segunda-feira, 16 de junho de 2025

Tampas de bueiro afundadas e outros buracos

SP Reclama
O Estado de São Paulo

Ontem por muito pouco não sofro um acidente grave enquanto pedalava. Peguei pedalando uma, não, duas seguidas malditas tampas de bueiro afundadas daquelas que estão por toda a cidade. Bel, num buraco destes partiu em dois a suspensão dianteira de seu carro. Não precisa de estatística para saber que muitos caem nestas tampas de bueiro afundadas, basta ficar parado próximo para ouvir o barulho das seguidas rodas batendo. De qualquer forma seria de utilidade pública se houvesse dados estatísticos sobre este tipo de ocorrência, o que aposto que não há. Reasfaltaram e deixaram a tampa afundada ou o concreto cedeu? Sou cidadão e não me interessa de quem é a responsabilidade, quero o problema definitivamente sanado. Concreto novo colapsando é coisa trivial, como é trivial que ninguém investigue o porque concretou na coisa pública, quebrou logo em seguida, é óbvio, nós que paguemos. É extremamente fácil provar que o concreto usado é inapropriado ou o serviço é mal feito. Só bueiros afundados? Quantas são as esquinas que foram repetidas vezes reconcretadas? Uma que mais uma vez está uma vergonha é a esquina da rua Augusta com Oscar Freire. Se eu começar a escrever os locais que me lembro de bate pronto onde o concreto rapidinho quebrou não paro mais. Não me interessa qual seja a razão, me interessa que se pare de gastar estupidamente dinheiro público numa obra mal feita, num problema que não se sana. Corredor de ônibus esburacado aos montes. Os remendos nas pontes..., consertos em calçadas guias rebaixadas, escadas... Concreta, cimenta, quebra, concreta, cimenta, quebra... Finalmente: quem vai ter interesse, ou coragem, para investigar porque o concreto usado em obras públicas quebra ou esfarela com tanta facilidade? Quem vai ter interesse em descobrir o número de ocorrências graves, acidentes e incidentes que foram causados por buracos e tampas de bueiro afundadas ou inexistentes que pipocam por toda cidade? Se até hoje não se investigou e trouxe a público a verdade sobre o escárnio dos roubos de fio de cobre, que é um setor muito menor e mais fechado, o que tudo indica é que falta interesse e ou coragem para descobrir o que vem acontecendo com esta indústria do cimento. Relatar a ocorrência não basta, urge ir atrás dos fatos. Óbvio que alguém está ganhando muito com isto. Saber quem deveria ser o objetivo, mas saber porque o silêncio talvez seja muito mais útil. 


Não cheguei a cair da bicicleta no meio do trânsito por pura sorte, mas bati o saco no tubo superior, consegui frear a bicicleta antes de ir para o chão e a gentil senhora que estava atrás parou a tempo. Aliás, agradeço aos que viram a ocorrência e assustados pararam para perguntar como eu estava. Meu tenis foi para o lixo, eu que me vire para pagar, assim como acontece com todos nós, cidadãos. O prejuizo sempre é nosso.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Calçadas - texto não ainda terminado

Pedestre / Calçada
  • que tipo de via?
    • conurbada 
    • estrada
    • expressa
    • avenida
    • corredor de ônibus
    • ruas 
      • principais
      • secundárias
    • vielas
    • interno de bairros
    • rampas para pedestres
    • escadarias 
    • passarelas
    • pontes
    • pinguelas
    • oficiais 
    • privadas de uso público
    • não oficiais
  • largura
  • inclinação
  • curvatura da via e águas
  • tipo de piso
  • iluminação
  • vegetação
  • problemas sazonais 
Implicações legais em cada tipo e forma de via.  

