terça-feira, 29 de março de 2011

Nome: D J
Cidade: São Paulo
UF: SP
Mensagem: Utilizo a bike para ir ao trabalho todos os dias da semana, às 12h30 e 22h. Sempre pedalo procurando ficar mais à direita na rua e avenidas, mas quando estou na Paulista (e outras avenidas que tem faixa exclusiva de ônibus) fico na dúvida se devo permanecer na faixa de ônibus ou se devo me deslocar e permanecer na primeira faixa dos carros, aquela mais próxima da dos ônibus.

O que recomendam?
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D
boa tarde

Sempre que possível evite pedalar em avenidas ou vias de trânsito muito intenso. Não pense a cidade como um motorista. Olhe e descubra a cidade como um ciclista.

Pedalar na av. Paulista é uma experiência diferente porque não há muita alternativa. As ruas paralelas estão muito saturadas, a calçada não deve ser usada por uma questão de respeito ao pedestre..., os ônibus
Então o que fazer? Vamos lá:
  • dependendo do horário e o sentido que se vá a Paulista é mais fácil de pedalar, mas normalmente o trânsito é muito pesado e desagradável ou ruim para o ciclista. Dependendo de sua origem e destino final é melhor descer para os jardins e voltar a subir. Pode até ser mais rápido Se seu trajeto é inteiro no topo da montanha, não há outra solução a não ser cruzar a Paulista. De qualquer forma pense se não há outro trajeto que não seja o mesmo do carro, um vício comum entre ciclistas.
  • dependendo do sentido você acompanha o trânsito com mais facilidade. Do Paraíso para a Consolação é uma leve descida e é mais fácil ir com o trânsito, mais fácil acelerar, portanto menos conflituoso. No sentido contrário, Consolação - Paraíso, o negócio é usar as pernas.
  • onde pedalar, na faixa do ônibus ou fora? Há uma regra que diz que o motorista vai ser gentil na primeira vez que te ultrapassa; na segunda ele já não vai ser muito gentil, e na terceira ele já começa a ficar (ou está) bravo. Enfim, em qualquer situação nunca fique disputando espaço com um motorista de ônibus. Se for inevitável ir no trajeto dos ônibus vai deixando eles passar. Se você tratar bem o motorista ele irá tratar bem você.
  • Voltando á Paulista: Se o trânsito estiver pesado vai fora da faixa do ônibus. Se estiver mais espaçado, solto e rápido, vai dentro.
  • não pedale muito encostado à direita. Em algumas situações é muito mais seguro você mostrar para o motorista qual é seu pedaço de rua. Se você encostar demais no meio fio ou a direita vai sinalizar para os motoristas passarem. Se você está mais ou menos na velocidade do trânsito faça o carro ficar atrás.
  • sempre sinalize seus movimentos com a mão direita. Comunique-se que sua vida de ciclista será muito melhor.


Repito: sempre que possível evite avenidas ou convívio com veículos grandes: ônibus, caminhões, vans...

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br

Números do setor industrial da bicicleta no Brasil

Nome: S
Cidade: Guarulhos
UF: SP
Mensagem: Bom dia,

Estou pesquisando informações sobre bicicletas, peças, empresas enfim tudo que possa envolver bicicletas e sempre que coloco algum assunto aparece o site de vocês então gostaria de pedir um grande favor informações atualizadas sobre o mercado brasileiro de bicicletas.

Estou fazendo um trabalho na faculdade e gostaria de saber maiores informações como por exemplo a posição do Brasil no Ranking mundial, maiores montadoras de bicicletas e sua posição no mercado brasileiro, quantidade de produção anual em 2010 e previsão para 2011, porcentagem de mercado que as grandes montadoras tem, quem são os maiores produtores de peças, quadros, acessórios para bicicletas, enfim tudo que estiver disponível.

Não sei se vocês tem essas informações, caso não tenham e tiverem como me informar onde posso encontrar agradeço, já mandei e-mail para ABRADIBI, ABRACICLO, IPB, mas ninguém me respondeu, por isso pensei que talvez vocês pudessem me ajudar.

