inclusive na segurança do próprio ciclista, mas não vamos entrar aí. É necessário ter consciência de pelo menos as variáveis momento / viabilidade / custo / benefício. Muito além do politicamente correto "um carro a menos", como é o discurso corrente entre ciclistas. O ideal é ter muito muito menos veículos particulares circulando, ninguém nega, mas como, de que forma? Eis a questão. O que se discute há tempo é raso, cheio de propostas mágicas, inconsistentes da forma como são apresentadas. É óbvio um monte de coisa que se fala, a princípio e sem uma análise mais apurada. O que em toda a questão de transformação ambiental urgente não foi nada óbvia foi o como fazer com inteligência, sabedoria e sensatez. O "engulam por que é legal" definitivamente não é legal, mais, é sabidamente improdutivo. Passamos da hora de ouvir, entender, conversar e acertar, em tudo, não só na urgente causa ambiental. O buraco é muito mais embaixo, o que dá medo, o que leva a acreditar em contos da carochinha.
Parabéns pelo sensato texto publicado. A única crítica é que, um texto como este, pela sua importância, deveria ser aberto a todos, não só assinantes.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Nova ponte passarela acesso a ciclovia Pinheiros em Pinheiros

Não sou contra a nova ponte, sou contra os que pensam, imaginam ou querem que esta ponte faça os ciclistas que vem pela av. Eusébio Matoso ou da Vital Brasil mudem seus caminhos para obrigatoriamente cruzar o rio Pinheiros por está nova ponte.
A verdade é que ela servirá, em particular, para o ciclistas que treinam na ciclovia Capivara. Trabalhador? Só os que pedalam para longe, em particular o sul da cidade.

Desculpem a besta aqui que não sabe trabalhar direito o blog. Os vídeos estão publicados fora de ordem.

Mais, acabei de rever este material que subi agora. Minhas falas nos vídeos são um desastre. Esperam que entendam o que pretendo mostrar. 

Há documentação falar sobre caminhos naturais de todo ser humano, seja ele brasileiro, suíço cumpridor de regras, ou de onde for, que prova, sem deixar qualquer dúvida, que todos tendem a fazer o caminho mais curto e reto. No geral, quando as autoridades decidem fazer o caminho que acham mais seguro para pedestres e ciclistas, suas opções costumam ser desrespeitadas. 

O correto neste caso seria acalmar a velocidade da faixa da esquerda na ponte Euzébio Matoso com sinalização para que se dê preferência ao ciclista. Lutar contra o caminho natural é ainda responsabilizar o ciclista por estar circulando ali quando há uma ponte específica para ele, é brincar com a realidade imutável. 

Vamos ver como se transformará o uso desta nova ponte passarela, vamos ver quem realmente a usará. Bato uma aposta que a maioria será de coxinhas, como são apelidados pelos peba os ciclistas vestidos de frango que treinam na ciclovia Capivara / Pinheiros. 

Que cidade você quer?

De minha parte eu gostaria que meus netos pudessem pedalar nas ruas. Nas ciclovias? Eu não levo. Por que? Medo do comportamento de boa parte dos ciclistas. 
Minha cidade? Acalmada. Não segregada. Sem pessoas apontando o dedo no nariz da outra para acusar de... 










Sobre a nova ponte acesso para ciclistas em Pinheiros

A opção que se fez foi pela cidade de segregados. Cada um no seu quadradinho em nome de uma segurança que atende principalmente a interesses particulares.

O que foi implantado obriga que os trajetos, com frequência, sejam os não desejados e lógicos, mais curtos e sensatos, sejam para pedestres, principalmente, e ciclistas.

O mais interessante, para eles, quem quer que seja que implementa estes trajetos, é que o segregado com seus caminhos por vezes sem sentido, defende com com unhas e dentes esta implementação, principalmente entre ciclistas. Pedestres se viram, fazem o que podem para caminhar menos.

A reconstrução das cidades que se está fazendo em lugares civilizados é acalmar e integrar tudo. Não resta a mais remota dúvida que convívio por só resolve boa parte dos problemas sociais de qualquer lugar, e resolveriam mais e melhor os que temos aqui e no Brasil.

Foi inaugurada a ponte para pedestres e ciclistas cruzando o rio Pinheiros na altura da ponte Euzébio Matoso e paralela a ponte Bernard Goldfarb.

Duvido que ciclistas que descem a Rebouças e os que pegam a Euzébio Matoso, uma reta só, vão fazer toda volta para pegar a nova ponte acesso. Aliás, não vi qualquer sinalização orientando para tanto.

Dependendo da pressa, atravessar a Bernard Goldfarb é um ganho de tempo sensível. Quem estiver descendo a Euzébio duvido que vá fazer toda a volta para sair na Vital Brasil, uma volta mais demorada ainda.