Pontes
  • cruzamento nas alças
    • semaforização
    • posição faixa de pedestre
    • visibilidade da sinalização para pedestres
    • visibilidade da sinalização para condutores - importantíssima 
    • tempo de reação
  • cabeceiras
  • piso modular móvel - solto quando há cabos ou encanamento
  • escadas e degraus
  •     desrespeito ao padrão
  • largura da passagem
  •     uso por ciclistas
  •     espaço para caminhar
  • ferrugem
  •     pintura solta
  •     falta de limpeza 
  • pontas expostas 
Passarelas
  • cruzamentos possíveis próximos - indução a cruzar sem subir
  • distancia e tempo total do cruzamento a pé 
  • caminho obrigatório para ciclistas
  • caminho opcional facilitador para motociclistas
  • cabeceiras 
  • assaltos no meio da passarela 
Leis e normas técnicas sobre construção e manutenção
  • qual a atualidade?
  • qual a realidade em relação ao que se tem hoje na construção?
  • quem fiscaliza?
  • qual o gatilho para fiscalizar?
  • quais os critérios de aprovação ou não?
  • regras e normas de limpeza 
  • critérios para aplicação de multa
  • caso Heymeyer
Acidentes e ocorrências
  • banco de dados
    • quem cruza os dados?
    • como são cruzados? critérios? 
    • politização?
    • capacidade técnica?
    • responsabilidade técnica
  • uso de dados para correção
Ocorrência

SAMU     

  • forma de registro
  • atendimento - qual a obrigação legal e quais limites? 

Perícia 
  • quantas perícias em ocorrências fatais causadas por calçadas?
  • existência de perícia
  • qualidade da perícia
    • tempo de periciamento
    • preservação local e de dados
  • corporativismo?
  • possibilidade de acionar perícia fora do poder público?
PA

  • forma de registro
  • colaboração com formação de banco de dados
  • permissão e limites de entrada e acesso de perícia ao atendido

fato consumado - dano ao bem público

  • quantos danos ao bem público foram ressarcidos pelos causadores?
  • quem paga?
  • como paga?
  • quem controla?
  • quanto recaiu sobre os cofres públicos?
  • o que fala a lei? 
  • quantos foram punidos desta e ou de outra forma?
  • responsabilidade técnica - de volta a perícia

 Qualidade da calçada

  • tempo de garantia de obra pública
  • forma de garantia e controle sobre obra em espaço privado de uso público
  • tipo de piso
  • uniformidade
  • desníveis ou irregularidades de obra aceitos
  • como está na lei? Lei é uma coisa, realidade é outra 
  • uniformização estética e funcional
  • carga que sofre - passagem de automóveis, vans, ônibus e caminhões, por exemplo
  • calçada loca X calçadas do entorno 
exemplo Pinheiros 
  • calçadas reconstruídas dentro da Operação Faria Lima - Pinheiros
  • reconstrução de algumas ruas e avenidas desnivelou as calçadas
    • pior exemplo - entre Largos de Pinheiros e da Batata 
    • problema para a continuidade do olhar entre as duas praças
    • num sentido pedestre tem perda de visão do trânsito da avenida 
    • cruzamento com escadinha onde era plano
Vias e estradas conurbadas
  • distância entre passarelas ou cruzamentos de pedestres
  • cruzamento de pedestres através de barreiras fixas - sinalizadas, mas
  • piso começou a soltar pouco tempo depois
Meio ambiente 
  • sombra
  • umidade
  • nivel de ruido
  • agradabilidade ambiental
  • impacto visual de área construída
  • qualidade do piso na sensação do pedestre
  • arborização
  • paisagismo
  • locais de convívio / descanso
    • por que foram feitos tantos erros? porque tanto desperdício?
    • calçadas em zig-zag?
    • bancos que ninguém senta?
    • equipamento urbano inútil?
  • iluminação
Postes e fiação aérea
  • postes nas esquinas - por que tantos?
  • postes nas calçadas 
    • limita a visão do pedestre, principalmente ao cruzar a rua
    • segurança no trânsito
    • tempo de reação pedestres e motoristas
Pedestres e sistema cicloviário
  • projetos cicloviários tem que ser pensados tendo o pedestre como prioritário
  • a circulação do ciclista tem que estar a serviço de pedestres e pessoas com mobilidade especial
  • Por que pedestres querem caminhar nas ciclovias? 


segunda-feira, 2 de junho de 2025

Por que as propostas de redução da violência no trânsito não dão certo?

