sábado, 27 de novembro de 2010

bicicleta com sidecar para cadeirante

Nome: J
Idade:

Em Amsterdam vi bicicletas em que a mãe pedala levando os filhos e bebes em um carrinho acoplado do lado da bicicleta, também com rodinhas. Existe alguma bicicleta parecida no qual a pessoa deficiente possa me acompanhar?  Existe bicicletas adaptadas para semi-tetraplérgico na qual ele não precise mover nem as mãos, nem os pés.

Obrigada
-----------------------------------------------------------------
J
bom dia

Parabéns pela iniciativa.

Quem faz bicicletas especiais aqui em São Paulo é a Drean Bike - http://www.dreambike.com.br/ .

A cadeira lateral, como fosse um "side car" (procure por "bicycle side car"), eu recomendo caso a cadeira esteja posicionada no lado direito da bicicleta, para o cadeirante ficar um pouco mais protegido do trânsito. O perigo é o trânsito só enxergar a ciclista e não ver o cadeirante.

Vi há muito tempo uma bicicleta, ou uma adaptação, na qual a cadeira de rodas vira a frente da bicicleta, ou seja, você solta a roda dianteira e trava num adaptador que é instalado na traseira da cadeira de rodas. Quando acoplados a cadeira e a bicicleta acaba virando um triciclo, com as duas rodas da cadeira de rodas na frente e uma bicicleta na parte de trás. Só precisa tomar cuidado e pedalar devagar porque o sistema de freio, pelo menos na adaptação que vi, só funcionava na roda de trás. De qualquer forma esta foi a melhor solução que já vi para casos como o seu.


Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

quantos ciclistas e cicloturistas no Brasil

Nome: P
Idade: 24
Mensagem: Os Srs. teriam alguma estimativa do número de ciclistas e/ou cicloturistas no Brasil?
Obrigada.
-----------------------------------------------------------------
P., boa tarde

Tristemente o IBGE mais uma vez não contou o número de bicicletas existentes no país, o que é uma infeliz prova do posicionamento político desde governo federal, que tem na criação seu centro de universo o sindicalismo automobilístico. O jeito é seguir com as estimativas, o que é realmente uma pena num país onde se sabe que bicicleta ainda deve ser o veículo mais usado pela população de baixa renda e que nesta faixa social tem uma importância crucial. Este pessoal que se despede e se diz socialista deveria conhecer o ditado tão ligado à bicicleta: "Ao socialismo se vai de bicicleta". Mas vamos lá ao que você pede:

Estimam que há no Brasil algo em torno de 60 milhões de bicicletas e 45 milhões de usuários/dia. Estes números foram montados cruzando números de vendas de bicicletas, durabilidade da bicicleta, e número de troca de peças, como coroas e pneus. Acredita-se que não esteja longe da realidade, mas com números do IBGE teríamos número preciso e tão necessário.

Quanto a cicloturistas é mais difícil dizer. Pode-se dizer que haja dois tipos de cicloturistas: o sofisticado, aquele que vai para uma viagem mais longa, de vários dias de duração, que é realizada com uma bicicleta mais sofisticada, bagageiro, alforjes e todas outras tralhas; e o ciclista de poucas posses que sai para uma aventura de fim de semana, o que é bem comum, e que forma o grupo maior de cicloturistas. Aliás, provavelmente muitos deles sequer sabem o que significa a palavra cicloturista. Enfim, seria preciso antes definir como é entendida a palavra cicloturista parta ver o seu alcance. Uma coisa assino em baixo: há um potencial muito grande no Brasil porque a semente já germinou.
Estou pensando aqui um fator possível para fazer o calculo e imagino que esteja lá pelo 1:10.000 os que fizeram algum tipo de cicloturismo, mas qual o fator para calcular isto em base a um ano não consigo nem imaginar

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br

bicicletas rodagem 28 e conforto


Nome: a
Idade: 62
Mensagem: Qual o motivo por que nos dias atuais, os fabricantes não produzem bicicletas com aro de 28 polegadas? Apesar do ajuste de selim para pessoas com mais de 1,80m de altura sentíamos maior conforto e mais adaptado a uma bicicleta 28".
----------------------------------------------------------------
A.;
bom dia

Você tem toda razão, as bicicletas aro 28 eram divinas de pedalar, mas creio que nem na Europa se ainda se encontre bicicletas com esta rodagem.