A nova ponte para ciclistas é muito bem vinda, principalmente para acesso e saída da ciclovia rio Pinheiros. Para pedestres também, se bem que, morando na rua Eugênio de Medeiros, a da cabeceira da nova ponte, rarissimamente vi pedestres ali.

Segregar tem seu preço, parece que a história deixa bem claro. Fizemos a opção pelo segregar quando mundo afora se faz a opção pelo agregar, juntar, unir.

Não resta dúvidas que em situações específicas se deve segregar, mas fazer da segregação regra é um erro muito além do primário ou da boa fé.

Depois intensões o inferno está cheio. Nossas cidades que o digam.

Que cidade vocês querem?



sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

São Paulo para se pedalar como nos velhos tempos

Feliz Natal e Feliz Ano Novo. 
Para mim será feliz mesmo. Sento na bicicleta e saio pedalando como se estive nos anos dourados do pedal, aqueles de uma cidade com pouco movimento, poucos carros circulando, ruas tranquilas. Pelo parâmetro que temos hoje, digo uma cidade vazia. 

Livre, estou livre. 
- Você vem passar a meia noite do Ano Novo aqui em casa!
- Nem que me pague! E percebendo o que foi recebido como uma grosseria, emendei imediatamente; O melhor momento de todo ano para mim é sair para pedalar no dia primeiro de janeiro bem cedo. Não tem igual. Faz uns anos, no meio da pandemia, só de gozação, eu deitei no meio do asfalto de uma rua que durante o resto do ano é muito movimentada, e tirei uma soneca. Tem coisa melhor?

Terminaram as festas e as férias. O inferno está de volta, pelo menos até o próximo feriado prolongado. Quando será? Preciso de uma folga, quero pedalar em paz, ruas vazias, velhos tempos, ou algo que lembre.

A pandemia foi uma benção para mim. Nos primeiros dias, com todo mundo apavorado e trancado em casa, eu pegava a bicicleta, cruzava o rio Pinheiros e ia pedalar num bairro que mesmo em dias normais é muito tranquilo. Sem máscara, sem ninguém para me encher o saco, como nos velhos tempos.

Uma das maravilhas daqueles tempos de pouco trânsito e menos bicicletas ainda, é que o ciclista era simplesmente invisível. Eram tão poucos e tão raros que a maioria sequer percebia nossa passagem. Nada como ser invisível e poder ver e curtir tudo em paz. 

Não é só o saco que pedalar no meio do trânsito, ou por causa dele ter que pensar que caminho fazer para ir mais tranquilo. É ter que ficar prestando atenção no que acontece e não poder pedalar olhando os passarinhos, por exemplo, sem se preocupar.

Numa ciclovia? Aí é que fico tenso. Domingo bem cedo tenho bons momentos. Na ciclovia do rio Pinheiros? Nem que me paguem! Pedalo onde costumava pedalar sem problemas, em avenidas e até em alguns trechos da marginal. 

Hoje são duas as situações que me perturbam, e por que não dizer a todo ciclista e cidadão: trânsito, ou falta de espaço para pedalar em paz, e, muito pior, o medo de ser assaltado, que virou uma constante ridícula, coisa de cidade selvagem. 

Para quem não viveu os velhos tempos, e falo do final da década de 70, eu amarrava minha bicicleta com uma trava, fininha fininha, num poste da rua Boa Vista, Centro Velho, voltava e a bicicleta estava lá. Ninguém se interessava. 
Naqueles tempos conseguia estacionar o carro na porta, ou muito próximo, de qualquer lugar que fosse. Na faculdade só comecei a ir pedalando quando passei a estacionar o carro a 100 metros da entrada, o que achava um absurdo. Adorava dirigir, mas preferia pedalar. Mais livre.

Tenho certeza que os velhos tempos não voltam mais, mas tenho esperança que um dia as nossas cidades fiquem minimamente organizadas para a qualidade de vida de todos. Esperança vã? 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Algameq.

Tive várias Alfameq e adorei. A minha da época que fiz Bike Repórter Eldorado FM era mágica, 11 kg, um foguete. Para 1999 era muito leve, rodava maravilhosamente bem, tanto que um dia recebi uma bronca porque os ouvintes não acreditavam que eu estava pedalando, mas de moto. Hoje, passados mais de 20 anos da minha fase Alfameq, a original, quando a marca era do Gioachino e do Gaetano, dois italianos de verdade, nascidos na Itália, pedalo uma delas e continuo dizendo que são mágicas, fora de série. Aceleram e rodam maravilhosamente bem. 

Depois de muito tempo sem pedalar uma, cruzei com um cara numa toda original de época, anos 90. Parei o sujeito, perguntei se podia dar uma volta, ele emprestou, rodei uns 100 metros e não acreditei, quase cai do sorriso, da alegria. 