Fórum do Leitor
O Estado de São Paulo

Autoridades? Quem? Comecemos por aí. O primeiro passo para pararmos o banho de sangue nosso de cada dia é ter alguém que seja autoridade respeitável, mas aí dancemos!
Autoridades temos, e que merecem respeito, também, mas com a desconstrução que vivemos tendo por tantos anos não é mais discernível saber quem é o que ou o que é quem.

A questão passou há muito do como diminuir a violência para como frear a selvageria disseminada entre a população, selvageria que começa em pequenas faltas de educação básica, cidadania, e termina (será que termina?) no tiro no peito dado a troco de banana por um vira bosta, não muito diferente de um pelotão de fuzilamento de revolucionários de uma república da banania. 
Quem realmente sabe para que serve a autoridade? Não a ideológica, a funcional.

Diminuir a violência? Qual delas? Como se faz para que não joguem lixo nas ruas, ou lhe respondam o bom dia que foi desejado com sinceridade? Ou que a vendedora largue o celular e venha lhe atender, que é sua obrigação de trabalho?
Como ciclista recomendo que não peça que o outro dê passagem, até quando ele simplesmente decide parar e fechar a ciclovia para digitar o celular. Não ouse pedir que abaixe a luz piscante que cega apontada para seus olhos, e que ele acredita piamente que o faz mais seguro. Nem sequer ofereça ajuda para consertar o furo da câmara, o que pode ofender os brios do ou da ciclista. 
Gentileza gera gentileza, mas o que fazer quando a gentileza caiu fora da moda?  
 
Diminuir a violência no trânsito? Com velhas soluções? Educação, respeito, não corra, não mate, não morra? Quem se importa? Quem tem autoridade para falar tais coisas? 

Especialistas listam ações para reduzir acidentes com motos, título de matéria no Mobilidade, especial Maio Amarelo, O Estado de São Paulo, 28 de maio de 2025.
1. Formação; 2. Ficalização; 3. Conscientização; 4. Manutenção; 5. Treinamento; 6. Tecnologia; 7. Vias mais seguras, são os tópicos. E numa pequena caixa, "Vias inseguras para pilotos. Sinalização escorregadia, valetas, buracos, entre outros problemas, são verdadeiras armadilhas", diz, aliás, define porque não a situação vai mudar, ou mudará sabesse lá quando. Falar sobre formação, fiscalização, conscientização, manutenção, treinamento em 2025? A quantos anos se recita exatamente a mesma ladainha? Mudou algo? Estão falando para quem, para quem lê jornal? Pior, para os poucos que lêem e entendem o que estão lendo?

Não temos autoridades, este é o problema. Sem um poder público que tenha um mínimo de credibilidade não sairemos desta. Os 'mortoboys' que o digam.

Temos que cair na real e fazer o que tem que ser feito, que não é necessariamente o que diz a lógica. Isto aqui é uma guerra, e guerras são vencidas não com o bonitinho, mas com o uso da inteligência para vencer uma batalha por vez. De novo, o que nos falta é comandantes e mais ainda, inteligência.  

A tensão de pedalar numa ciclovia.

Só porque é ciclista é bonzinho? Tem gente que acha que sim, que bicicleta santifica. Eu tenho certeza que não é assim. Só porque está numa ciclovia junto com ciclistas você está seguro. Tem gente que pensa assim, eu definitivamente não. 