Então vamos lá na resposta, por partes:

Um dos grandes avanços trazido pela indústria da bicicleta foi uniformizar a produção, o que começou pelos tamanhos das rodas; isto antes de 1900. Antes desta uniformização a roda da bicicleta, que então era  os velocípedes ("boneshaker") (http://www.tallbike.com/tall/index.html), aquelas bicicletas de roda grande dianteira com pedivela e pedais no eixo desta roda, o tamanho da roda era definido pelo comprimento da perna do ciclista, o que obrigava os fabricantes a ter uma linha produção muito complexa, com inúmeros tamanhos de aros, pneus, raios, pernas de garfo, e outros mais. A criação da bicicleta de segurança, que é o desenho de bicicleta comum que temos hoje, com duas rodas de mesmo tamanho, proporcionou a uniformização dos tubos de perna de garfo e do triângulo de traseira nos quadros, o que facilitou muito o processo produtivo e reduziu os custos, portanto preço final. Mesmo assim até o advento e sucesso do mountain bike, na década 80, havia um monte de medidas de rodagem, todas com diâmetros mais ou menos parecidos. A maior delas era a 28, que oferecia um rodar maravilhoso. Bom esta é a história das rodagens. Há também a história dos tamanhos de bicicleta.

Até mais ou menos a década de 70 o tamanho da bicicleta mudava junto com tamanho da roda: 20, 22, 24, 26, 28. A bicicleta tamanho 20 era uma cópia da bicicleta 28. A bicicleta do pai era a referência para o resto da família: o filho menor ia de 20, o maior de 24, e a mãe de 26, por assim dizer. Com o mountain bike muda tudo e a rodagem passa a ser uma única, a 26, tipicamente americana, e o que muda é o tamanho e geometria do quadro, que é o que temos hoje. Hoje o quadro é desenhado pensando na ergonomia do corpo que irá usá-lo. Em termos de produção é muito mais simples e sensato, diminui muito os custos, e o resultado final para o ciclista que compra a bicicleta correta é muito bom. A partir desta mesma época, anos 80, o padrão europeu vai padronizando sua rodagem para o 700, ou seja 700 milímetros de altura com um determinado pneu, o 36 se não me falha a memória. Este diâmetro é o mesmo que o da rodagem 26 com pneu 2.2; portanto o tamanho dos tubos foram mais padronizados ainda e as medidas exóticas e próximas sumiram do mercado. Esta situação toda também tem muito a ver com o início da fabricação em massa de bicicletas no Japão, Taiwan e China.

Ironia do destino é que hoje estão redescobrindo as rodas grandes, como a 28, que agora é 29, um pouco maior que a que você pedalou. O resultado na dirigibilidade é surpreendente, a bicicleta fica muito macia, passa por todos buracos e irregularidades com uma facilidade impressionante. Mas, assim como nas rodas 26 ou 700, as novas 29 tem diversos tamanhos de quadro, de pequenos até os que são próprios para quem tem 2,00m de altura ou um pouco mais (encontráveis principalmente no mercado americano e europeu). É lógico que ainda existem as rodagens menores direcionadas para crianças ou para bicicletas dobráveis.

Temos um pouco mais no portal “história da bicicleta” - http://www.escoladebicicleta.com.br/historia.html

Eu tenho 1,83m e aqui no Brasil são fabricados uns poucos modelos tamanho 21 que servem para nós, altos, todos com rodas 26. Quem é mais alto que a gente é que sofre para encontrar uma 22. Se é uma pena perder as maravilhosas clássicas 28, hoje em dia temos modelos e tamanhos muito específicos para cada ciclista, o que não havia no passado.

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

trocar corrente e cassete juntos?