Não faz muito comprei uma usada, toda surrada. Estava passando por uma esquina onde conversavam dois seguranças da rua, um deles dizendo que estava vendendo a Alfameq Tirreno tamanho 21, prata, que segurava. Continuei pedalando, pensando "De novo não. Comprar mais uma (bicicleta), não! Juizo!", quando ouvi o preço. "Não, aí não, assim não dá!", e dei meia volta e comprei por um preço imperdível. Nem olhei direito, nem experimentei, levei para casa e só lá vi que estava montada com peças Shimano 100GS, maravilhosas, tudo funcionando. Vistoriei com cuidado e o quadro estava inteiro, sem nenhum problema, só a pintura desgastada. Tinha sido montada na ScooBike, de meu amigo Luiz, portanto consegui uma referência que não era roubada. Ruim mesmo só o garfo de suspensão, que foi devidamente para o lixo.


As peças Shimano 100GS foram montadas numa Haro feminina que foi entregue o CCM, Centro Cultural Movimento, museu de motos e bicicletas em Socorro, próximo a Bragança Paulista. 

Demorei para remontar porque não foi fácil encontrar as peças de época como as que eu tinha na minha. Achei inclusive o garfo rígido original da Alfameq. Os aros de folha simples, que se usavam na época, encontrei por pura sorte. Estavam esquecidos no estoque de uma das mais tradicionais bicicletarias porque ninguém mais quer aros folha simples. Sorte minha. Consegui um conjunto de 24 marchas, mas agora falta só o câmbio traseiro original para ficar perfeita, mesmo assim já está uma delícia, uma avião.

Tive várias Algameq, a primeira uma Ghibli, traseira elevada e muito curta. Acelerava e subia maravilhosamente. Mandei-a para um museu, senti o cheiro que seria roubada e foi. Fui com ela para a Holanda e de lá para NY, onde por pura sorte peguei a cidade vazia por três dias. Rodei até ter cãimbras. Passei por algumas bicicletarias para mostrar a menina (bicicleta) e em todas a curiosidade foi grande.

A Ghibli em NY 

Acabei estabelecendo uma amizade com Gioachino. Recebi alguns protótipos, um deles híbrido, todos ótimos. Infelizmente a Algameq original não existe mais, foi vendida. Fato é que eles fizeram história, mudaram o padrão de qualidade e o que brasileiro pensa sobre o que é uma ótima bicicleta. Eles provaram que dá para fabricar com altíssima qualidade aqui.

Steve Tilford, um dos melhores ciclistas da história americana, Campeão de Ciclocross e primeiro Campeão do Mountain Bike, veio para cá para competir uma prova pela Specialized, de quem era ciclista oficial, ganhou uma Tirreno, levou para casa, uma cidadezinha ao norte do Estados Unidos, montou, testou, e me escreveu dizendo se apaixonado pela Alfameq.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Aerodinâmica

Rodas aero, ou aerodinâmicas. Quanta besteira! Praticamente todos os usuários de bicicleta, incluindo a maioria dos que se dizem ciclistas (esportivos), simplesmente não conseguem tirar proveito de uma bicicleta com detalhes aerodimâmicos. Por que não? Porque não tem força suficiente para manter a velocidade necessária para que qualquer detalhe aerodinâmico faça o efeito sonhado. Aerodinâmica é coisa para profissional, e quem já teve o prazer de pedalar junto com um profissional de verdade sabe que o babado é outro, que eles são de outro planeta, um foguete. 
Do que estou falando?  Sobre a diferença entre manter uma média de 20, 26 km/h, quando muito, e os "profissa" que continuam conversando como estivessem assistindo TV numa média de 35 km/h - numa subida leve e com vento contra.
Mais, ciclista profissional usa a aerodinâmica certa para o momento certo, o que é decidido por uma equipe de profissionais baseado em vários dados coletados de metereologia, topografia e outros mais.

Roda aero, que é vendido como um benefício aerodinâmico e é o mais comum nas bicicletas do povão, funciona? Não preciso ter em mãos dados científicos para dizer que não. Por uma razão em particular: são mais pesadas que as rodas normais, e peso da roda para um ciclista comum é que faz diferença, aliás, muita diferença. Quanto mais leve a roda, melhor, muito melhor. 

Os aros "aero" entraram no mercado porque são mais resistentes a torção ou deformação. Deram certo porque as bicicletas mais baratas vinham com aros de folha simples que desalinhavam, deformavam e entortavam com facilidade. Muitos eram de baixa qualidade, para dizer o mínimo, mas vários davam problemas porque eram muito mal montados, alinhados e principalmente tensionados. 
Fato é que, não é por ser aro de folha simples que será mais frágil que um aro aero. Tudo depende da qualidade do material e do processo de fabricação. 

Aerodinâmico? O peso da roda é o que importa para ciclistas comuns.

A bem da verdade, a imensa maioria do que é chamado de aerodinâmico é conversa para vender mais, e nada mais.