Somos todos humanos. E somos todos usuários de automóveis ou motoristas. E como ciclistas acabamos tendo os mesmos vícios de usuários de automóveis ou motos. 
Os vícios criados pelo uso do automóvel é secular, portanto está empreguinado na sociedade, principalmente na forma que nos movemos no urbano. Importante diferenciar a condução e o uso correto do impróprio, perigoso e pouco civilizado. O problema não é o automóvel, mas quem o conduz. O comportamento de boa parte dos que pedalam nas ciclovias que o digam. São poucos os que pegam o mais belo que a bicicleta oferece: paz e tranquilidade.

Quando temos em mãos um instrumento para extravasar, todos nós, sem exceção, colocamos para fora o que de mais profundo temos, o nosso mais puro caracter, com suas qualidades e mazelas. Acontece isto quando estamos dirigindo, quando estamos pedalando, ou em qualquer modo de transporte.  Aí vem a tona o que temos de mais íntimo e o como lidamos com o mundo onde se vive.

Hoje, ciclovias 'estão' um espaço para ex usuários automóveis e motocicletas. Mesmo quem nunca tenha conduzido um veículo motorizado foi com certeza levado para lá e para cá como passageiro num carro, moto, ou ônibus. Este foi o aprendizado sobre comportamento social no uso de um veículo, qualquer, o que se reflete na forma como pedalam.

A quantidade de cidadãos (?) que pedalam bicicletas elétricas (bicicletas?) de forma, eu diria, pouco civilizada é uma barbaridade. Deduzo eu que o sonho deste pessoal seria estar na ciclovia com uma Harley Davison Fat Boy escapamento aberto acelerando fundo para tirar qualquer ciclista da frente. Motos em ciclovias não acontece, é raro, mas é inegável que muitas bicicletas (?) elétricas estão mais para scooter, o que quando claramente não o são. Pedais? Onde estão? 
Pseudo scooters ou ditas bicicletas elétricas, da forma como seus proprietários se comportam não nega o que pensam: "Que coisa chata! Este pessoal não tem dinheiro para comprar uma elétrica, por que não voltam para casa?" E para estes "cidadãos" (que acham que se comportam tão bem nas ciclovias com suas elétricas) em suas noitadas e viagens de fim de semana, uma bela SUV das grandes, altas, imponentes! "Que delícia! Finalmente livre daqueles imbecis que pedalam na ciclovia".

Ciclista de pouco ou baixo senso de cidadania não é uma novidade, nem coisa de Brasil, se bem que em se falando de Brasil é coisa bem brasileira, bem peculiar, especial, muito mais sofisticada. Os números não mentem.

Vamos lá.

A primeira experiência assustadora com ciclistas agressivos numa ciclovia foi em Munique no fim da tarde, hora do rush de volta do trabalho para casa. 2005. Ainda não existiam as ditas bicicletas elétricas. A agressividade daquele povo ao abrir o semáforo me assustou. Nem em largada de prova de final de campeonato de mountain bike experimentei tal sufoco. No resto do dia as ciclovias de Munique são um sonho de tranquilidade.

Pedalar no centro de Amsterdam é complicado por causa dos turistas. Muitos não fazem ideia do que seja pedalar uma bicicleta, muito menos como se comportar numa ciclovia ou mesmo numa rua. O povo de Amsterdam não aguenta mais. A última vez que estive lá tinham liberado os scooters pequenos, com motor até 50CC. Achei estranho, não gostei muito, mas como os holandeses são muito educados, civilizados, com um senso coletivo claro, fora o barulho e o cheirinho ruim, pedalar junto com as scooters não foi um problema. Hoje, com a entrada das elétricas, que incluem scooters ditos a pedal, a coisa mudou. Tenho lido que querem fazer algo para parar a bagunça que virou.

Sensação de segurança passa pelo nível de civilidade de cada população. Aí está nosso problema. Como sempre, fácil provar a nossa triste baixa civilidade: olhem o lixo espalhado no chão de nossas cidades e tirem  suas conclusões. Está mais que provado, leiam, não resta dúvida que nosso comportamento no trânsito é selvagem. Somos um dos países com trânsito mais violento do planeta dito civilizado. Por que seria diferente com os ciclistas?