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S
bom dia

Entre em contato com http://www.guiacyclomagazine.com.br/index.asp e com http://www.revistabicycle.com.br/ . Eles são os mais atualizados do mercado

O que posso dizer é que o Brasil é um dos maiores produtores de bicicleta do mundo, entre os 5, e mesmo assim não é "global player". A razão principal é a qualidade de nosso produto que é muito baixa. Infelizmente não há uma política nacional para o setor, coisa que venho pedindo há décadas sem resposta. A estruturação da industria da bicicleta é fator crucial para que a bicicleta venha a fazer parte de fato do sistema de transporte sustentável que todos sonhamos. Com baixa qualidade continuaremos com os números vergonhosos que temos hoje: calcula-se que pelo menos 35% das mortes com ciclistas são causadas por falha mecânica da bicicleta. Isto sem falar no alto índice de trocas de peças, portanto lixo, portanto danos ambientais causados pela bicicleta. Bicicleta, como está no Brasil, é um veículo poluidor. Triste

Eu não tenho números atualizados, só faço uma noção da situação.

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br

bicicleta andando para o lado

Nome: E S
Cidade: Curitiba
UF: PR
Mensagem: Minha bicicleta tá puxando o guidão para a direita, tanto quase parada quanto andando.
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E
bom dia

Desculpe a demora na resposta.
Há uma forma de ver se a bicicleta está desalinhada. Olhe a bicicleta por cima, com os dois tubos do triangulo dianteiro alinhados, como numa mira. Se uma das rodas estiver fora da mira, com um lado aparecendo mais que o outro, é porque ela está fora do alinhamento. Se o alinhamento estiver perfeito você só vai enxergar o pneu.
Mesmo com esta técnica siga estes procedimentos abaixo:
  1. Verifique também se a centragem das duas rodas está bem feita. Uma roda alinhada fora do centro do cubo deixa a bicicleta andando de lado. Para saber como está o alinhamento inverta a posição da roda no quadro e no garfo. O normal é que invertendo a roda os espaço entre pneu e quadro ou garfo se mantenha igual dos dois lados. Se a roda estiver fora de centro a diferença vai passar de um lado para o outro
  2. rodas colocadas desalinhadas no quadro e garfo é outra razão para a bicicleta andar torta.
  3. garfo desalinhado costuma ser a razão principal. E pelo que você diz parece ser o problema. Se for o caso verifique se não há nenhuma trinca ou amassado. Se houver troque o garfo por um novo. Se for um garfo simples, barato, troque por novo de melhor qualidade. A quebra de um garfo causa um acidente gravíssimo
Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br


segunda-feira, 28 de março de 2011

entrevista - O futuro da bicicleta no Brasil

- O uso de bicicletas como meio de transporte vem crescendo ou decrescendo no Brasil? Quais fatores vêm determinando essa tendência?
Por razões estranhas à nossa vontade e aos interesses do país o IBGE não vem levantando questão das bicicletas no Brasil, mesmo assim os números relativos a vendas de bicicletas e acessórios e os disponíveis em várias cidades mostra que o número de ciclistas está crescendo, principalmente em cidades onde o transporte de massa vem apresentando uma piora na qualidade do serviço, preço alto, falta de pontualidade e ou lentidão. Com relação ao aumento de interesse da classe média pela bicicleta não só para lazer, mas também no seu uso como modo de transporte, a razão principal são os congestionamentos a cada dia mais intensos e a busca da recuperação da qualidade de vida, em constante degradação.

- Como as bicicletas poderiam ajudar a resolver problemas de mobilidade urbana? 
De várias formas. Quando se olha com atenção e interesse os números produzidos pelo uso intensivo da bicicleta em qualquer cidade, em qualquer parte do mundo, fica claro que pedalar causa mudanças não só na vida do ciclista, como também na comunidade por onde ela transita, principalmente no interno dos bairros.
Bicicleta é coisa de país rico, social e economicamente equilibrado, com os melhores índices de IDH do planeta, com as melhores cidades para se viver. Países Baixos e Nórdicos há muito têm a bicicleta como política de estado porque conhecem bem os benefícios que a bicicleta traz. Bicicleta ajuda muito na transformação social e urbana.
No caso de localidades de baixo IDH e mesmo onde a pobreza impera, a bicicleta oferece ao individuo liberdade de mobilidade pessoal, de trabalho, para os estudos, para compras...
Bicicleta usa pouco espaço público, que hoje é escasso, se move numa escala humana, fortalece os vínculos sociais; fortalece o comércio de bairro, o que gera empregos; diminui a violência; melhora o relacionamento familiar, o rendimento escolar dos filhos, o rendimento dos pais no trabalho... Em bairros mais abastados a bicicleta serve para acalmar o trânsito, portanto humanizar, o que melhora muito a condição para pedestres, pessoas com deficiência, crianças, idosos, enfim, para todos (dados Comunidade Européia; ASCOBIKE - bicicletário CPTM Mauá, SP)

