sexta-feira, 18 de abril de 2025

Melhoras nas esquinas ajudam pedestres e ciclistas


A esquina da rua Estados Unidos com Canadá, no Jardim América está em obras para receber o que eu pensei ser um acalmamento de trânsito. Pelo sim ou pelo não, é e não é. A função da obra é aumentar a drenagem do solo e com isto parar os alagamentos que lá ocorrem sempre depois de qualquer chuva mais forte, um pequeno espaço verde conhecido como jardim de chuva. Com ele a distância entre as calçadas vai diminuir na esquina. A mudança da geometria da rua aumenta o ângulo de curva força os carros dobrarem bem mais devagar. Jardim de chuva vai de encontro com a técnica de trânsito básica para reduzir velocidade aplicada em todas as cidades civilizadas e que tem efeitos mais que comprovados para a segurança de todos cidadãos, principalmente pedestres e ciclistas.

Exemplos já existem espalhados pela cidade, alguns criados por puro acaso. Não muito longe dali, nas ruas Pamplona e Veneza, as esquinas foram estreitadas faz muito tempo, décadas. mas por outra razão: eram os pontos finais dos bondes, onde eles faziam a volta para retornar ao Centro. O diâmetro destas esquinas era grande, foi reduzido para uma esquina comum, transformando o local em pequenas praças. Bondes foram extintos, o que foi um crime contra a vida na cidade, mas isto é um outra história. 

Se por um lado a cidade tem urgência de aumentar sua drenagem, por outro também urge reduzir drasticamente o número de mortes no trânsito, em especial o de pedestres. Estas esquinas e ruas que estão recebendo jardins de chuva que estreitam a via são muito mais que bem vindas. 
Seria de grande valia, para não dizer inteligência, que o movimento da bicicleta mudasse seu discurso muito centrado em ciclovias e ciclofaixas e passasse a pressionar por esquinas com acalmamento de trânsito e drenagem. Não vivem falando que se deve diminuir a velocidade do trânsito? Então, aproveitem a oportunidade.

Estão fazendo esta melhoria nesta esquina de bairro chique por onde passam não muitos pedestres, mas de novo, o ponto de interesse não são os pedestres, mas o fluxo de veículos. Alameda Casa Branca e sua sequência, rua Canadá, são vias alternativas e auxiliares à av. Nove de Julho e não podem alagar ou vira um caos pior do que já é a seco. O cruzamento para os pedestres ficou melhor, mas ainda não tem a qualidade que se dá em cidades civilizadas. De novo, o número de pedestres não é grande, nem na hora de pico, mesmo assim poderiam pintar as faixas de pedestres que faltam.
Acalmamento de trânsito e jardins de chuva deveriam estar sendo aplicados por toda cidade, principalmente em cruzamentos críticos para pedestres. Como sempre a pergunta: qual é o critério adotado? De qualquer forma, que seja o primeiro de uma pandemia de acalmamentos, ou jardins de chuva, espalhados pela cidade. Pode ser no meio do quarteirão, o que vem acontecendo.
Volto ao que eu propuz como projeto cicloviário para a cidade, ao que depois eu e meu grupo, mais profissionalizado, propôs. Como primeiro passo pensar na introdução de um sistema cicloviário que beneficiasse todos, que fosse o menos segregativo possível. Ciclovia e ciclofaixa como última alternativa, onde realmente é necessário. Eu não gosto muito de ciclovia de canteiro central porque acaba impermeabilizando mais ainda a cidade. Nas demais vias, principalmente dentro de bairros, acalmamento de trânsito ou trânsito compartilhado, o que naturalmente educaria motoristas a conviver primeiro com ciclistas e por conseguinte entender e respeitar os pedestres. Segundo passo estabelecer critérios de implantação. Dinheiro público não nasce em árvore. Ciclovias e ciclofaixas custam. Terceiro passo, um passo por vez, nada de quanto mais melhor, tudo conversado e discutido com as populações locais. Quarto, o máximo de "de acordo" possível entre todas as partes. "Vocês têm que engolir" não me parece uma boa política. "Eu estou certo e você errado" também não. Fato inequívoco, temos que melhorar e muito drenagem de nossas cidades. Jardim de chuva implantado com inteligência pode resolver dois problemas numa tacada só.