Este texto veio porque estou tendo que subir a av. Hélio Pelegrino no horário que o pessoal está indo para trabalhar. Deixei de usar aquela ciclovia porque não aguento mais a agressividade principalmente dos usuários das elétricas e afins. Eles são chiquérrimos, só vendo. A possibilidade de sofrer um acidente ali é muito maior que a de ser atropelado por um carro. Afirmo com todas letras que os motoristas são muito mais civilizados, muito menos agressivos, tem uma condução muito mais correta, que os elétricos. 

domingo, 25 de maio de 2025

Emenda da câmara de ar vazando

Pneu furado. Para o passeio. Entro no boteco, peço um suco, desmonto o pneu, pego a câmara, bombeio até ficar cheia. Passo a mão pela câmera e não consigo sentir onde está o furo, mas está vazando bem devagarinho. Encho mais ainda, encosto a câmara na bochecha, que é muito sensível, vou passando e finalmente encontro o microfuro. Na emenda. Estico a câmara com as mãos e o buraco aumenta um pouco. Paro ou não vai dar para remendar. Remendo feito seguimos em frente sem problema.

Furo em emenda da câmara acontece. Ruptura também, não é comum, mas acontece, principalmente em câmaras velhas, como era o caso. Devia ter uns pelo menos uns 20 anos. De marca européia, portanto boa. Quanto durou e ainda vai durar depende de uma série fatores. Não importa, tempo de vida é tempo de vida, tudo termina.

Por sorte, naquele domingo quente, e naquele bairro distante, tivemos a sorte de passar por dois senhores já bem altos, música alta e cerveja na mão. Olhei e vi que era uma bicicletaria bem pobrinha cheia de câmaras remendadas penduradas. Por muita sorte saímos com uma câmara nova, que foi instalada na primeira parada mais longa do passeio. Aí a dona da bicicleta me contou que já tinha trocado a câmara da roda da frente. Deveria ter trocado as duas. E guardado as velhas para estepe, para conseguir voltar para casa.

Quantos anos têm suas câmaras? Em que estado elas estão? Quando foi a última vez que as revisou? Só quando furam? Não vale a pena. Com um pouco de paciência você sairá de casa muito mais tranquilo. Revise.


A saber, todas câmaras de ar têm emendas na diagonal para juntar as duas pontas. Se não tiver é porque o tubo foi extrudado. Várias têm emenda longitudinal, ou seja, são fabricadas a partir de uma tira de borracha, látex ou outro material. Primeiro são juntados, normalmente fundidos, os dois lados para formar um tubo, depois cortada na medida desejada e finalmente juntadas as duas pontas. O bico? Não sei ao certo, mas imagino que seja colocado ainda quando é uma tira.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Onde você coloca seu olhar?

Subiu na bicicleta e colocou seu olhar para baixo, no chão. Esquece, não vai se equilibrar ou pedalar com facilidade. Este é um erro clássico entre os aprendizes de ciclista, mas não só deles. Entre os que pedalam mais sério no mountain bike, colocou o olhar numa árvore, "chupa!" (como minha geração dizia), líquido e certo você vai bater na árvore.
Sim, há uma forma correta de olhar, principalmente quando se trata da segurança no trânsito ou mesmo do simples pedalar.

Tive bem poucos acidentes pedalando e praticamente todos foram causados por mulheres bonitas. Não, não foram elas que causaram os acidentes, mas porque fiquei olhando e acabei batendo num poste, numa árvore, caindo num buraco ou acertando a lateral de um carro, dentre outras situações tensas que já passei. 

Outro dia estava pedalando no meio do trânsito e tirei por um segundo o olhar de onde devia estar, do carro da frente. Felizmente tive tempo para desviar da traseira que cresceu rápida. Correu um gelado pelo corpo, uma fração de segundo a mais e cabummmm.