- A indústria automobilística vem comemorando recordes em cima de recordes de vendas. Como estimular o uso de bicicletas nesse cenário que parece estimular apenas a venda de carros?
Que Brasil novo se vai construir com estes recordes de vendas da indústria automobilística? A indústria automobilística está dando tiros no pé e não se dá conta. A bicicleta não precisa de estímulo para crescer porque o erro crasso da política desta última década, com seu populismo voltado à venda de carros, está rapidamente transformando a vida do próprio motorista um tormento. Não houve e não há uma política voltada ao transporte de massa, a organização da função de cada modo de transporte, das mobilidades. Holanda tem um alto percentual de veículos por habitante, mas a questão das mobilidades está bem equacionada. O mesmo em qualquer cidade ou país onde a população sabe o que é uma cidade e porque e para que serve cada transporte.  
O que está acontecendo aqui em São Paulo é sintomático. Cada dia mais e mais ciclistas saem às ruas até porque descobriram que carro parado em congestionamento não atropela. Em horário de pico a eficiência da bicicleta chega a ser assustadora quando comparada a do carro. A velocidade de um ciclista médio é de 17km/h, independente do trânsito. Num carro ninguém mais sabe se vai demorar 5 ou 50 minutos numa viagem.

- Oferecer equipamentos como ciclovias é o primeiro passo para estimular o uso de bicicletas para meio de transporte? O que mais é necessário?
Ciclovias não necessariamente são seguras para o ciclista. Ciclovias, quando mal projetadas causam acidentes, o que é muito mais comum que se possa imaginar. É difícil sair números a respeito porque normalmente a ciclovia é desejo político e o conceito ainda é muito bem visto pela população em geral.
O que é necessário é muito mais que uma ciclovia. Antes de qualquer coisa é necessário inteligência no olhar para a cidade, entender o que acontece com neutralidade e respeito por todos, ciclistas, motoristas, motociclistas, principalmente pedestres e pessoas com deficiência. É preciso conhecer a bicicleta em si, o ciclista médio, a massa de ciclistas da demanda reprimida; o meio da bicicleta, sua realidade, o serviço que ao ciclista é oferecido; as distorções, as causas destas. É necessário não ter uma visão obtusa e entender que o ciclista está inserido num todo, urbano e humano. Não se pode pender para um lado, o que é fato freqüente. Não se pode fazer projeto de prancheta. Não se pode ter medo de inovar, de arriscar, de buscar soluções, de contrariar, de sonhar com um futuro melhor. Um sistema cicloviário, que é a forma de se colocar a questão da bicicleta em qualquer cidade, tem que incluir toda e qualquer técnica que ajude na melhora do conforto, segurança e prazer do ciclista, de forma a refletir na melhora da qualidade de vida de todos.

