Antes que tire conclusões precipitadas, por favor, leia até o final.
Vou tentar usar algo como o método de análise de acidentes aplicado na aviação
Ciclista pedalando na calçada colidiu de frente com a lateral de um veículo que estava entrando no estacionamento. O ciclista foi ao chão sem grandes consequências.
Erro: ciclista pedalando na calçada. Calçadas são restritas a pedestres e pessoas com necessidades especiais de mobilidade. Pedalar numa calçada é proibido. Razão: perigoso para pedestres e aumenta a possibilidade do ciclista sofrer de acidente. O ângulo de visão do ciclista fica muito prejudicado, o que diminui muito o seu tempo de reação. Uma pessoa ou veículo saindo de uma propriedade só vai estar visível quando não houver mais tempo de reação. E o ângulo de visão dos condutores de veículos é limitado nestas saídas de propriedade. Mesmo quando vem pela rua a sua visão do que acontece na calçada é prejudicada porque seu foco é a via e ou trânsito que está a frente, e por obstáculos normais de uma calçada, postes, árvores, vegetação, carros estacionados, outros.
Segundo erro: o ângulo de acesso do veículo para o estacionamento neste caso permite uma velocidade mais alta que o recomendável quando ele atinge a calçada.
Fato: o motorista disse que tinha olhado para ver se tinha pedestre na calçada.
Fato: o ciclista estava muito lento, algo em torno de 10 km/h
Fato: a colisão do ciclista foi frontal e se deu na roda dianteira direita do automóvel
Fato: o ciclista estava distraído com luzes a frente
Fato: a bicicleta não sofreu danos, portanto o impacto foi leve devido à sua baixa velocidade
Fato: o ciclista não sofreu qualquer ferimento ou lesão que o impedisse de seguir pedalando, portanto seu impacto na lataria do carro foi leve também
Fato: estava escuro, o ciclista vestia sueter preto, que por si diminui muito a capacidade de visualização do motorista. O ciclista estava passando por um muro de vegetação, o que diminui o contraste de seu casaco preto contra a folhagem verde.
Fato: foi possível ver que o automóvel não teve amassados
Responsabilidades
A lei é clara. A responsabilidade da ocorrência é do ciclista porque bicicleta perante a lei bicicleta é um veículo e deve ser conduzida na via, sendo proibida sua circulação nas calçadas, exceto quando devidamente sinalizado.
Podesse dizer que o motorista foi imprudente. Sua alegação que tinha olhado para ver se tinha pedestre é difícil de sustentar pela altura do ciclista, 1,85 m.. Sentado numa bicicleta faz o ciclista um pouco mais alto que os 1,85 m.. Não havia obstáculos que impedisse a visualização do dorso e cabeça do ciclista pelo motorista, mas o ciclista vestia cor escura e estava contra uma vegetação que a noite também fica escura, ou, o ciclista era difícil de ser notado.
O ciclista trafegava em baixa velocidade, aproximadamente 10 km/h, quase de um pedestre caminhando com rapidez. Um corredor a pé estaria mais rápido.
A colisão do ciclista foi na frente do automóvel, na altura da roda dianteira, o que aponta para a posição dos dois antes da colisão enquanto rodavam em paralelo. Aponta também para que o automóvel vinha de trás da posição do ciclista.
O automóvel vinha junto com o trânsito numa velocidade aproximada de 30 km/h. Houve frenagem antes da entrada do estacionamento, mais o fazer a curva para a direita e o alcançar a calçada. Resta a dúvida se o motorista estava com sua atenção na calçada e possíveis pedestres circulando, o que seria sua obrigação legal.
Podesse afirmar que houve imperícia por parte do motorista.
O acidente foi comigo. Viajei na maionese, estava muito tranquilo e me distrai com as luzes acesas de uma casa que nunca vi iluminada. E bum! Ouvi uma barulheira, senti um tranco e cai no chão.
Se não me falha a memória a lei, o CTB, diz que durante condução se deve manter a atenção no trânsito, ou qualquer coisa do gênero. Dois a zero, a responsabilidade é minha.
Estou bem, mas um pouco dolorido. Foi uma boa lição. Mais importante, a bicicleta está inteira.
O motorista parou, desceu do carro e veio ver como eu estava, pedindo desculpas.
Imediatamente assumi a responsabilidade, o que ele não entendeu bem, mas ficou aliviado.