Um dos problemas com quem se distrai prendendo o olhar num ponto fixo, e isto inclui celular, é que quando o olhar volta para o que realmente interessa, o cérebro demora para ler e entender a situação que está a frente. O número de acidentes que tem por causa isto é muito alto. No caso do uso do celular há alguns agravantes, o mais complexo é tempo de retorno à realidade depois que o olho sai do celular. Segundo pesquisas científicas, o retorno completo à realidade só se dá uns 23 segundos após o olho deixar a telinha. 
No meu caso, o vício de olhar para mulheres interessantes, depois que tirei o olho delas e voltei o olhar para a rua, o pensamento ainda fica na beleza delas por um pequeno tempo, ou seja, estou olhando para frente e não estou vendo ou entendendo o que está a frente. 

Num cálculo simples: a cada 1 segundo desatento um ciclista de rua, destes bem calmos, que pedalam a uma média de 15 km/h, a bicicleta roda 5 metros. Parece pouco, mas definitivamente não é. E não estou falando sobre a perda de direção que pode ocorrer nesta desatenção. Pelo que li, a 15 km/h uma bicicleta demora entre 10 e 15 metros para parar. Ou seja, 1 segundo de distração = 5 metros corridos, mais 10 metros para parar = 15 metros para evitar um acidente, e neste cálculo não está o fator tempo de reação, que são mais uns tantos metros.

Esportistas profissionais conseguem manter a atenção completa por um bom tempo, mas não todo tempo. Entre os mortais, eu afirmo, ninguém consegue ser perfeito o tempo todo, muito pelo contrário. Nós voamos no piloto automático com um inconsciene ligado no olho sempre pronto para reagir. Se não estiver olhando, nem o piloto automático vai funcionar.

A forma correta é olhar para onde é necessário de preferência usando a visão periférica. Trânsito, ir, pedalar, ou qualquer condução de veículo, não é exatamente uma linha reta, mas um processo dinâmico porque tudo em volta está se movimentando.

O correto mesmo é tentar relaxar quando se está no meio do trânsito. Esta é uma verdade provada e comprovada pela ciência, divulgada em relatórios e em artigos científicos publicados nas mais respeitadas revistas especializadas do planeta. Relaxado o cérebro vai automaticamente escolher o que é importante ou não para a segurança. Relaxado se enxerga muito melhor.

Não é só no meio do trânsito, mas ficar relaxado faz muita diferença em tudo. Fechou a cabeça num único pensamento sempre é problema. Há uma diferença enorme entre ficar ou estar concentrado e ficar ou estar bitolado, ou seja, com foco fixo.

Abrir o olhar demanda um certo treino, sempre demandou. A proxima vez que for para as ruas deixe seu olhar leve, quando possível treine sua visão periférica. Sua vida ficará muito mais agradável e segura.




Um dos  

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Bondes, VLTs ou ônibus elétricos? Bicicletas?

Transporte de massa ou transporte ativo individual, leia-se bicicletas, patinetes e afins? O correto, o eficiente, é tudo junto, cada um com suas qualidades e em seu lugar, incluindo automóveis. Não é uma equação fácil de ser resolvida, mas o resultado tem que ser "qualidade de vida para todos e para o meio ambiente da cidade". Aí não dá para descartar nada. 

No fim das contas é sobre o uso de espaços de uso público, o que é o caso das vielas, ruas, avenidas, vias expressas, por onde a vida passa. Via expressa? Sim, uma linha de trem no fim das contas é uma via expressa. E por razões de contexto histórico e econômicas, as vias expressas para automóveis, o que inclui caminhões e ônibus, tem que existir, talvez, melhor, com certeza, não como são hoje.