sábado, 26 de março de 2011

A matéria na Veja SP e as aulas para quem nunca pedalou

bom dia

Agradeço o contato. Desculpe pela demora na resposta.
Tenho como princípio atender meus alunos individualmente, com calma necessária e só considerar o processo realizado quando o próprio aluno se sente livre para pedalar com segurança. Independente da idade e histórico todos saíram pedalando. Por favor, não comprem bicicleta antes de saber pedalar. Tenho a bicicleta apropriada para o aprendizado. No final do processo o aluno vai testar mais de uma bicicleta para ai sim saber qual o modelo apropriado para o uso que fará.
Normalmente o aluno está pedalando com segurança em 3 aulas. A primeira aula é longa, em torno de 2h,30m, porque sentamos para uma conversa e só depois vamos para a aula prática. As demais demoram um pouco mais de 1 hora. A base do trabalho está em  controlar o medo e a ansiedade do aluno. O preço é por aula.
A matéria da Veja São Paulo, que eu imaginei que fosse citar outros nomes, fez o número de pedidos para as aulas crescer muito além do esperado. Por esta razão decidi estabelecer uma lista de espera que respeitará a ordem das mensagens recebidas via site. 
Antes da matéria da Veja já estava treinando um professor para atender as demandas então existentes. O nosso site, Escola de Bicicleta tem uma página, “aprender a pedalar” - http://www.escoladebicicleta.com.br/souiniciante.html que fornece todos passos que normalmente sigo. Estas explicações tem ajudado várias pessoas a conseguir pedalar só.
Agradeceria desde já saber qual a disponibilidade de horário para ter aulas para que possa tentar atender a todos. Por favor, peço aos que não tenham fornecido idade e altura que respondam esta com os dados.

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br

quinta-feira, 17 de março de 2011

entrevista - Subject: ENC: Pesquisa - Origem & Destino

Fala Arturo,

Aí vai o questionário:

1) Quais são os locais que você considera mais importante que recebam mais investimentos cicloviários? É onde já se concentram os deslocamentos ou em locais onde pretende incentivá-los? Por favor, nomeie algumas regiões ou avenidas que você considera prioritária.
É óbvio que onde tem mais ciclista circulando deve ser prioritário, mas não só. Há os pontos ou localidades mais perigosas que tem que ser corrigidos. Tem muitas respostas. Talvez a mais correta seria respeitar as prioridades, que não são as dos técnicos de trânsito, mas dos ciclistas e pedestres.
O que se pretende com a bicicleta? Esta é a pergunta que se deve fazer quando se pensa numa cidade? Para que você vai usar os deslocamentos em bicicleta, o ciclista, a utilização dos espaços das vias e locais públicos? Que cidade você quer? Há outra forma de pensar a bicicleta.
De que forma você quer implantar? Vai ser uma coisa para satisfazer desejos políticos pessoais ou projeto de futuro para todos? É briga interna ou resposta a desejos de uma população ciclista que não tem cultura para saber o que realmente quer ou o que funciona? Enfim...., a resposta é um pouco longa e depende de vários fatores. O cidadão brasileiro perdeu a noção do que é uma cidade, do que é qualidade de vida, do que é respeito - até por si próprio. O que é prioritário então?
A apresentação que fiz na camara dos vereadores mostra um pouco sobre o que penso. Dá para fazer diferente e com custos muito menores

2) O que é mais importante num primeiro momento? Investimento em infraestrutura cicloviária ou em educação de trânsito/sinalização?
Educação e controle da qualidade da bicicleta. Não existe educação, apesar de ser lei (CTB). A qualidade da bicicleta brasileira é péssima e calcula-se que 35% das mortes tiveram como causa falah mecância da bicicleta. Se fala de ciclovia, mas não se fala sobre o veículo bicicleta. É piada! Educação e bicicleta de qualidade: feito isto você faz cair vertiginosamente o número de acidentes. Cada dia mais acho que ciclovias e outros podem ser dispensáveis. Sinalização faz muita diferença. E fiscalização, que hoje é praticamente toda voltada para critérios que sei lá quais são (talvez fluidez do trânsito), mas seguramente não são o de evitar acidentes e mortes.
E há um investimento que deve ser feito imediatamente, que é explicar para todas os meios de comunicação o que é uma bicicleta, um ciclista, um sistema cicloviário, uma cidade. Vai ser duro explicar o que é uma cidade, fazer o pessoal entender que tem vida, pedestres, deficientes, crianças, idosos.... e bicicleta, esta coisa da moda, tão atual....

3) No caso da infraestrutura, o foco deve ser, na sua opinião, em ciclovias, ciclofaixas ou paraciclos?
Se vai fazer tem que fazer tudo. Não dá para continuar pensando que as coisas podem ser feitas aos pedaços, por partes. Isto é ridículo. Incluo ai a questão completa das mobilidades, ou seja, a inclusão de pedestres (para evitar conflitos), pessoas com deficiencia fisica e de mobiloidade, e outros não motorizados. O que deve ser feito é um sistema cicloviário completo, começando na circulação dos automóveis, passando pelo ciclista, e terminando numa requalificação da cidade para todos, não só o ciclista.