Nome: R
Idade: 29
Mensagem:
Devo ter rodado uns 2.500 km e nunca troquei a corrente, que está um pouco enferrujada. O mecânico disse que para trocar a corrente é necessário trocar o cassete também, se não a corrente ia ficar pulando. É necessário mesmo? Vou viajar
-----------------------------------------------------------------
R
bom dia

Se com esta pouca quilometragem a relação já foi para o espaço é por que era de péssima qualidade, mesmo você tendo sido descuidado no lubrificar sua corrente.
A durabilidade de uma corrente depende da qualidade técnica e força do ciclista (além da lubrificação correta - http://www.escoladebicicleta.com.br/mecanicapratica6.html#co ). Um ciclista suave com a bicicleta e sua própria musculatura vai fazer a corrente durar muito.

Troque primeiro a corrente. Mesmo que esteja pulando um pouco em alguma marcha, o que geralmente acontece nas engrenagens menores, pedale durante uns dias com a corrente nova e veja se ela "casa" com a relação, o que é muito comum acontecer. Só se não casar depois de uns bons dias é que será necessário trocar a relação. "Casou" pode viajar tranqüilo. Aliás, você irá viajar tranqüilo. Rode bem com a bicicleta antes de sair para a viagem
Muitos mecânicos seguem o estrito da recomendação dos fabricantes, que é trocar corrente junto com o sistema. É bom para o bolso deles, mas péssimo para o nosso e pior ainda para o meio ambiente. Meu posicionamento político é usar até o final da vida útil e só quando realmente for necessário descartar.

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br

sábado, 13 de novembro de 2010

preço da bicicleta e custo montagem

Nome: L
Idade: 16

Mensagem: Gostaria de saber porque uma bike é mais cara que outra? (uma com desenho clássico outra com quadro tipo “moderno”)
Experimentei e me senti muito confortável nas duas (dei umas voltas dentro da loja). A montagem  disseram que cobram. Está correto?

-----------------------------------------------------------------
Eu prefiro as bicicletas com desenho clássico. A fabricação do outro quadro, mais cheio de detalhes, é mais caro, e isto é feito para causar impacto no comprador. Bicicletas com quadro clássico, o que se costuma chamar de quadro diamante, ou também quadro de dois triângulos, são os melhores e mais resistentes.

Há uma série de fatores que influenciam o preço de uma bicicleta, principalmente a questão da qualidade. Quanto melhor a qualidade mais cara é. Mas há outros fatores que também influenciam no preço, como por exemplo suspensão ou sistema de marchas ou outros detalhes. Uma bicicleta com suspensão é mais cara que uma que não tenha, mas em bicicletas muito baratas um garfo de suspensão pode ser só uma isca de venda, uma enganação, porque suspensão muito barata não costuma funcionar bem ou literalmente não funcionar. No caso do passador de marchas a questão é outra: o fabricante diminui os custos montando a bicicleta com um passador genérico. O da Shimano ou Sram fará que o preço final da bicicleta fique mais caro. E ai vem a questão da concorrência, porque o fabricante tem que ver o que está no mercado e colocar produto com preço que seja compatível ou ele não consegue vender.

Então fica mais ou menos assim: primeiro critério para formar o preço é saber o que o público quer e quanto paga por um determinado produto. Olhar o que a concorrência tem no mercado e ver até onde você, fabricante, pode ir com a qualidade do produto para estar dentro da faixa de preço para conseguir vender sua bicicleta.

No final de contas se pode dizer que o preço de uma bicicleta ou de qualquer produto é quanto o público paga pela qualidade que ele, público, quer receber. Como aqui no Brasil o povo ainda (e vergonhosamente) não está preocupado com a qualidade técnica da bicicleta ele muitas vezes paga pela aparência.

Mas há muita gente que prefere pagar pela aparência e acredita que isto seja uma qualidade. Dai uns o desenho de alguns quadros estranhos. O peessoal acha bonito e paga.

Só precisa ver se o tamanho da bicicleta é próprio para você. Dê uma olhada na tabela de medidas http://www.escoladebicicleta.com.br/comprar.html#medidas 

Nós recomendamos que a bicicleta seja comprada numa bicicletaria de onde ela já sairá montada e ajustada para você, sem custos. A empresa citada é correta, mas só compre com eles caso entreguem a bicicleta montada e ajustada. Também não sei qual é a política da empresa, se eles cobram ou não a montagem.

Arturo Alcorta
Escola de Bicicleta
www.escoladebicicleta.com.br