Sobre que escala estou falando? Numa cidade como São Paulo a escala é uma loucura, quilométrica, dezenas de quilômetros, distâncias enormes, deslocamentos massivos... Pensar só em bicicletas ou patinetes é não olhar para a realidade. Transporte ativo é para distâncias curtas, quando muito médias. Eu sei, daqui até meu médico são 20 km e vou pedalando, o que acaba sendo mais rápido inclusive do que em automóvel, dependendo da hora e dia. Mas, ir tão longe, não é esta a função da bicicleta no contexto de uma cidade, ou pelo menos não deveria ser. Minha média de velocidade pedalando é de 15 km/h. Um automóvel deveria ter uma média de velocidade maior, mas, de novo, dependendo do dia e horário não tem, e aí está o erro, ou os erros, muitos erros.
 
Para distâncias maiores deveria entrar o metro ou bonde. Metro é mais rápido, com paradas bem mais espaçadas. Bonde atende as localidades com suas paradas mais curtas, mais ou menos as de um ônibus. A diferença é que está mais que provado que ônibus, mesmo os elétricos, criam problemas ambientais urbanos, o que não é o caso dos bondes ou VLTs. 

O transporte de massa mais barato e rápido de se implantar é o ônibus, mas por onde passa degrada, está aí para quem quiser ver. E seus custos de operação, diretos e indiretos, são altos. Ou seja, o barato sai caro, e como.

Metro é caro e demorado, mas sua eficiência é mais que comprovada, em praticamente todos sentidos.
É necessário diferenciar o custo inicial do operacional e suas consequências na vida dos cidadãos. Metro é um ótimo negócio, mesmo que aqui no Brasil demore e custe normalmente bem mais que o previsto e desejado.


Bonde, ou VLT, é um sistema bem menos caro que o metro, com certeza, mas bem muito caro e complexo que implantar ônibus. É transporte limpo, carrega menos passageiros que o metro, bem mais que ônibus, e é 
ambientalmente correto em vários sentidos. O grande problema é o tempo e os transtornos durante sua implantação. Depois só vantagens. 

Bonde, minha paixão, virou VLT, ou veículo leve sobre trilhos, e que são muito maiores que os velhos bondes, usam uma linha fixa, trilhos, para se movimentar. Ônibus consegue desviar. Por que os bondes desapareceram em São Paulo? Fácil, por uma ironia do destino caminhões e ônibus sempre quebravam em cima dos trilhos. Uai? Como assim? Mas por que? A cidade tinha bonde para tudo quanto era canto, e como num passe de mágica, ou de "quebra tudo exatamente sobre os trilhos", a cidade passou a ter ônibus para tudo quanto é canto. Aviso, o fenômeno não aconteceu só nestas paragens, mas em outras partes também. Maldita indústria automobilística? Eu afirmo: maldita mediocridade de toda sociedade. 

Vá a Milão, Itália, e circule nos mesmos modelos de bondes que tínhamos aqui na década de 60. Funcionam maravilhosamente bem. Pergunte se por que não foram desativados lá.

"Que inveja de Amsterdam! Bicicleta para tudo quanto é lado, uma delícia pedalar!" É mesmo? Quem fala fala como turista e não se lembra da escala urbana. Amsterdam é pequena se comparada a boa parte de nossas capitais e cidades mais importantes. Sim, o índice de uso da bicicleta é bem alto, mas a cidade não funciona por causa da bicicleta. Funciona porque tudo funciona, a bicicleta, os bondes, a qualidade para caminhar, o controle de fluxo, o projeto urbano... Tudo está e é racionalizado, bem pensado, funcionando com deve, não como alguns acham que deve. 

Qual a solução para nossas loucuras? A primeira é ter um planejamento honesto e de qualidade para curto, médio e longo prazo que levasse em consideração as necessidades específicas de cada local somada a do geral, aproveitando o potencial de cada uma das mobilidades e modos de transporte. Mudar tudo de governo administração para administração definitivamente não funciona. Apostar pesado num modo de transporte em detrimento dos outros também não. Atender a vontades e desejos específicos e particulares muito menos.
E, principalmente, que o povo aprenda que reclamar pouco adianta. Tem que saber o que está falando, trocar ideias e fazer força para que aconteça.