4) A pesquisa Origem e Destino 2007 apontou que, das 310 mil viagens diárias que envolvem bicicletas, apenas 6 mil são combinadas com outro modal (trem, metrô, ônibus, etc). O que você sugere para aumentar essa porcentagem?
Eu espero que esta porcentagem não aumente sem que se faça um trabalho para organizar o processo. Já estamos a beira de ter um novo tipo de "mortoboys", que são os ciclistas acidentados. É incrível o número de histórias sobre ciclistas acidentados. Ou bicicleta é um suicídio, o que deve ser em todas as partes do mundo, ou está acontecendo algo muito errado aqui. Eu acredito que tenha algo muito errado aqui. Não sei... só um palpite politicamente incorreto. Aumentar esta porcentagem de forma completamente caótica pode ser indesejado para todos. Talvez não para quem insiste em negar a existência da bicicleta.

5) Apenas 4% dos deslocamentos por bicicleta tem como motivo o "lazer". Já trabalho e estudos concentram 83%. Como aumentar o número de pessoas que utilizam a bicicleta em seus momentos de folga?
São Paulo tem 1 milhão de ciclistas circulando pela cidade num domingo ensolarado, segundo a ABRACICLO - pesquisa Caloi. A Secretaria de Esporte Mun. SP diz que este número é 700 mil. Do que estamos falando? Grandes cidades? Como é no Rio? Todas cidades? Como é feita esta contagem? A quem interessa contar transporte e lazer? Qual o viés político e econômico destas contagens? O IBGE tem números que todos nós desconhecemos?

6) 78% dos deslocamentos diários de bike são realizados em menos de 30 minutos - ou seja, dizem respeito a trajetos curtos. É assim que deveria ser? Ou devemos incentivar deslocamentos também mais longos de bicicleta? Se sim, como fazê-lo?
É assim. Bicicleta é usada para distâncias mais curtas porque o povo é inteligente e sabe fazer suas escolhas. Bicicleta é fantástica no interno de bairro ou em locais tranquilos. Quando o ciclista vai longe é porque o sistema de transporte de massa e o trânsito está muito ruim e vale a pena pedalar mais de 30 minutos. Provavelmente as distâncias percorridas pelos ciclistas devem aumentar porque as cidades estão parando e vale a pena ir de bicicleta. Hoje, com a velocidade média do trânsito de São Paulo por volta dos 17 km/h, e mais baixo na hora de pico, a bicicleta é de uma eficiência incrível, até mesmo para distâncias muito longas para ela, como 20 km. Um bom ciclista faz uns 19km/h de média, um ciclista calmo faz 15km/h; o que é mais rápido que de automóvel.

7) Quase metade das viagens (49%) e realizada por pessoas entre 23 e 39 anos. Como aumentar o uso da bicicleta por pessoas de outras faixas etárias?
Com bicicletas próprias para o público alvo. A bicicleta geralmente é de baixíssima qualidade, grande e com perfil esportivo - tipo moutain bike. Com um monte de marchas e um selim que é um desastre. Os pneus murcham rapidamente. Não há estrutura para pedalar. Os ciclistas novos são agressivos. Aliás, geralmente não há respeito pelos mais velhos. E o idoso tem medo de se quebrar. Como mudar? Qualidade! Parando de brincar de Ciclo Faixa de Domingo, por exemplo, que é boa para uma faixa da população, mas um belíssimo cala boca para a maioria dos problemas reais.

8) Quase 91% desses deslocamentos é feito por homens. É possível aumentar a quantidade de mulheres que usam a bicicleta como meio de transporte? Se sim, como?
O Brasil não fabrica, nem vende, bicicletas próprias para a mulher brasileira média. Só há poucos modelos femininos tamanho 17, que é grande para a maioria. Não há modelos tamanho 15 e 16 com frente curta. Não tem acessórios próprios. O selim... só é bom para as que estão trancadas nas teias da aranha.... Mas a questão da bicicleta no Brasil está mudando principalmente por causa das mulheres. Interessante. E talvez respondo a uma das perguntas acima: quer fazer um plano cicloviário que dê certo? Faz pensando nas mulheres ciclistas e seus filhos pequenos. Isto realmente faz diferença

9) O principal lugar de guarda da bicicleta é privado: 61%. Quão perigoso é parar a bicicleta na rua? Há poucos bicicletários ou paraciclos públicos para parar a bicicleta? Como aumentar esse número?
Violência é um senhor problema não só para o ciclista. O Brasil tem índices tenebrosos de violência e estes índices não são confiáveis, provavelmente são menores que a realidade. Perder a bicicleta é o de menos, mas o psico-social do fato é um fator muito pesado e distorcido.
Se a maioria descobrisse que a possibilidade de ser assaltado numa bicicleta pode ser menor que a pé e principalmente de carro... Tem que saber usar. O problema de roubo no Brasil é muitíssimo menor que nas principais capitais da Europa e Estados Unidos. Amsterdã (Holanda no geral) e NY são um horror.
Qualquer local para estacionar bicicletas tem que ser bem posicionado. Bicicletário funciona bem, mas só quando bem implantado. Demanda um bom espaço e guarda, portanto é caro e tem dificuldades de funcionamento.

É isso. Não precisa ser muito extenso nas respostas - inclusive, quanto mais sucinto, melhor. Vamos fechar a matéria amanhã à noite, tudo bem?

ciclista não respeita a lei

Nome: A C de P
Idade: 64
Cidade: São Paulo
Mensagem: Prezados , bom dia.
É notória a versatilidade da bicicleta como meio de transporte e lazer porém , solicito a colaboração de vocês em divulgar aos usuários de bicicleta o respeito às leis de trânsito , não passando o semáforo quando vermelho, não trafegar na contra-mão e dirigir de forma perigosa quando nas calçadas.Já observei alguns acidentes causados por ciclistas trafegando conforme os exemplos e , o pior de todos , foi devido a ultrapassagem de um semáforo vermelho.
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A C
bom dia

A Escola de Bicicleta sempre teve uma posição legalista. Uma boa lida no site e verá que citamos várias vezes a necessidade ao respeito ao CTB, além de disponibilizá-lo para impressão numa versão reduzida para ciclistas. Consideramos que ciclistas, como qualquer outro cidadão, só irá construir um país de fato com base às leis, o que poucos fazem.
Temos também uma preocupação muito grande com relação aos acidentes e lutamos como podemos para diminuir os números (35 mil mortos trânsito / ano - número oficial; provavelmente 100 mil , segundo Carlos Paiva e outros, contados os que morrem no hospital) absolutamente vergonhosos. Mais que preocupação, agimos. Parte do que hoje está no CTB saiu destas mãos (dentre outras leis)
A questão do desrespeito do ciclista em relação aos pedestres é inaceitável e ao mesmo tempo muito difícil de resolver, já que a sociedade não se preocupa em dar de fato espaço para quem pedala.
Concordo plenamente com sua reclamação e digo que talvez o melhor caminho seja agir reclamando via jornais, CET e prefeitura. De fato é necessário ação- o que falta por parte das autoridades. Ciclistas e pedestres são simplesmente relegados a um plano menor ou inexistente em razão da boa fluidez dos automóveis. (750 pedestres mortos / ano em São Paulo; 8 funcionários da CET para cuidar de 11 milhões de pedestres e 34% da população que se movimenta única e exclusivamente a pé no Município).

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br
 

segunda-feira, 14 de março de 2011

calçadas ruins e pedalar no posto de gasolina

Nome: I C
Idade: 35
UF: RJ
Mensagem: O dono de um posto de gasolina pode proibir a circulação de bicicletas? Costumo dar algumas voltas com as crianças por acreditar ser um lugar seguro... A pouco tempo recebi o recado por um dos seguranças. Não questionei, apenas lamentei e sai..... Como devo proceder?

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I
bom dia

Um posto de gasolina é uma propriedade particular e isto dá o direito de proibir a circulação. Esta é a resposta baseada na lei.
A outra questão é relativa a segurança: você usa o espaço do posto quando ele está fechado? Com o posto aberto provavelmente há de fato um problema de segurança para a circulação de crianças em bicicleta. Eu não recomendo crianças circulando num posto de gasolina até pela questão dos gases nocívos do próprio local, dentre outros problemas. O chão pode ser liso, não haver obstáculos, mas não é local ideal para qualquer prática de laser, esporte ou mesmo permanência, em qualquer faixa etária.
O fato é que tenho praticamente 3 décadas trabalhando com ciclistas e segurança no trânsito e confesso que sua pergunta é completamente inusitada. Eu gostaria muito entender melhor o que acontece. Peço que escreva novamente e me dê mais detalhes. Tenho muito interesse.
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Entendi perfeitamente... No momento fiquei decepcionada, pois no meu bairro (subúrbio) a maioria das calçadas está em péssimo estado... e estava realmente aproveitando o piso liso e espaço amplo. Mas depois de sua resposta posso refletir melhor sobre os perigos do posto em funcionamento.
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I.
Faço parte de um grupo que trabalha para mudar as cidades e fazê-la ser mais humana, mais voltada para a vida. Não conheço o subúrbio do Rio (e tenho muita curiosidade), mas conheço bem a periferia de São Paulo, que tem um grande problema com as calçadas e locais para as crianças ficarem livres.
Onde você mora? Estou copiando nossas mensagens um amigo do Rio que faz um ótimo trabalho sobre bicicletas. Vamos ver se podemos dar alguma dica para você levar seus filhos.

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br

Que bici uso para fazer 3.850km de cicloturismo?

Nome: M
Idade: 42
UF: MG
Mensagem: Estou decidida em alcançar boca do acre AMAZONAS até junho. Nunca fiz cicloturismo. Qual a bike melhorzinha que posso compra por R$ 700,00? Não vou ter muito tempo de treino e  minha bike de alumínio precisa trocar várias peças, o que sai caro. O que é mais indicado para vencer estes 3850 km em uns 60 dias de pedal? Estou achando os alforjes muito caros. Onde posso encontrar mais em conta?
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M
bom dia

O ponto mais importante numa viagem destas é que a bicicleta seja própria para sua altura e corpo. Uma coisa é dar umas voltinhas com uma bicicleta inadequada para o corpo, outra completamente diferente é fazer uma longa viagem pedalando uma bicicleta errada, na qual você fique pendurada ou encolhida. Sentir-se cômoda numa situação destas é crucial. Do contrário vão acontecer dores, talvez até lesões.
O segundo ponto deve ser a qualidade da bicicleta. Dá para fazer muita distância sem quebrar nada ou até sem ter furos de pneu? Dá, e só depende da qualidade da bicicleta. E não adianta sair para estrada com pneus e câmaras de segunda linha porque vai esvaziar com mais freqüência, mais vazios a bicicleta roda pior, fura mais, fica menos estável... Bicicletas baratas vem com estes pneus. E se for trocar os pneus e câmaras vai dinheiro, então o que é barato começa a custar caro...
Por R$ 700,00 você praticamente não terá opção de tamanho e a qualidade da bicicleta não será a apropriada. Dá para ir longe? Dá, mas a possibilidade de ter dor de cabeça pelo caminho vai ser maior, bem maior. Se você chegar a uns R$ 1.000,00, ou um pouquinho mais, tem mais opções e irá para estrada com um equipamento muito mais confiável.

Para poder ajudá-la preciso de parâmetros. Dá uma lida na página "que bicicleta comprar" - http://www.escoladebicicleta.com.br/comprar.html e veja qual o tamanho ideal de bicicleta para você. Pelo tipo de viagem que fará aqui no Brasil a bicicleta tem que ser uma com aro 26, típico de mountain bike, e de preferência básica, ou a manutenção será mais complicada. Nada de freio a disco, suspensão traseira e outras novidades

Recomendo a leitura da página "cicloturismo" - http://www.escoladebicicleta.com.br/cicloturismo.html  e também de algumas outras,como a "mecânica de bicicletas", "emergências", ....
Recomendo também entrar em contato com http://www.clubedecicloturismo.com.br/

Escreva peço menos dando sua altura e até quanto consegue pagar.

Faça a viagem. É uma experiência simplesmente maravilhosa

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br